segunda-feira, 30 de maio de 2016

Pinto As Pedras Que Piso







Pinto as pedras que piso
Com o suor do cansaço
Deste passo apressado
Com que caminho a teu lado
Pinto a calçada de preto
Das lágrimas que choro por ti
Do teu amor não me esqueci
Vivo abraçada à saudade
Pinto a calçada de rubro
Do sangue fervente em mim
Dos sonhos que sonho contigo
Eternos hinos de amor
Pinto a calçada de branco
Na paz da pomba que esvoaça
Peço-lhe eterna bonança
Saúde, amor e felicidade

Pinto as pedras que piso
Na calçada por onde passo
Das cores do arco-íris
Em todas vejo beleza
Todas piso com leveza
Não as quero magoar
Pinto-as com alegria
Dou-lhes cor e poesia
Luz, sombras e vida
Dou-lhes sonhos por sonhar
Dou-lhes beijos ao pisar
Pretas brancas desenhadas
São as cores doutras calçadas
Pintadas por outras mãos
Pisadas sem devoção
Magoadas sem compaixão.

Pinto as pedras que piso
Com a tinta do coração!

Maria Antonieta Oliveira
30-05-2016


Perdi-me No Tempo






Perdi-me no tempo
Esqueci-me das horas
E tudo passou
Agora já tarde
Caminho na vida
Tento sorrir
Não quero partir
Procuro a saída
Seguir novo rumo
Voltar para trás
Mas o tempo impune
Passa veloz
As horas são dias
Os dias são anos
E o tempo urge
Tudo me foge.

Agora já é tarde
Tudo passou
As horas esquecidas
No tempo perdida.

Maria Antonieta Oliveira
30-05-2016

domingo, 29 de maio de 2016

Desenho Palavras






A caneta tremula entre os meus dedos
Desenha palavras

Palavras sem nexo sentidas de prazeres
Sonhos insatisfeitos destroçados
Caminhos perdidos entrelaçados
Pensamentos dispersos desencantados
Afagos, carícias, quimeras
Memórias e sonhos de outras eras

A caneta tremula entre os meus dedos
Desenha palavras

Palavras de conforto e desconforto
De amores e caminhos partilhados
Sentires diversos e dispersos
Águas, rios e mares
Voos percorridos nas asas de um anjo
Nuvens passantes disfarçadas

A caneta tremula entre os meus dedos
Desenha palavras

Palavras de amor e de dor
De alegrias vividas no que foi ontem
De alegorias e vaidades do passado
Amo-te, amei-te e continuo a amar-te
Sentimentos fortes persistentes
Sangradas no coração já cansado

A caneta tremula entre os meus dedos
Desenha palavras.

Maria Antonieta Oliveira
29-05-2016




segunda-feira, 16 de maio de 2016

Completamente Só





Não encontro palavras para definir a minha solidão
Estou só comigo e com os meus sentires
Neste canto improvisado em que não estás
Rodeio-me de objectos, fotos e pensamentos
Mas eu estou só, completamente só

O meu coração sangra, pulula vermelho de paixão
Sinto-te em meu corpo, no fundo de mim
Abraço-te com o frenesim de quem está carente
Beijo-te, beijamo-nos profundamente
Mas eu estou só, completamente só

Uma rosa que abre e se desfolha na secretária
Um bonsai amarelecido, morto pela raiz
O bambu rejubila na sua folhagem renascida
Um Cristo pendurado entre retratos e molduras
Mas eu estou só, completamente só

As pedras sobrepostas num quadro de parede
Os meus tons, os tons terra da carpete no chão
Um aconchegante cortinado pendurado
Acolhedor este lugar a que chamo meu
Mas eu estou só, completamente só

Tu, mesmo que não queiras ou sintas, estás comigo
Povoas e habitas todos os meus pensamentos
Também vós, meus pais, me acarinham e abraçam
Numa foto antiga por de cima da secretária
Mas eu estou só, completamente só

Sempre só, comigo, apenas e só comigo
Tanto viver sem sentido, porque estou só
Só, completamente só!

Maria Antonieta Oliveira
16-05-2016





domingo, 15 de maio de 2016

Cigarro






Ainda sinto entre os dedos
O cigarro que me deste naquele dia
Era o último de um maço amaçado por ti
Ainda me queima o coração
O sabor amargo da nicotina expelida
No ultimo beijo que me deste
Era o ultimo em muitos anos seguidos

Muitos anos em que não soube de ti
Nem dos cigarros que fumaste
Nem quem sentiu o sabor da nicotina
Nem da vida que levaste, e perdi
Perdi… ganhei… vivi… amei…
E anos muitos anos passaram
E passaram sem ti

O sabor amargo da nicotina
Deu lugar ao sabor doce do amor
De um amor mais intenso e puro
Mais simples e convincente
Mais sereno e tranquilo
Mais consciente dos sentimentos
Sem cigarros amargos entre nós.

Maria Antonieta Oliveira
15-05-2016






quinta-feira, 12 de maio de 2016

Sonho Acordada









Há tempos que não te escrevo, amor
Não que te tenha esquecido, não
Apenas, porque não preciso escrever para saberes que te amo

Sabes amor,
Antes de adormecer és tu que estás no meu pensamento
Recordo os nossos momentos
Anseio outros já sonhados, talvez por ambos
Talvez apenas por mim
Falo em surdina, sem que me ouças e desabafo
Ouço a tua voz chamando-me de amor
Sorrio à felicidade e adormeço.

Durmo calma e tranquila
Não te sonho
Não amor, não te sonho ao dormir
Porque sonho contigo em todos os minutos que vivo.
Acordada e consciente povoas meu sentir
Por isso amor, não te sonho ao dormir, sonho acordada
Quero sonhar-te enquanto viver
Quero viver para sonhar-te!

Maria Antonieta Oliveira
11-05-2016