segunda-feira, 16 de maio de 2016

Completamente Só





Não encontro palavras para definir a minha solidão
Estou só comigo e com os meus sentires
Neste canto improvisado em que não estás
Rodeio-me de objectos, fotos e pensamentos
Mas eu estou só, completamente só

O meu coração sangra, pulula vermelho de paixão
Sinto-te em meu corpo, no fundo de mim
Abraço-te com o frenesim de quem está carente
Beijo-te, beijamo-nos profundamente
Mas eu estou só, completamente só

Uma rosa que abre e se desfolha na secretária
Um bonsai amarelecido, morto pela raiz
O bambu rejubila na sua folhagem renascida
Um Cristo pendurado entre retratos e molduras
Mas eu estou só, completamente só

As pedras sobrepostas num quadro de parede
Os meus tons, os tons terra da carpete no chão
Um aconchegante cortinado pendurado
Acolhedor este lugar a que chamo meu
Mas eu estou só, completamente só

Tu, mesmo que não queiras ou sintas, estás comigo
Povoas e habitas todos os meus pensamentos
Também vós, meus pais, me acarinham e abraçam
Numa foto antiga por de cima da secretária
Mas eu estou só, completamente só

Sempre só, comigo, apenas e só comigo
Tanto viver sem sentido, porque estou só
Só, completamente só!

Maria Antonieta Oliveira
16-05-2016





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