segunda-feira, 4 de novembro de 2024

Filha da Lua


 

 

 

Sou filha da lua

Nasci bem lá no alto

Um dia, veio uma cegonha

E trouxe-me em seu bico

Para os braços de minha mãe

 

Sou filha da lua

E como ela, sou aluada

Uns dias sorrio por tudo

Outros, choro por nada

 

Sou filha da lua

E da cegonha que me trouxe

Sou filha da minha mãe querida

E do meu pai muito amado

 

Sou filha da lua

Sou filha da paz de Deus

Sou filha do amor

E para ela, os versos meus.

 

Maria A. B. A. Oliveira

04-11-2024

 

sábado, 19 de outubro de 2024

Acto Consumado


 

 

É fresca a água que corre da fonte

Leve e pura, como a pureza dos teus beijos

A seda da tua saia voa como andorinha feliz

É vistosa e atrevida a tua saia de seda

Tua blusa entumecida de bicos salientes

Desnuda os teus sentimentos, desnuda-te

Queria entrar na tua saia e sentir o seu voar

Deslizar nessas pernas delgadas mas belas

Sentir teu respirar arfante ofegante

Desejos beijos carícias sonhos

Sinto a humidade do teu covil

Meu também, por amor

Dás-ma, e sinto que a blusa já não existe

És minha, sou teu, somos um só

Num amor de saia de seda e blusa atrevida.

Há quantos anos, amor!?

Há quantos anos te desejo assim!

Talvez um dia, quem sabe?!

 

Maria Antonieta B. A. Oliveira

19-10-2024

 

 

 

 

Saindo


 

Saber sair com delicadeza:

 

Não dizer mal de quem fica

Não contar os segredos ouvidos

Não se achar melhor que ninguém

Não olhar de lado, sempre de frente

Não recordar os maus momentos

Não esquecer tudo o que de bom aconteceu

Não ser egoísta nem hipócrita

Não ser infiel à sua fidelidade

Não deixar morrer o que viveu

Não deixar de amar quem amou

Não esquecer quem a amou.

Não vou em bajulamentos

Não vou em selecções, serei selectiva.

 

 

Assim sairei deste pequeno / grande meio onde vivi desde 2009

Continuo a ser eu mesma, simples, humilde e honesta.

Irei sem obrigação, apenas onde me apetecer e puder.

Colaborarei também apenas no que eu quiser.

Celebrarei sozinha as minhas vitórias, sem palmas fingidas

Com orgulho por ser eu, e ser como sou, e o que sou.

Não me seduzirei por prémios comprados, serei eu a ofertar-mos.

 

Maria Antonieta Bastos Alentado Oliveira

18 de outubro de 2024

 

 

domingo, 13 de outubro de 2024

A Nossa Viagem


 

 

Disseste-me um dia
“já tenho alguém a quem amar”

Eu digo-te, meu querido

Já tenho alguém  com quem conversar     

 

Histórias de antanho

O tio já as conhece

Aos vizinhos não as conto

Conto a ti, porque me apetece

 

Há tanto e outro tanto

Para te poder contar

Mas quando à Vidigueira formos

Tudo te vou revelar.

 

Vamos pedir a quem manda a chuva

Que nos mande bonitos dias

Para o quarteto dos Oliveiras

Irem conhecer e relembrar

O que os nossos viveram

Em anos, meses e dias.

 

Meu querido sobrinho

Já estou com a viagem sonhando

Faz as malas, embala tudo

E num repente iremos caminhando.

 

Beijinhos meu querido sobrinho

13-10-2024

 

domingo, 15 de setembro de 2024

Batom Escorrido


 

Gravei o teu nome

No espelho do meu quarto

A batom vermelho

Quero vê-lo logo ao acordar

Para sentir a  tua presença  ausente

Para de imediato pensar em nós

No amor que existe para além de tudo

Para além de todos, nós

Sempre nós unidos num só amor

 

O batom esborratou

Escorreu pelo espelho

Já não o leio ao acordar

Mas sinto-te a meu lado

Não preciso do espelho

Muito menos do batom

Pois os beijos serão de amor.

 

Maria Antonieta B. A. Oliveira

15-09-2024


 

sexta-feira, 30 de agosto de 2024

Calçada Portuguesa


 

 

 

Diz a história que a calçada Portuguesa

É uma arte centenária

É pedra, engenho e arte

Não se vê em qualquer parte

Lisboa, talvez seja primária

Nesta mostra dos calceteiros

De joelho no chão e martelo na mão

De uma pedra bicuda e fria

Fazem dela, um belo coração

Com orgulho

Com engenho

Com arte

De um chão árido e feio     

Sai uma caravela, uma flor, uma estrela

Tudo o que as mãos imaginarem e a mente lhe ditar.

Homens que embelezam

Aquilo que nós pisamos sem olhar.


E, Portugal tem a honra

Desta arte ser seu património

 

E, fica na história que

A calçada Portuguesa

É Património Mundial!


 Maria Antonieta B. A. Oliveira (Avozita)

30-08-2024

 

 

 

 

 

 

quinta-feira, 22 de agosto de 2024

Sonho Belo

 

Hoje, subi ao céu

Não havia degraus,

Nem cordas ou elevador

Havia um caminho de luz

Que me levou à Paz do Senhor.

 

De mansinho toquei um ponto do céu

Era macio e morno

Frio e escarpo

Era estranho

Muito estranho

Mas sedutor

O azul era mesmo azul

Provei o dedo com que lhe toquei

Era adocicado e amargo ao mesmo tempo

Seria o inferno naquele espaço?!

Tanta dúvida que surgiu!

 

Resolvi regressar

Sem escada com degraus

Sem cordas ou elevador

Como descer, meu Deus?1

Salvai-me Senhor!

 

Acordei sorrindo

Que sonho belo e lindo!

 

Maria Antonieta B. Alentado Oliveira

22-08-2024

 

 

 

 

 

 

segunda-feira, 19 de agosto de 2024

Se Eu Fosse Rouxinol


 

 

 

Se eu fosse um rouxinol

E soubesse voar

Ia no caminho do sol

Em busca de um lugar

Emoldurava algumas fotografias

Numa tela em forma de coração

Para cada uma fazia um poema

Que ficasse para a posteridade

Depois, voltaria à nossa praia

Buscando os búzios escondidos

Ensinava-lhes o som de um fado

Em que o amor fosse o tema

E  nesse eterno lema

Naquele lugar sagrado

Ficaria eternizado

Nosso amor

Nosso fado!

 

Ah! Se eu fosse um rouxinol!

 

Maria Antonieta B. Alentado Oliveira

19-08-2024

terça-feira, 13 de agosto de 2024

Eu


 

 

 

Numa balança de dois pratos

Tentei pesar o que sinto

Perda, dor, sofrimento, eu

Sim, perdi todo o meu ser

Já não sou quem era

Já nem a minha assinatura faço

Tudo perdi, apenas num instante

O andar, a fala, os movimentos, tudo…

Aos poucos tenho recuperado

Mas falta tanto e o tempo já é pouco

Escasseia o tempo e aumenta a tristeza

O desespero, o desânimo, a alegria

Há bem piores que eu, claro que há

Mas… eu sou… eu era… eu

Agora, uma amostra de mim povoa e voa

Num desesperante voar de incertezas

Como será amanhã? Existirá?

E eu o que serei? Como estarei?

O que farei?

Ainda conseguirei ser eu?!

 Ou, serei arvore carcomida!...


No outro prato da balança, ficou a dor....

 

Maria Antonieta B. A. Oliveira

13-08-2024

quarta-feira, 31 de julho de 2024

Sou Luz


 

 

Eu sou luz

A luz do sol que me alumia

Ou da almotolia que me faz ver claro

Sou luz da luz que ligo ao anoitecer

Sou a luz do inferno que arde em mim

E me quer levar para longe

Quero partir deste mundo

Quero encontrar a felicidade eterna

A luz de um dia de verão que reluz

Reluz em mim e dá-me alegria

Quero sair desta monotonia

Deste dia a dia sempre igual

Quero… quero…

Quero nem sei o quê

Na realidade

Não quero nada disto

Quero viver e ser feliz

E agora encontrei o caminho

Da paz, do amor, da felicidade

E, sou a luz que sempre desejei ser!

 

Maria Antonieta B. A. Oliveira

31-07-2024

 

quarta-feira, 24 de julho de 2024

Segredos

 

Ouviste-me

Sem me ouvir

Falámos

Sem falar

Desabafei

Desabafando

Aconselhaste-me

E ouvi-te

Quero conseguir

Quero seguir o que me disseste

Quero aproveitar o tempo

O meu tempo

Quero finalmente encontrar

Tudo o que perdi à nascença.

OBRIGADA  AMIGA

 

Maria Antonieta B. A. Oliveira

24-07-2024

 

 

Gatinho Atrevido


 

Vi um gato solitário

Espreitando por uma janela entreaberta       

Olhos castanhos escuros, vivos, atrevidos

Lembrei-me dos teus castanhos não leais

O malandro do gato mal me apanhou distraída

Entrou pela janela e correu para a cozinha

Até parecia já conhecer a casa

O  pior, o pior para mim, foi o meu almoço

O peixinho fresquinho pronto a grelhar

Foi ao estomago do gato maroto, parar

Ele assustado, enrouscou.se a um canto

Parecia um menino a tremer, cheio de medo

Devagarinho, aproximei-me, encolheu-se

Decerto pensou que lhe ia bater

Falei-lhe de mansinho, ele ronronou

E atá parecia querer beijar-me de gratidão

Eu fiz  lhe uma festinha de mansinho

O pelo era tão liso, macio e tão quentinho

Encostei a minha face à dele

Pareceu que me queria beijar para agradecer

Tão belo manjar.

Hesitei entre o mandar embora

Ou deixar a janela aberta e dar-lha a escolha

 

Adormeci a sonhar com aqueles olhos castanhos

Meiguinhos e carinhosos

Acordei e de imediato fui à cozinha

A janela continuava aberta

Mas do gatinho nada vi

Deixou vazio meu coração

A solidão voltou àquele rés do chão


Maria Antonieta B. A. Oliveira

24-07-2024

 

domingo, 21 de julho de 2024

O Meu Karma



Fui bebé

Fui menina criança

Moldada, submissa

Criada no espaço que o espaço tinha

 

Levei tareias por tudo e por nada

Em casa, na rua, sozinha ou acompanhada

Isso era o de menos, era assim

 

Fui amada, muito amada

Fui beijada, muito beijada

Era a menina de “pata d’ouro"

A menina de prata e a menina de ouro

Como sua mãe lhe chamava

Era a sua menina que tinha de ser protegida

Exageradamente protegida,,,

 

Fui adolescente e nada mudou

 Apenas o espaço que melhorou

Fui vigiada e perseguida

Nunca tive  o meu lugar

O meu espaço, a minha privacidade

Tive colegas que ainda recordo

Que me avisavam da presença escondida

Enfim, era assim,,,

 

Casei, sou mãe e sou avó de dois lindos príncipes, um homem e uma adolescente, maravilhosos os dois, mas… ausentes…

 

Vim ao mundo, tal como todos nós, com um destino, o meu foi este ser submissa, passar vergonhas, ser tolerante em demasia, ser incompreendida, ser sempre a má da fita, mesmo quando na maioria das vezes não o era. 

Revoltada interiormente em vez de me revoltar para fora, gritar para que todos ouvissem: EU EXISTO E TENHO VONTADE PRÓPRIA!

O meu KARMA foi OBEDECER sem reclamar!

O sorriso disfarça as lágrimas de uma mulher sofrida!

 

Maria Antonieta B. A. Oliveira

21-07-2024

 

 

sábado, 20 de julho de 2024

Tumba


 

 

 

Amanhã fui apanhar o sol da meia noite

Fugi do cemitério sozinha

Agora estou só, ninguém sabe de mim

No caixão ficaste tu, à espera da mão

A mão que te acaricia e abraça

A mão que te ama e massaja

A mão que beijas com amor

O nosso eterno amor

Mas eu fugi, a terra estava húmida

Das lágrimas choradas pelos que ficaram

Poucos, muito poucos

Mas, ainda alguns

Já não choram, só levam flores

De ano a ano, uma vez apenas

Será que ainda vão voltar?

E eu, o que faço aqui sem ti

Espera, amor, vou já

Já estamos de novo quentinhos e de mão dada

Como sempre estivemos ao adormecer.

Maria Antonieta B A: Oliveira

19-07-2024

 

 

 

sexta-feira, 19 de julho de 2024

Será o Nosso Fim



 

 

Percorri os teus sonhos poéticos

Eróticos e nauseabundos

li-os um a um

comi-os e vomitei-os

 de tão horrendos os senti

erma vulcânicos

eram saídos de um bruxa

a vassoura e a pá varreu-os

e o vento Suão levou-os

devia tê-los guardado

talvez um dia, quem sabe

os lesses

e sentistes o meu sentir

de morte

a morte

sentir que o fim está aqui

aqui mesmo ao virara a esquina´

ficarias a saber tudo

tudo de tudo

sem que eu to dissesse

tu és inteligente

sim, és

mas vais a seguir

a lista não espera 

e a espera não tem tempo

o fim é o fim

e sempre haverá um fim

para tudo

para mim e para ti

e no fim

estaremos juntos e de mão na mão

como quando adormecemos

unidos numa mala de madeira

fechados para sempre!

Maria Antonieta B. A. Oliveira

19-07-2024

sexta-feira, 12 de julho de 2024

Eternamente Nós


 

 

Olho o teu rosto, bem perto do meu

E vi uma rosa vermelha, a flor do amor

Cresceu, como se fosse bem tratada

O teu olhar, eram dois sóis

Que caminhavam comigo

Como nós de mão na mão

O teu corpo esguio, como o meu

Levitava na brancura alva da nuvem

Passinhos de lã, devagarinho

Com medo de escorregarmos e nos perdermos

Com a outra mão acariciávamos o rosto um do outro

Suavemente, ternurentamente, levemente

 

A nuvem transforma-se numa pomba branca

De asas soltas ao vento, grandes com muita pena se libertando

A cada pena que voava nossa alma se libertava

Tudo em nós se transformava, menos o nosso amor

Porque esse, é indissolúvel

Eternamente NÓS!

 

Maria Antonieta B. Alentado Oliveira

12-07-2024

 

 

 

 

 

Não Sou Poeta


 

 

 

Vi o olho da poesia

Olhava-me com indiferença

Mas de soslaio, parecia recear-me

Disfarçava a diferença entre a indiferença

 

Ela olhou-me veementemente

Eu, retribuí aquele olhar estranho

Possivelmente já nos tínhamos encontrado

Quem sabe um dia, nas palavras de livro qualquer

Ou até, de um porta afamado

 

Palavras daquelas que não sei escrever

Com rima, com métrica, com regras

Tantas sílabas para aqui, mais tantas outras para ali

Não, não sei escrever poesia

Porque não sou poeta!

 

Maria Antonieta B. Alentado Oliveira

12-07-2024

 

domingo, 9 de junho de 2024

Pedras Não


 

 

Pai, traz mais pedras

Mais granizo, pedras brancas

Cubos que irás partir

E farás lindas flores

Simples quadrados pequenos

Ou até bonitos corações

 

Traz mais pedras, pai

Essas não chegam

Quero com elas matar

Todos os que me fizeram mal

Uns sem querer, outros, porque sim

Quero finalmente ser livre de tanta maldade

 

Quero dar os corações que fizeste

A quem me amou e a quem amei

Com as flores ornamentarei as nossas fotos

Fomos sempre poucos e assim continuamos

Mas sempre nos amámos e amamos

As fotos são fruto da nossa vida

A d’outrora e a de agora

As outras, apenas ficarão para acender a fogueira

Ou talvez, uma lareira

Já não terão qualquer interesse.

 

Pai, já não quero mais pedras

Se eu mandasse, queria-te a ti

Queria a mãe e o seu colo sem gritos

Queria o vosso amor por inteiro

Pedras não, pai

Flores, corações

E muito amor!

 

Maria Antonieta Bastos Alentado

09-06-2024