Chove
lá fora
Na
rua onde nasceu a lua
Chove
lá fora
Regando
as plantas do Senhor.
Chove
lá fora
Limpando
o caminho de tréguas
E
avarezas destruídas
Embelezando
os jardins semeados
E
as flores pelo homem, plantadas.
Chove
lá fora
Acalmando
a natureza agitada
Chove
lá fora
Nesta
noite deste dia acabado.
Chove
lá fora
E
o mundo infindamente, parado.
Maria
Antonieta Oliveira
28-10-2020
Por
detrás de um olhar
Há
tanto por dizer
Esconde
a tristeza de um dia
A
alegria de um nascer
A
lágrima que teima em cair
O
sorriso envergonhado de uma criança
Ou
o sofrimento de um idoso sem lar.
Por
detrás de um olhar
Há
um mundo por decifrar.
Uma
vida por viver
Uma
mulher parindo e a sofrer
Há
um orgasmo inacabado
O
abandono de um namorado
O
acordar de um dia almejado.
Por
detrás de um olhar
Há
magia, há encanto.
Maria
Antonieta Oliveira
26-10-2020
Se
hoje fosse Natal
Pedia
ao Menino Jesus
Que
fizesse o milagre da saúde
Acabando
com o COVID
Dando
espaço à harmonia
Aos
abraços apertados
Aos
afectos partilhados.
Se
hoje fosse Natal
Pedia
ao Menino Jesus
Que
acedesse aos meus pedidos
E
fizesse todos os meninos mais felizes.
Sem
bonecos ou carrinhos
Sem
chocolates ou guloseimas
Mas
com mais amor e carinhos.
Como
hoje e sempre é Natal
Peço
ao Menino Jesus
Que
dê saúde, paz e amor ao mundo
Que
haja harmonia entre os homens.
Maria
Antonieta Oliveira
25-10-2020
Há
pessoas que entram e ficam residentes, para sempre.
Há
pessoas que nos abraçam, mesmo sem que os braços se juntem.
Há
pessoas que sem serem perfeitas, são perfeitas em tudo o que fazem
Há
pessoas que nos marcam, alentando a nossa vida.
Tu,
és uma dessas pessoas, de quem tenho uma saudade imensa.
Tu,
que és um SER humano incrível, de quem é difícil não gostar.
Tu,
sim tu, meu querido amigo Vitor Costeira.
Maria
Antonieta Oliveira
25-10-2020
Quantas
lágrimas estão por detrás dessa janela?!
Quantos
gritos e ais de sofrimento escondido?!
Até
o sol se desvanece e derretido, chora
O
mundo parou, a morte atravessou-se no caminho
Sem
rosto, sem cor, sem preconceito
Mata
e faz sofrer qualquer um, a eito
Sem
escolha, ninguém lhe escapa
Até
aqueles que escondendo o rosto
A
este morticínio, estão expostos
Os
que ficam choram sofrendo a saudade
E
o sol derrama lágrimas soltas nas nuvens
Neste
dia de outono, triste e sombrio.
Ah,
como eu queria ser milagreira
E
matar de vez este vírus traidor e mortífero.
Maria
Antonieta Oliveira
25-10-2020
Eu
sinto a dor que doi, doendo
Eu
sou a dor que sofre, sofrendo
Eu
sou o amor que ama, amando
Eu
sou aquela que vive, vivendo
A
luz do sol e do mundo
São
o meu rumo
Errando,
caminho
E
vou andando por aí
Sentindo
Sofrendo
Amando
Vivendo.
Maria
Antonieta Oliveira
17-10-2020
A
poesia
A
prosa
A
escrita
Tudo
o que são palavras
Podem
ser uma libertação
Uma
catarse
Uma
confissão inconfessada
Um
desabafo incontido
Um
amor escondido
Um
alívio, aliviando a mente
Porque
as palavras escritas
Sejam
prosa ou poesia
São
a voz de quem as escreve
Deixando
uma mensagem
Para
quem as lê, as interpretar
Cada
um as sentirá a seu modo
Fazendo
delas a sua catarse.
Maria
Antonieta Oliveira
17-10-2020
Sinto
o vento que passa
E
traz o odor do teu corpo
Sinto
o cheiro da flor
E
lembro-me do nosso jardim
Sinto-te
em tudo o que sinto
E
tu, o que sentes por mim?
Sinto
o salpico das ondas
Polvilhando
a minha face
Sinto
o cheiro do pescado
Trazido
nas barcas do mar
Sinto
o sol queimando
O
meu corpo carente de ti.
Sinto
o sabor do mel
Adocicando
o meu dia
Sinto
o calor do café quente
Que
me dá energia
Sinto
o que sinto em mim
Porque
sei o que sentes por mim.
Sinto-te,
sentindo-me!
Maria
Antonieta Oliveira
17-10-2020
Resistir
às chamas altaneiras
Ao
fogo grosseiro ameaçador
Que
tira vidas às gentes
E
moradas de vidas a fio
Resistir
às águas frustradas
Que
soltam as pedras da calçada
E
rebentam muros e destroem
Lares
cheios de nada
Resistir
à fome sem pão
Que
mata meninos e velhos
Sem
alimentos nem lar
Sem
comer, sem chão
Resistir
a tudo o que vem
Sem
perder a Fé em Deus
Tendo
confiança e esperança
Vivendo
cada dia com amor.
Maria
Antonieta Oliveira
17-10-2010
Num
pergaminho feito de silêncios
Escrevo
o final de uma história
Entre
a vida e a morte
A
renúncia e a sorte
O
sol nascente ao poente
Em
controvérsias constantes
Num
relampejo prevejo o amanhã
Sem
tréguas, caminho mil léguas
E
volto nas voltas da vida
Aos
encontros e desencontros
Aos
tempos sem tempo
E
acabo escrevendo silêncios
Num
pergaminho feito de linho.
Maria
Antonieta Oliveira
15-10-2020
Sou
radical, estouvada, livre
Cabelos
soltos, grisalhos, por escovar
Roupas
largas, desajeitadas
E
sapatilhas de lona nos pés.
Ao
acordar um duche relaxante vou tomar
Penteio
os longos cabelos, brilhantes e sedosos
Perfumo
o corpo desnudo
E
olho-me no espelho com prazer
Um
corpo perfeito, moldado
Ansioso
por ser por ti, amado
Visto-me
de seda esmeralda
A condizer com a cor dos meus olhos
Sapatos de salto alto, esguios
Volto ao espelho e acordo
Num abraço que te dou sem te ter.
Maria Antonieta Oliveira
15-10-2020
(Acróstico)
Vi-me mesmo aflita
Imaginando o que escrever
Li depois sobre o município
Horas e horas a fio
Então, decidi não molestar
Nada escrever de errado
Apenas, minha presença marcar.
Maria Antonieta Oliveira
11-10-2020
Amo-te!
Que
bom foi ver-te, meu amor
Meu
coração bateu mais forte
Apeteceu-me
poder trazer-te para aqui
Para
sentir o teu abraço
Para
beijar essa boca doce
E
olhar teus olhos bem de perto
Mas
foi bom, muito bom
Estiveste
aqui e eu estive aí
Falámos
e rimos felizes
Sabes,
amor?
Amo-te!
Maria
Antonieta Oliveira
09-10-2020
Quem és tu que me olhas sem ver?!
Sim, os teus olhos cerrados ao prazer
Não
conseguem ver a mulher que sou
Nem
o carinho que te dou ao olhar-te
Não
sabes ouvir o bater do meu coração
Quando
encostado ao teu, e pulsa de tanto te amar
Será
que sentes o que sinto ao beijar-te?!
Sabes
ler o que dizem os meus braços quando te abraçam?
Quem
és tu, afinal, se nem sequer sabes que existo?!
Sabes
amor, também não sei quem és
Pois
também eu tenho os olhos cerrados ao prazer
E
por mais que procure, não consigo encontrar o teu lindo olhar.
Pois
igual ao teu, não existe outro
E
o teu, é aquele que sempre irei amar.
Maria
Antonieta Oliveira
08-10-2020
Ocultei
de ti o meu sofrimento
Para
que tu, fosses feliz
Ocultei
dos outros a minha realidade
Para
que todos imaginassem a nossa felicidade
Até
de mim ocultei a vida
Deixa-a
passar sem a deter
Sem
ocultações, amei-te
Essa
a grande verdade do meu viver
Também
não ocultei ao mar
Ele
viu no meu olhar o sal caindo
Entre
um sorriso e um deslize
Entre
um caminho e uma estrada
A
ele, ao mar, não ocultei nada.
Ocultando
ou não, vivi e vivo
O
ontem, o hoje e viverei o amanhã
Se
acaso o amanhã existir.
Maria
Antonieta Oliveira
06-10-2020
Não
sou letrada
Junto
letras
Nem
sou doutorada
Em
linguística
Mas
sei escrever e sei ler
Não
tenho canudos
Meus
cabelos são lisos
Brancos
e sedosos
Ralos,
escasseados
Neles,
enrolo a caneta
Que
uso nas palavras que escrevo
Sem
ser letrada
Ou
doutorada
Sou,
simplesmente, EU
Que
sei escrever e ler.
Maria
Antonieta Oliveira
22-09-2020
Foste
decerto o mais belo poema que escrevi
Talvez
também tenhas sido
Aquele
que melhor li
Mas,
não soube interpretá-lo
Perdi-me
nas linhas soltas
Nos
parágrafos que não fiz
Virgulas
e pontos finais por cumprir
Enganei-me
nas palavras que usei
Reticências
a menos e a mais
Consoantes
e vogais reais
Baralhadas,
confusas, sem sentido
Nasceste
um poema invertido
Mas,
Serás
sempre o meu mais belo poema
O
mais belo e perfeito que escrevi.
Maria
Antonieta Oliveira
18-09-2020
É
tão bom ser feliz
Mesmo
que a felicidade esteja em ontem
Recordando
também se vive o momento
Também
se sente em pensamento
Se
ri, se chora, se toca ou é tocado
Ah
como é bom ser esse instante lembrado.
E
o que fica depois da lembrança?!
O
que resta desde o tempo de criança?!
Muito…
nada… e tanta coisa!
Mas,
É
tão bom ser feliz!
Maria
Antonieta Oliveira
25-09-2020
Falar
de sexualidade, de erotismo
Não,
é tabu!
Falar
de tesão, até de amor
Na
cama eu e tu
Não,
é tabu!
As
madames e as donzelas coravam
Mas,
muitas delas, ai, ai… não digo
É
tabu!
O
tempo passou, mas ainda hoje
O
tabu existe
Sim,
é triste, mas existe
Nós
mulheres ficamos na lista
Se
algum dia tentamos seguir esta pista
É
tabu!
Mas
eu, tu, tu e tu
Quebramos
as regras
Porque
o sexo, a tesão e o erotismo
Fazem
parte da vida
Não
são
Nunca
serão
Tabu!
Maria
Antonieta Oliveira
26-09-2020
Escavei
rochas embutidas na areia
Onde
enterrei os meus sonhos
Sonhos
de uma vida com muitos anos
Enterrei
bem fundo, as flores que não recebi
Os
jantares à luz da vela que não tive
Enterrei
as palavras carinhosas que não ouvi
E
o sexo prazeroso que não senti
Enterrei
tudo bem fundo
Pensei
assim ultrapassar o passado
O
que não foste para mim
A
felicidade que passou ao meu lado
Os
anos passaram e eu não vivi
Apenas
acompanhei o teu viver
Para
que não te perdesses
Perdi-me
eu no teu descontrole
Acomodei-me
ao teu viver e segui
Segui
vivendo a teu lado
Mas
fiquei perdida de mim
Olho
para trás e nem sei onde enterrei os meus sonhos
Não
sei em que rochas escondi a minha vida
Em
que areia escrevi o teu nome
Escavei,
escavei, mas já nada encontrei.
Maria
Antonieta Oliveira
30-09-2020
Quando
a inspiração me faltar
Vou
pedir ajuda ao vento
Dar-lhe-ei
a pena de pavão
Aquela
que me deste
Quando
visitámos o castelo
Foi
lá o nosso primeiro beijo
O
pavão, foi testemunha do nosso amor
Talvez
a pena levada no vento
Se
inspire e escreva
O
que ficou por viver
A
nossa linda história de amor!
Maria
Antonieta Oliveira
01-10-2020
