domingo, 24 de janeiro de 2016

Ser Avó





Gosto de ouvir o teu sorriso simples
De pura magia
Gosto de brincar contigo
Fazer de burrinho ou cavalinho
Dançar com teus braços nos meus
Rir e saltar na cadeira onde nos sentamos
Cada um tem sua perna, são dois
E os vídeos, em que rimos até chorar
Com coisas por inventar
Jogas tu, joga ele, e tu fazes birra
- Chega-te para lá, mano
- Não, esta perna é a minha
E as pernas afinal são as minhas

Barafustam, brigam e arreliam-se
De seguida abraçam-se e beijam-se
Com ternura e muito amor
- Isto é meu, quero isso
- Não. Isto é meu, avó!
E lá vou com falinhas mansas
Convencer que os dois têm razão
E assim acabar a discussão

Gosto de brincar contigo, e contigo
Meus amores puros e verdadeiros
Na vossa simplicidade
São a minha felicidade!

Maria Antonieta Oliveira
24-01-2016



quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

Glosando Florbela Espanca




Mote:
Meu amor, meu Amado, vê… repara:
Pousa os teus lindos olhos de oiro em mim,
- Dos meus beijos de amor Deus fez-me avara
Para nunca os contares até ao fim.



Meu amor, meu Amado, vê… repara:
Como meu coração bate por ti
E a lágrima que corre em minha cara
Pelo tanto amor, que já sofri.

Acorda meu amor, olha em teu redor
Pousa os teus lindos olhos de oiro em mim
Sente em meu corpo o seu calor
E abraça-me num abraço sem fim.

Cobre-me de beijos, em campo de seara
Cede o teu corpo ao corpo meu
Dos meus beijos de amor Deus fez-me avara
Sonho em mim, sentir o amor teu

Quero soltar gargalhadas de desejo
Sentir a felicidade dentro de mim
Quero meus segredos em teus segredos
Para nunca os contares até ao fim.

Maria Antonieta Oliveira
21-01-2016







terça-feira, 19 de janeiro de 2016

O Tempo Que Passa





O tempo passa sem que o sinta
No telhado do sítio além
A chuva penetra o espírito
Endurecido pela velocidade do tempo
O tempo, esse tempo veloz
Que trai apartando sentires
Amores vividos que partem
Amores sentidos que regressam
E o tempo que passa.

Na vidraça estilhaçada pelo vento
Entre brumas de nuvens passantes
Folhas esvoaçam no espaço
Do espaço que separa e une
Neste tempo que passa e foge
Fugindo nas vielas da vida
Entre escarpas geladas e frias
Inóspitas sem gentes viventes
E o tempo passa passando.

E o tempo passa sem que o sinta
Porque o tempo sem tempo
Passa veloz e sem tino
Este tempo que é tempo de viver!

Maria Antonieta Oliveira
19-01-2016


Vida Por Viver





Quero sair por aí gritando o desalinho da alma
Alma que se encontra e desencontra
Nos caminhos do meu mundo
Mundo onde existo sozinha esquecida
Esquecida de viver, sorrir, saltar e brincar
Pelos campos do meu trilho
Trilho que piso a cada escalada vencida ou perdida
Perdida no sol da calçada humedecida
Pelas lágrimas saídas de mim
Por mim paridas no olhar vazio e triste
Triste na nostalgia de uma noite sem luar
Sem estrelas, sem brilho no mar
Mar que purifica a mente e agita as ondas na praia
Praia dos meus dias felizes no areal
Em que sinto a pureza dos pés deslizantes
Deslizam suavemente, pé ante pé
Pé que pisa o sofrimento dos dias e anos
Desenganos, traições e abandonos
Abandonos da vida que não vivi
Vivi sem viver uma história diferente
Que não tem nada a ver com a vida da gente.

Gente que passou na vida sem viver
Viver essa vida com gente feliz
Criança, adolescente, mulher
Vida sem vida, vivida com vida
Nos desígnios da vida partilhada
Assumida e retalhada
Pela vida que constrói e destrói
Os destinos prementes da gente
Que vive a vida sem viver!

Maria Antonieta Oliveira
19-01-2016

sábado, 16 de janeiro de 2016

Contas do Meu Rosário






Dedilhando os dias
Nas contas de um rosário
Penso nos dias em que sofri, sem ti
No tempo que me privou de te ter
Nos momentos tristes passados a só
Só comigo, contigo em mim

Cada conta
É um minuto passado, do passado
Em que tu não estavas, estando
Em que reconheço os erros
Em que sinto os desânimos da vida
E os sonhos por sonhar

Dez contas passadas
Dedilhadas com a amargura dos sentimentos
Dos momentos de solidão de nós
Perdidos na ingratidão da vida
Que nos separou unindo-nos
E nos uniu no novo amanhecer

Mais dez e dez, rezadas em paz
Mais dez e dez esperanças de outro amanhã
Onde a oração e a prece prevaleça
E a felicidade nos enobreça
Que jamais nos separemos
E juntos até ao fim continuemos.

Cada dia passado
É uma conta do rosário dedilhada
Na fé, na esperança, na paz.

Maria Antonieta Oliveira
16-01-2016

sábado, 9 de janeiro de 2016

Ninfa






Na penumbra da noite
Contei-te em segredo
Os meus desamores
Disseste baixinho:
- Querida acorda, estás no meu ninho
Aqui és feliz, em meus braços estás
Nossa cama de penas alvas
E lençóis de linho puro
É nosso abrigo, de amor escondido
Onde nos amamos em segredo
Aqui repousamos de almas cansadas
Aqui nos esquecemos de mágoas passadas
Aqui nos deleitamos com amores conseguidos

Envolta em teu corpo, acordei
E em teu corpo desnudo, sonhei
Sonhei ter-te sempre e só meu
Nossos corpos alados cavalgando
Num mundo imaginário
Onde fossemos um só corpo em amor
Em êxtase e sintonia de prazeres
Envoltos na bruma do vento
Levados nas ondas dos mares sem fim
Um só, só um
Num trago de mar em rebelião
Seria a mais linda ninfa aparecida
Na praia esquecida da tua mão

No leito do teu rio
Descanso, tua!

Maria Antonieta Oliveira
08-01-2016



quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

Confesso





Será que amar é pecado?!

Se amar é pecado
Eu, pecadora me confesso!

Confesso que te amo demais
Amo-te para além do imaginário
Para além do admissível
Amo-te para além do que o coração permite
E a mente consente
Amo-te sem fogo que arde
Mas com fogo ardente e calor intenso
Com beijos suados e corpos transpirados
Amo-te para além do mundo em que vivo
Para além do que alguém já amou
Para além do sol que aquece a terra
E dá vida aos seres nascentes

Confesso!
Confesso que te amo demais!
E,
Se amar é pecado
Eu, pecadora me confesso!

Maria Antonieta Oliveira
06-01-2016




sábado, 2 de janeiro de 2016

Sonhos





Perco-me nas linhas do teu corpo
Suave, macio, perfumado e amado por mim
Meus dedos ciosos de prazer
Desnudam cada pétala de ti
Ergues a voz ao som do medo
Acalento prazeres infindos
Em ti, nesse corpo desnudado por mim

Arraso desejos sentidos
Sento-me no calor do teu ser
E amo o amor que te sinto
Quebro o gelo das noites frias
Em que não estavas em mim
Aqueço os sonhos em ti
E adormeço nos lençóis floridos da lua

Sonho em sonhos que sou tua!

Maria Antonieta Oliveira
02-01-2016

Abracei o Sol





Abracei os raios do sol
E olhei a lua ausente
Senti-te em mim presente
E sonhei com a felicidade

Sorrio às ondas do mar passante
Nos ventos trazidos de além
Nas areias que se movem para mim
Trazendo a minha felicidade sem fim
Revoltas as fragas do mar
Levam e trazem amores
Os meus, os teus, os nossos
Vagas que vagueiam nos ventos
Das marés dos mares agrestes
Sorrisos gritantes de pedras soltas
Nas colinas do raiar do sol
Da lua adormecida na vida
De mim, de ti, de nós

Abraço-te num abraço eterno
Com olhares de sois brilhantes
E estrelas incandescentes
Nos rios dos caminhos das vestes
Das gentes passantes deambulando
Pelos mundos, dos mundos sem fim
Pelos mares dos mares sem fundo
Pelos ventos dos ventos sem tempo
Por nós, por ti e por mim
Nos lugares em que sentimos o amor
No coração, no corpo, na alma.

Eu, tu, nós!

Maria Antonieta Oliveira
02-01-2016


sexta-feira, 1 de janeiro de 2016

Hoje Não Vou Chorar








Hoje não queria chorar!

Não!
Hoje não queria sentir a face molhada
Não queria sentir o sal na minha boca sequiosa
Queria sentir os meus olhos sorrindo
Meus sentimentos fluindo sem dor
Queria abraçar o mundo
Sorrindo de felicidade
Sentir paz no coração
Sentir amor ao meu redor
E, não queria chorar!

Não!
Hoje não queria saborear o amargo da vida
Queria gritar bem alto, que sou feliz
Mas as lágrimas teimam em se soltar
Deslizam suaves e atrevidas sem pedir licença
As faces molhadas estão tristes
Angustiada pela vida de solidão
Que assola meus dias de sempre
A tristeza dos dias sem dias e sem horas
E eu, não queria chorar!

Não!
Hoje queria sorrir ao novo ano
Queria sentir paz, amor e felicidade
Queria ter esperança, fé e harmonia
Queria rir e saltar de alegria
Queria tanta coisa impossível
Ou possível, não sei bem
Queria voar nas asas do vento
E gritar ao mundo
Hoje não vou chorar1

Não!
Hoje não vou mais chorar
Vou limpar as lágrimas teimosas
Secá-las com o lenço da paz
Pôr um sorriso no rosto
Baton de brilho intenso
Rimel preto nos olhos
E abrir as mãos ao calor do sol
Sonhando com a lua cheia
Porque hoje não vou chorar1

Não!
Hoje não vou chorar!

Maria Antonieta Oliveira
01-01-2016