quinta-feira, 16 de outubro de 2025

Em Tudo Há Poesia


 

 

Há tanto poema espalhada pelas ruas

Nas pedras que pisas

Nas flores que cheiras

E naquelas que nem olhas

Nos riachos entre as verduras

Nos muros nas portas e portões

Nas janelas entreabertas

Nas cortinas floridas esvoaçando

Nas velhas arvores carcomidas pelo tempo

Nos pingos de chuva caindo do céu

Nas estrelas na lua no sol

Na areia da praia

No sal nas salinas

Nas pontes nas estradas nos rios

Nos peixes nos mamíferos nas aves

Nas escolas nos livros nos estudantes

Nos hospitais nos doentes nos médicos e enfermeiros

Nos docentes sem atributos parentes

Que sabem mais que muita gente

Em tudo o que vegeta

Em tudo o que se move

Em tudo o que se vê

Em tudo o que é invisível

Há poesia

 

Em tudo há poesia!

 

Maria Antonieta Bastos Alentado Oliveira

16-10-2025

 

 

segunda-feira, 29 de setembro de 2025

A Noite


 

 

A noite é a escuridão iluminada pela lua

É o encontro dos amantes

E o adormecer dos vagueantes

Divagando pelas ruas negras e sujas da cidade

O cheiro nauseabundo faz-nos desistir

Mas o amor é maior e ficamos

Queremos continuar a amar ao luar

A sentir o calor dos nossos beijos

Sem que alguém nos condene

Só a lua, o céu e as nuvens nos veem

Testemunhas do nosso amor vadio

No lago a água espreita curiosa

Os peixes saltitam salpicando o banco

Onde nos encontramos amando

Enroscados e escondidos passamos despercebidos

E amamo-nos e beijamo-nos como se não houvesse amanhã

A lua começa a dar lugar ao sol

Temos que partir antes que eles nos encontrem

 

A noite termina

Mas o amor continua.

 

Maria Antonieta Bastos Alentado Oliveira

29-09-2025

 

 

terça-feira, 16 de setembro de 2025

Conexões Atlânticas


 

 

 

Entre terra e terra

Há o oceano

Atlântico de seu nome

Entre cá e lá

Houve e há tanto em comum

Houve e há tanto a dizer

Houve e há tanto viver.

 

São Terras de Vera Cruz

É o Brasil dos brasileiros

É Portugal dos portugueses

Do outro lado de cá

Hoje, somos irmãos

Ou, talvez não…

A mesma língua

Outros sons e dizeres

Outras bandeiras

E outras barreiras

 

Conexões Atlânticas

Lusofonia de mãos dadas.

 

Maria Antonieta Bastos Alentado Oliveira

16-09-2025

Janela de Antanho


 

Foste fortaleza noutros tempos de antanho

Quem sabe quantas donzelas em ti namoraram?!

Quantos cavaleiros em ti se acercaram?!

Quem sabe se até reis e rainhas em ti se ornamentaram?!

 

Janela de mil sois

Janela de mil amores

Isolada, abandonada

Sem flores que te adornem

És bela e singela

Mas foste heroína

Guardadora de segredos

E muitos enredos

Na tua simplicidade

Vivemos outra realidade.

 

Ai se eu pudesse

Viveria contigo por perto!

 

Maria Antonieta Bastos Alentado Oliveira

16-09-2025

 

domingo, 14 de setembro de 2025

Ida À Vidigueira

 

Levantei-me e despachei-me

Na hora que te  esperava

Chegaste, chegaram e trouxeram amor

O caminho esperava-nos

Entre carinhos e palavras doces lá fomos

Caminhando e parando chegámos

A Vidigueira aguardava-nos

E o meu coração rejubilou de alegria

Comemos bebemos e conversámos

O amor acentuava as palavras soletradas

Entre S. Cucufate, S. Rafael, Sta, Clara

Vila de Frades, Beja e sempre a Vidigueira

Continuámos selando ainda mais o nosso amor

O primo, a prima, a Belinha

Escola Museu, Biblioteca, abraço sentido

Sentia-me feliz, muito feliz

Lisboa aguardava-nos, tinha que ser

O adeus, quem sabe para sempre custou

A saudade pairava na hora da partida

Tinha que ser, a vida é assim.

 

Entre casas e galhofa

Beijinhos, abraços apertados e sentidos

Um até já ficou prometido

E se Deus quiser será cumprido.

 

Maria Antonieta Bastos Alentado Oliveira

13-9-2025

23h 55m

 

domingo, 24 de agosto de 2025

Saudades


 

 

Pelos caminhos de Portugal

Caminhámos juntos e felizes

Alegria não te faltava, meu primo

Sabedoria geográfica, também não

Tudo sabias, desde as serras aos rios

E por aí fora

Comíamos, bebíamos e seguíamos

 

Milfontes foi sempre paragem

Algarve e os caramelos de Espanha

O Norte e seus monumentos

Igrejas, a prima sempre entrava

E nós acompanhávamos la

Frescos, pinturas rupestres, tudo maravilhoso

E o zimbório em Viana do Castelo?

Lembras-te, primo?

Muito nos rimos à tua conta

Também te riste de ti próprio.

 

Do sul ao norte, do norte ao sul

Tudo percorremos em amizade

Jamais esquecerei as minhas birras

E as risadas da minha prima

Todos nos compreendíamos

Tudo corria às mil maravilhas

Do sul ao norte, do norte ao sul

 

Saudades vossas Liete e Jorge!

 

Maria Antonieta B. A. Oliveira

24-05-2025

sábado, 9 de agosto de 2025

Falhada

Sou ave sem penas, com pena

De ver o tempo a fugir

E jamais realizar os sonhos que sonhei

Fui indolente e inconsciente

Refilona sem refilar quando devia

Fui tonta sem tontice

Fui parva sem o ser

Fui incontida sem me conter

Fui resiliente e estouvada

Para quê se de nada serviu

 

Tento esquecer e não consigo

Tento ser apenas eu agora

Sou eu agora, mas…

Recordo sempre a outra de outrora

 

Maria Antonieta Bastos Alentado Oliveira

09-08-2025

 

 

 

 

Depois Tudo Acaba


 

Abana abana abanico

Torna o clima mais suave

Leva contigo meu amor

No bico daquela ave

 

Faz do vento teu balanço

E apressa o teu caminho

O tempo voa, não para

Deixando p’ra trás meu carinho

 

Sou meiga, terna e beijoqueira

Mas só tu me queres assim

Tenho pena que não me queiram

Por vezes juntos assim

 

Ontem já fomos unidos

Ontem já fui feliz sem saber

Pensando que nada acabava

E nunca vos iria perder

 

Eu, estou quase no fim

A idade vai passando

Depois chorarão por mim

Lembranças virão chegando

 

Acabou, só isso ficará

Tudo o resto acabará.

 

Maria Antonieta Bastos alentado Oliveira

09-08-2025

 

 

domingo, 27 de julho de 2025

Porquê?


 

 

Estou triste, para variar

Não sei, não soube construir uma família

A filha á como é, vive a sua vida

Os netos saem à mãe, não os vejo

Não sei deles, se me amam ou odeiam

Vivo por viver, apenas e só para o marido

Mas amo-os a todos

Queria tê-los comigo nos  momentos certos

Mas a vida deles também mudou

Queria abraça-los, beijá-los, senti-los

Mas esse tempo já passou há muito

A família acabou

Todos vivos, todos mortos

E eu choro-os amando-os vivos

Amo-vos tanto, meu Deus

Penso não merecer esta situação

De cinco, só tenho o amor de um

O meu marido que também sofre comigo

 

Porquê?

Não há respostas para os porquês!

 

Maria Antonieta B. Alentado Oliveira

27-07-2025

terça-feira, 22 de julho de 2025

Cento e Três


  

Cento e três, seriam

Foram oitenta e seis

Que te tive

O teu sorriso

O teu abraço sem abraço

O teu amor

O teu beijo

O teu carinho

A tua compreensão

A tua cumplicidade

O teu olhar bonito

 

Hoje tenho tudo isso

Na lembrança, no pensamento

De um coração saudoso

De um amor inabalável

De ti, meu querido e amado pai!

 

Maria Antonieta B. Alentado O.

22-07-2025

sexta-feira, 4 de julho de 2025

O Telemovel Tocou


 

O calor apertava cada vez mais

Tu, dormias tranquilamente

Corpo sem roupa, nu

Eu, acalorada continuava acordada

Ouvia o som do teu respirar

E o pulsar do teu coração

Olhava-te na escuridão do quarto

Sorrias atrevido

Parecia um convite ao amor

Mas dormias…

O calor, o olhar, o corpo nu

Tudo era um convite ao olhar

Um convite a amar, ou, ao amor

Mexi-me e acordaste

Vi teu olhar matreiro e brilhante

Cativava e despertava a líbido

Abraçaste-me e nossos corpos colaram-se

O calor, o ardor, o amor, a volúpia

E concretizámos o sonho de ser felizes

 

Acordei com o som do telemovel

Eras tu a dizer que me amavas.

 

Maria Antonieta B. A. Oliveira

04-07-2025

 


 

Lágrimas de Sal

 

Esgotei a tinta da caneta azul

A preta, também ficou vazia

Procurei um lápis, mas não encontrei

Queria tanto escrever para ti

Dizer-te o que nunca disse

Parei…

Dos meus olhos uma lágrima escorria

Porque não aproveitá-la e escrever com ela

Sim,

Escrevi o quanto já chorei

Por ti, por ti, por ti e por todos nós

Contei a minha vida em gotas salgadas

Salgadas na tristeza sentida

Salgadas nas depressões vividas

Salgadas numa vida já gasta, farta

A chuva parou…

A lágrima secou...

E tanto ainda ficou por escrever…

 

Maria Antonieta Bastos Alentado de Oliveira

04-07-2025

 

 

Futuro

Esgotei as palavras de amor

Esgotei os sentires e a dor

Já não sei viver

Mas não quero ainda morrer

Quero ver-te crescer

Homem adulto com família

Mulher adulta e mãe

Quero continuar a partilha

Do nosso amor antigo

Quero voltar à praia

Pisar a areia molhada e caminhar

Na água fria chapinhar

 

Ver paz e amor entre os povos

Ver paz e amor entre os mais novos

Olhar o sol e o azul do céu

Ver as estrelas numa noite sem breu

Quero continuar a minha felicidade

Dos meus sonhos ver a realidade.

 

Maria Antonieta B. A. Oliveira

04-07-2025

 

domingo, 25 de maio de 2025

Ambos... Os Três...


 Ambos os três

Ou, três sem ambos?!

Ambos, sim,

Três amigos a confraternizar

Ambos, porque sim,

E sim, porque são três

Este correcto incorrecto

No nosso dialecto

É uma pura brincadeira

Porque ambos os três sabemos

Falar à boa maneira

Três amigos, três pessoas

Tendo conversas boas

O ambos, ficou sem dois

Mas nós éramos três

Fica o convite para depois

Nos encontrarmos outra vez

E falarmos em bom português.


Maria Antonieta B. A. Oliveira

22-05-2025


Sou


 

Sou filha de gente simples

Um calceteiro sem  calçada para fazer

Uma modista de alfaiate sem tempo para lazer

No profundo calor alentejano

E no frio do rigoroso inverno

 

Sou filha do amor

Que ultrapassou meio século

Com altos e baixos vivemos

Viveram mais eles que eu

Jovem sem noção da realidade da vida

 

Já crescida e casada

A vida correu num ápice

Entre ser mãe e ser avó

Fui feliz e infeliz, dependia

Era o tempo, o mau humor, era o dia

 

Hoje, consegui erguer-me do fundo poço

Onde a vida me atirara

E as depressões sucessivas me levaram

Hoje, consigo ter mais calma, mais paz

E ser eu, a que nunca tinha sido.

 

Maria Antonieta B. A. Oliveira

24-05-2025

segunda-feira, 19 de maio de 2025

Ontem... Hoje... Amanhã...


 

 

Se hoje houvesse amanhã

Ia buscar o ontem

Pediria perdão

Perdoava sem hesitação

E seríamos felizes, mãe

 

No ontem

Voltava a rir contigo, pai

Abraçava-te mais

A ambos dizia que os amava.

 

No hoje encontroa saudade

Mas, por hoje

Encontro a paz e o amor

Que tu, meu querido, me dás.

 

Ontem, já foi…

Amanhã, só Deus sabe…

E hoje, sou a mesma que sempre fui…               

 

Maria Antonieta B. A. Oliveira

19-05-2025

quinta-feira, 8 de maio de 2025

Sofrimento

 

 

Estou perdida num  caminho de trevas e solidão

Senhor, leva-me em teus braços para onde seja feliz

Onde encontre respeito, paz, amor e compreensão

Odeio-me e odeio a vida que tenho, já no fim

Quero soltar amarras e voar bem alto

Podia ser que Te encontrasse , me perdoasses e desses a paz que preciso

Porque mereço isto? Porque me odeiam em vez de me amarem?

Queria tanto ser feliz antes do fim

Não existo!

Não presto!

Não faço falta a ninguém!

O que faço aqui?

Já chega de sofrimento!

Cansei-me!

Estou triste, só, sem família, sem nada nem ninguém.

Para quê viver assim?!

Quero partir o mais breve possível!

Quero sair deste mundo imundo!

Quero voltar para os braços do Senhor!

Talvez, encontre a paz!

 

Maria Antonieta B. A. Oliveira

08-05-2025

 

terça-feira, 8 de abril de 2025

Renova-te


 

 

 

Neste retiro tranquilo

Sinto a alma em liberdade

Nós dois, essenciais à vida um do outro        

Somos como a metade de uma laranja

Unida e ordenada tal como nós, fazem um só ser

Que na sua simplicidade se ama.

Regressa, amor, aos anos em que havia saúde

E renova-te!

 

Maria Antonieta B. A. Oliveira

08-04-2025

 

terça-feira, 1 de abril de 2025

Amanhã Será Tarde


 

Amanhã será tarde

Ficam os relógios, ou os anéis

Os móveis velhos e outras velharias

Talvez fiquem saudades

De alguns momentos passados

Talvez fiquem saudades dos abraços dados

E daqueles que ficaram por dar

Saudades também dos beijos dados ou não

Talvez hajam arrependimentos

Ou, talvez não

Fica tudo e nada fica

Tudo parte num momento

E tudo passa para o esquecimento.

Amanhã será tarde!

 

Maria  Antonieta B. A. Oliveira

01-04-2025


Nós Dois


 

No dourado do teu corpo

Vejo o calor do teu coração

Bondoso ou raivoso

Conforme a ocasião.

 

Vejo o sol que te banhou

Vejo o luar que te beijou

Vejo o amor que me tens

Vejo tudo e nada vejo

Sinto o beijo que me deste

E aquele outro que te dei

Sinto o nosso abraço apertado

O carinho que sentimos lado a lado

A tua mão na minha

A minha mão na tua.

 

Mesmo nos dias menos bons

É tão bom sermos assim

Eu gosto muito de ti

E tu gostas muito de mim.

 

Maria Antonieta B. A. Oliveira

01-04-2025

 

Parabéns Meu Querido Rafa

RAFAEL  (Acróstico)

 

R esiliente, sabe o que quer

A ma o futebol, também a cozinha

F igura frágil e ao mesmo tempo robusto

Á gil e resoluto no que quer e faz

É o meu herói de coração e amor

L eal à vida que a vida lhe dá.

 

Aaaammmmooooooo----ttttttttttttttttteeeeeeeeeeee mmmmmmmmuuuuuiiiiiiiiiiiiiiitttttttttttooooooooooo, meu neto querido!

 

Avó Tieta (Antonieta)

17 de Abril de 2025

 

 


Esquece


 

 

Vagueaste pelas ruas pardacentas

Foste de todos os que te queriam

E todos te queriam

Dormiste com este, aquele e o outro

Em hotéis baratos e outros de cinco estrelas

Fizeste de ti um puta da vida

Sem receberes nada em troca, além de sexo

Nem uma flor, um chocolate, um bolo, nada

Foste aluada sendo bajulada

E foste

Fizeste da vida o que a vida não queria

Choraste, riste, sofreste, revoltaste-te

Andaste pelas ruas da amargura

Mas esquece!

Esquece, mulher!

Esquece

Essa outra mulher já morreu

Morreu no dia em que tu ressuscitaste!

 

Maria Antonieta B. A. Oliveira

01-04-2025

( TV)

 

Silêncio


 

 

Silêncio!

É no meu silêncio que te ouço

Um silêncio sem paz, sem sono

Mas é meu, é o meu silêncio.

Ouço o resmalhar dos lençóis

Onde repousas e sonhas, no teu silêncio

Quero ouvir este silêncio em silêncio

Só, sem ninguém, apenas eu e tu, silêncio

Só tu me entendes, só tu me compreendes

A lua quer penetrar no meu silêncio

Estilhaça a vidraça da janela em mil pedaços

Fico olhando o chão, em silêncio.


Silêncio!

O meu e só meu, silêncio!

 

Maria Antonieta B. A. Oliveira

01-04-2025