sábado, 25 de fevereiro de 2017

Dança do Vento





Corpos unidos no dançar do vento
Inebriados em desalento
Soltam gemidos num som misterioso
Lançam sorrisos em tom jocoso
Na madrugada do amanhecer sombrio
Deleitam-se nas águas tórridas do rio
Aqui e além gaivotas esvoaçam
Olhares se cruzam, corpos se abraçam.
No dançar do vento
Deixo livre o pensamento.

Maria Antonieta Oliveira
25-02-2017




quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

Gotas de Chuva







Caminho ao invés das ondas do mar
A corrente leva-me para o abismo
Caio e levanto-me para de novo cair
Não quero mais continuar assim
Não quero mais esta vida ruim
Perco-me nos sonhos desfeitos
A vida atraiçoa-me o pensamento
Acordo e adormeço e tudo continua igual
As mesmas mágoas me assolam
As mesmas lágrimas molham a minha face
Rolam, quais gotas de chuva na noite escura.

Maria Antonieta Oliveira
23-02-2017




segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

Pensei











Já é tarde?!
Ainda é cedo?!
Depende do ponto de vista.
NUNCA É TARDE DEMAIS!


Pensei em fazer um poema
mas as palavras ficaram retidas no pensamento
Pensei enviar uma mensagem
mas isso é banal demais
Pensei telefonar
mas isso é pouco original.
Pensei estar num areal contigo ouvindo o marulhar das ondas
mas isso é apenas um sonho
Pensei olhar-te do nascer ao pôr-do-sol
mas isso não passa da ilusão.
Pensei… sonhei…
Talvez num outro amanhecer
Não sonhe
Não pense
Realize!

Maria Antonieta Oliveira
20-02-2017


sábado, 18 de fevereiro de 2017

Sonho de Amantes







No areal que acolhe o meu corpo já cansado
Da sofreguidão de te amar e me doar
Sinto o arfar vindo do teu coração quente
E o teu corpo suado entrelaçado no meu.
Pétalas orvalhadas em marés vivas
Ladeiam nossos corpos mutilados
Aniquilados de sentires e medos
Cansados de desejos incontidos
E perfumam de odores silenciosos
O sonho dos amantes renegados.

Maria Antonieta Oliveira
18-02-2017


terça-feira, 14 de fevereiro de 2017

Dádiva





És a gota de água
na aridez do deserto onde caminho
A luz da estrela que me guia
A seara que alimenta o meu corpo
O lenitivo que alivia a minha alma
A dádiva de Deus na minha vida!

Maria Antonieta Oliveira
14-02-2017

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017

O Teu Nome





Soletro o teu nome
Em poemas que não escrevo
De A a Z tu estás
A do amor que sinto
Z do zumbir ao meu ouvido
O teu nome, meu amor.

Maria Antonieta Oliveira
13-02-2017





Castrada












"Matar o sonho é matarmos-nos. É mutilar a nossa alma. O sonho é o que temos de realmente nosso, de impenetravelmente e inexpugnavelmente nosso."
Fernando Pessoa


Mataram os meus sonhos quando nasci
Nem me deram oportunidade de sonhar.

Fui castrada inocente e débil
Castrada para a vida de menina
Castrada para a vida de adolescente
Castrada para a vida de mulher
Castrada para a vida de profissional
Castrada para tudo o que quero e amo
Castrada para os sonhos que sonhei
Castrada para o dia-a-dia que vivo
Fui castrada de tudo e em tudo.

Mataram os meus sonhos quando nasci
Nem me deram oportunidade de sonhar!

Maria Antonieta Oliveira
13-02-2017





domingo, 12 de fevereiro de 2017

Sequiosa






Sequiosa de desejos incontidos
Na mente depravada de suspiros
Quero beijar esses lábios que amo
E abraçar esse corpo só meu
Devassa-lo entre mãos conspurcadas
Sentir-te, sentindo o teu arfar no meu
Semicerrar os olhos desnudados
E envolver-te num abraço profundo
Neste sonho infindo de realidade.

Maria Antonieta Oliveira
12-02-2017



Perguntaste-me







Perguntaste-me um dia:
- de onde me conheces, Maria?
Respondi-te com fulgor
- da vida, meu amor.


Maria Antonieta Oliveira
12-02-2017






Simulei






Simulei um sorriso
ao cair de uma lágrima
Simulei um bocejo
para ocultar um grito
Simulei um abraço
para esconder a tristeza
Simulei que vivia
numa vida sem vida.
Simulei… simulei…
Sorri… caminhei…
E nunca me encontrei.

Maria Antonieta Oliveira
11-02-2017




sexta-feira, 10 de fevereiro de 2017

Regresso







Adormeci em teus braços
Aninhada nas nuvens de algodão
Que me trazias em noites de paixão
Sonhei contigo em alvos lençóis
Nas margens do amanhecer distante
E voei nas asas adormecidas da vida
Nas encruzilhadas já traçadas
Sofri, chorei, amei, sorri, até cantei
Mas não vivi os teus sonhos.

Ancorada na margem do rio
Sentada repousando na proa do navio
Olho a lua brilhante em nós
Parto e fico, fico e parto
No sal dos meus olhos sou feliz
Ouço alguém que me chama de amor
Corro em seu alcance e me perco de novo
Traída pelos sons ocos dos sonhos
Regresso ao mundo da vida.

Maria Antonieta Oliveira
10-02-2017

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017

Sombra de Mim





Na sombra de mim
Vivo para ti.

Caminho dois passos adiante
Na sombra das luzes do madrugar
Revejo-me nas águas que correm
Soltas e límpidas pela manhã
Uma sombra de mim
Do que já fui e ficou em ti.

Agarro-me à luz da lua
Na esperança de sair do esconderijo
Aquele em que me encontro retida
De mim, da vida, de nós
Na sombra do ontem apetecido
Num amanhã por acordar.

Na sombra de mim
Vivo para ti.

Maria Antonieta Oliveira
08-02-2017




domingo, 5 de fevereiro de 2017

Definição








Quero encontrar palavras que me definam
escorregam-me entre os dedos.

Por entre fios de prata ressaltam meus cabelos
Os olhos pisados pelo sal da vida
Os lábios já cansados de nada dizerem
O corpo ressoa nos passos pisados pelo tempo
E eu caminho e luto e vivo e sonho.

Olho o espelho na procura de mim
Daquel’outra empertigada e escorreita
Elegante de olhar verdejante e atrevido
De malícia encoberta de poderes
Que caminhava, lutava, vivia e sonhava.

Rebusco o vocabulário d’outrora
Numa imagem já perdida no firmamento
que o tempo do vento e do mar, levou
Qual sonhos que não passaram de sonhos
Entre brumas espessas e agrestes.

Quero encontrar palavras que me definam
escorregam-me entre os dedos.

Maria Antonieta Oliveira
05-02-2017
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