quinta-feira, 30 de agosto de 2018

Sou Silêncio





Sou silêncio
Num espaço aberto
Onde encantam os pássaros
Sou canção calada
Pela voz de quem não sabe cantar
Sou rio sem água
Levada para o mar profundo
Sou fonte seca
Sem lágrimas para chorar
Sou esqueleto andante
Caminho errante
Navio naufragado
Rochedo encalhado
Sou frio, vazio
Noite sem luz
Vela apagada
Sou vento Norte
Caminho sem sorte.

Sou silêncio
Num espaço aberto.

Maria Antonieta Oliveira
30-08-2018

sexta-feira, 24 de agosto de 2018

Seiva Brotando





Seiva que brota
De um pasto sedento
Ávido da pureza da água
Que o alimenta
Pegajoso, pecaminoso
Seiva melada, arrojada
Conspurcada
De sabores pestilentos
E odores nefastos

Seiva brotando
Na vida deslizando.

Maria Antonieta Oliveira
23-08-2018

quinta-feira, 23 de agosto de 2018

Coração Apertado






Sinto o coração apertado
Num sentir descompassado
Pulsando sem modo nem jeito
Bem dentro, do meu peito destroçado
Sinto-o partido, perdido, ferido
Batendo sem tempo nem hora
Vivendo o ontem, agora
E a minha alma chora, traída
Na vida, da outra vida
Que não vivi.

Maria Antonieta Oliveira
23-08-2018

Infiltrada





Infiltrada
Passei a fronteira da liberdade
Senti saudade
Magoada
Ultrapassei sorrisos de lágrimas salgadas
Chorei.

No escasso tempo
Do tempo que me falta
Quero viver
Para lá da fronteira da saudade
Infiltrada
Em liberdade

Maria Antonieta Oliveira
23-08-2018

Num Jardim Qualquer





Num jardim qualquer
Onde a vida morou
Existem pássaros vadios
Que o vento do mar, trouxe
E, há nuvens de sal
Pousadas na cúpula de uma flor
E, há vidas desfeitas
Na bravura do mar
E, há ondas de espuma
Onde os sonhos se perdem

Num jardim qualquer
Onde a vida morou
Morou o meu coração.

Maria Antonieta Oliveira
23-08-2018


quinta-feira, 16 de agosto de 2018

Não Partas





Parte!
Leva contigo a saudade
O amor e os beijos
Deixa-os comigo
Para que os saborei
Nos meus lábios
Ansiosos de sonhar

Leva a saudade contigo
Mas, não partas
Fica comigo
Para que os meus lábios
Sintam o calor dos teus
Nos beijos de amor
Só nossos.

Não partas, amor!

Mara Antonieta Oliveira
16-08-2018

Noite





Mais uma noite
Adormece o dia
Em que não te vi
Segredos só meus
Que a escuridão esconde
E esquece

A noite
Continua adormecida

No meu rosto
A lágrima caída
Já secou
Na almofada, molhada
Adormeci
Cansada
De tanto esperar por ti.

E a noite
Acordou, por fim.

Maria Antonieta Oliveira
16-08-2018

terça-feira, 14 de agosto de 2018

Falhou






Desliza o meu coração
Pela rua da saudade
Tropeça na tua foto
Escorrega de mansinho
E segue outro caminho
Esbarro no muro da felicidade
Do chão, ergo-me à vida
Que me falhou
No dia em que o sol não mais brilhou.

Desliza o meu coração.

Maria Antonieta Oliveira
14-08-2018


quinta-feira, 9 de agosto de 2018

Nudez





Olhei teu corpo nu
E senti a nudez da minha alma
Não te vi, por te ver
Vi-te, vestida de mim
Minha alma transbordou
E teu corpo desnudou-se
De novo, te vi em mim
E na tua nudez me encontrei.

Maria Antonieta Oliveira
09-08-2018

terça-feira, 7 de agosto de 2018

Sentada na Soleira da Porta





Nas noites em que a madrugava tardava
Sentada na soleira da porta
Revia-te nas águas cálidas do outono
E sonhava
Murmurando um sussurro abafado
Amava-te em silêncio
De olhos postos num recanto imaginário
De mão na mão
Naquele abraço
Beijava o teu ser, tão meu
Inebriada e feliz
Sorria encantada.

A madrugada tardava
E eu, continuava
Sentada na soleira da porta.

Maria Antonieta Oliveira
06-08-2018