quinta-feira, 30 de julho de 2020

Quem Sou?




Não me sei definir Sou lamechas?Sou! 
Mas sei disfarçar e não dar a conhecer essa minha faceta a muito boa gente. 
Sou brincalhona? Sou! 
Mas muito boa gente pensa que sou um ser feito de gelo e pedra dura.
Sou frágil? Sou! 
Mas quase ninguém acredita que o sou, pois também neste campo, eu sei disfarçar. 
Sou romântica? Sou! 
Mas para certas pessoas, sou demais, ou simplesmente, não me merecem. 
Sou meiga? Sou! 
Mas, por vezes sou considerada chata. 
Quem sou afinal? 
Alguém que vive disfarçando quem é, apenas para ser o que faz os outros felizes. 
Alguém que nunca foi e sempre se deixou levar pelos outros. 
Alguém que finalmente quer ser e aos poucos, vai sendo. 
Mas, não sou! 
Maria Antonieta Oliveira 
29-07-2020

domingo, 26 de julho de 2020

Dia dos Avós


Penso ser perfeita
Que ideia errada a minha
Ninguém é perfeito, porque eu seria?!
Fui filha, sou mãe e sou avó
Será que soube ser filha?!
Será que sei ser mãe?!
E avó, saberei ser?!

Penso ser perfeita
E o que pensam eles?!
Dizem-me que sou chata (só às vezes)
Que sou beijoqueira (sempre)
Sou amiga e conselheira
Sempre pronta para a brincadeira
Sou o que sou, mas sou eu.

Vocês são a minha vida!

Maria Antonieta Oliveira
26-07-2020

sábado, 25 de julho de 2020

Que Importa a Cor



De que cor choras?
E o teu sorriso é de que tom?
De que cor é o teu sangue?
E os teus dentes são de que tom?
Choras, ris, vives e morres
Tal como o arco-íris
Que tem todas as cores
Que diferença existe
Se estás alegre ou triste?
Que importa a cor do teu cabelo
Se é curto ou comprido
Se tem caracóis ou é liso
Que importa?!

Teus olhos verdes da cor do mar
Podiam ser azuis da cor do céu
E as calças de ganga
Podiam ser de cetim
Que importância teria a mudança?
Quem se importaria?
Ninguém nem nada mudaria
Portanto, repito:
Que importa?!

Maria Antonieta Oliveira
25-07-2020

sexta-feira, 24 de julho de 2020

Gosto de Ser Louca



Gosto de ser louca
E de beijos na boca
Do teu longo cabelo
Do teu corpo com pelo
De mergulhar no mar
E de te abraçar

Gosto de parvoíces
De contar anedotas
De rir à gargalhada
De cantar ao luar
Adormecer e sonhar
E ver o sol acordar

Gosto de ser louca
Quando a minha loucura
É louca.

Maria Antonieta Oliveira
24-07-2020

Simples és Bela


Pintas os olhos da cor do cabelo
O que te faz pintar assim?
Serão os olhos tristes de ver
Ou o cabelo ruim de pentear?
Olha-te no espelho com olhos de ver
Verás como és linda de cara lavada
Sem pintura, despenteada
Simples e bela como uma donzela
Continua sendo menina
Irrequieta e traquina
Não queiras ser mulher ladina
Vive enquanto és livre
Vive enquanto podes viver.

Não pintes os olhos da cor do cabelo
Deixa-te simples pois tudo é belo.

Maria Antonieta Oliveira
23-07-2020

quarta-feira, 22 de julho de 2020

Pai




Mil novecentos e vinte e dois
Vinte e dois de um mês de verão
Julho, era e é aquele em que nasceste
No calor do Alentejo amado
Quis o destino que vivesses longe
E longe acabaste os teus dias
A navalha no bolso, quem sabe, faria falta
Para cortar o pão, o queijo ou o chouriço
Sempre esteve contigo
Também o sol crispou o teu rosto
No trabalho árduo de calceteiro
Foste herói entre os heróis
Foste mestre entre os mestres
Foste, és e serás sempre
O grande herói da minha vida
Meu pai, meu amor.

Maria Antonieta Oliveira
22-07-2020

terça-feira, 21 de julho de 2020

Frustração


É frustrante ver mais um dia chegar ao fim
Mais um dia a menos para viver
Igual a ontem e a anteontem
E talvez também, a amanhã
É frustrante ver o tempo ficar sem tempo
E tudo continuar na mesma
Sem água à beira mar
Onde meus pés pudessem caminhar
Sem sol ou sombra para me abrigar
Do vento desgovernado passante
É frustrante os dias, semanas e meses
Fugirem nas horas vividas sem vida


Será que haverá amanhã?!
Será que amanhã trará liberdade saudável
Para extinguir o medo e a frustração?!
Ninguém sabe, ninguém
E eu sei apenas que é

Frustrante.
Muito frustrante!

Maria Antonieta Oliveira
21-07-2020

segunda-feira, 20 de julho de 2020

Janela da Vida



Fui à janela ver se me via
Ela, fechou-se ao meu olhar
A janela da minha vida
Fechada e proibida
Não me deixou espreitar
O passado ou o futuro
Já passou… há de vir…
Olha o espelho no momento
O presente é a tua janela
Vê-te, revê-te nela
Essa, abre-se para ti.

Maria Antonieta Oliveira
20-07-2020

sábado, 18 de julho de 2020

Vento Traidor


Olho o vento, mas não o vejo
Como o olho se o vento não tem corpo?!
Mas, tem voz, tem força, tem poder
Não tem corpo nem rigor
Quando sopra sem direcção
Tudo leva, tudo foge, tudo teme
E treme, treme de medo de terror
Quanta dor deixada no chão
Quanta devastação
E sopra
E foge
E brinca
E grita
Sem corpo nem cor
Tudo arrasta
Levando e trazendo
Desilusão e dor.

Como é bela a pétala voando
E o veleiro navegando
Quanta alegria e animação
Quando aparece nos dias quentes de verão

Quão traidor podes ser
Sem corpo nem cor
Olho-te vento, e não te vejo.

Maria Antonieta Oliveira
18-07-2020

quarta-feira, 15 de julho de 2020

Estou Cansada


Olho o mar e sinto saudades
Mas, estou cansada
Vejo a areia e quero andar
Mas, estou cansada
Preciso caminhar sozinha
Não sei por onde
Mas sei que preciso
Quero ir por aí
Palmilhando estradas
Sem degraus ou socalcos a transpor
Ir libertando pensamentos
E sofrimentos magoados
Ser livre, nem que seja por uma hora
Sozinha apenas comigo e meus pensamentos

Mas, estou cansada
Cansada demais para caminhar.

Maria Antonieta Oliveira
15-07-2020

terça-feira, 14 de julho de 2020

Tenho o Alentejo no Sangue




Corre-me nas veias o cheiro do pão quente
Das ruas falantes de vizinhas ao poial
Da água saída das bicas em enfusas de barro
E das carroças passantes
Deixando para trás o cheiro a fezes
Dos machos e cavalos que as puxavam
Corre-me no sangue o cante dolente
E saudoso dos homens do campo
Camponeses ou pastores
Guardadores de rebanhos e humanos
Corre-me nas veias o odor da cal branca
Riscada, listada de azul ou amarelo.

Corre-me nas veias, no sangue
O odor, o calor, do meu Alentejo.

Maria Antonieta Oliveira
14-07-2020



Sons Em Mim


Acordei em mim
Os sons de outrora
Dos sinos que tocavam as horas
Do dia, da vida e da morte
Da tua voz de homem pequeno
Forte e grossa
Dos ralhetes gritados
E dos tabefes levados
Do silêncio dos nossos olhares
E o tlim-tlim do electrico da manhã
O som do cacilheiro a chegar
E da rede do peixe a secar
Do rio, do mar a ondular
Sons cruzados em mim
Na minha vida
Na plenitude do meu ser.

Maria Antonieta Oliveira
14-07-2020

segunda-feira, 13 de julho de 2020

Espaço Vazio



Sobrevoei o teu espaço
Na esperança de te ver a nadar
Nas águas onde um dia nadamos juntos
Frias, quase geladas
Aquecidas pelo calor do nosso amor
A piscina estava vazia
De ti, nada vi
Até o sol desapareceu
Senti frio, arrepiei-me, estremeci
Mas senti uma mão quente pousada em mim
Receosa, virei-me ao encontro desse afago
Sorri de felicidade
A mão, era a tua, aquecendo-me
Dando de novo alento
Ao espaço vazio
Deixado no tempo de outrora.

Maria Antonieta Oliveira
13-07-2020

domingo, 12 de julho de 2020

Jardim


Bom dia, flor do meu jardim
És tu, a mais bela e cheirosa
O teu odor veio até mim
Acordou o adormecido
Mas jamais esquecido.

Flor perfumada pela vida passada
Flor nascida num jardim longínquo
Algures nos caminhos arvorados
Não te colhi nem me colheste
Ficou eterna no jardim da nossa vida.

Maria Antonieta Oliveira
12-07-2020



Bebi-te




Bebi-te de um trago
Sem fôlego, beijei a boca ávida de prazer
Saboreei os teus lábios
O teu corpo, o meu corpo
Os teus olhos nos meus olhos
Sabores trocados em simples olhares
Embriagada, enamorada
Seguro a tua mão com ardor
O ardor e o amor de outrora

Esvaziei o copo
Sem ti em mim
Fiquei na minha eterna solidão.

Maria Antonieta Oliveira
12-07-2020

sábado, 11 de julho de 2020

Mulherio das Letras Portugal - Maria Antonieta Oliveira (Colectânea 2020...

O Tempo Escasseia




Onde está o amor que te dei?
E a educação que te ensinaram
Onde está?
O carinho, os beijos, os cuidados
Esqueceste-os todos?
Ou será que os tens no sótão guardados?!
Sobe a escada, abre o baú
Recupera e dá
Mas dá com verdade e lealdade.

Tiveste demais
Hoje poderias retribuir um pouco
E farias feliz quem precisa
Apenas de um olá, ou de um - viva.
Com a frieza em pessoa
Enganas com um olhar
E a doçura da voz traidora.
O tempo escasseia
Nada me resta.

Maria Antonieta Oliveira
11-07-2020

sexta-feira, 10 de julho de 2020

Outros Tempos


Seis metros quadrados
Sem janela ou porta
Uma cortina pesada separava
O estreito corredor improvisado
Por onde outros passavam
Por companheiros de brincadeira
Galinhas, perus, coelhos bravos,
Codornizes, outras aves
Habitantes da cozinha
Por debaixo da mesa grande
Mas também raros insectos
Baratas e ratazanas
Eram o seu dia a dia
Mais chique eram as joaninhas
Vindas da beira rio
Com cheirinho a maresia.

Sem janela ou porta
Sem ninguém para brincar.

Maria Antonieta Oliveira
10-07-2020


Contrato Selado


Selei o contrato com o beijo que te dei
Há muito era esperado, desejado
Ambos o queríamos sem saber
Onde estavas?
Onde eu estava?
O tempo maroto passou
Com ele também crescemos
Vivemos, amadurecemos
Mas, jamais esquecemos.
Quis o destino, o universo, o acaso
Ou simplesmente, tinha que ser
E de novo juntos em separado
Selamos o nosso contrato
Com aquele beijo tão desejado.

Maria Antonieta Oliveira
10-07-2020

Num Poema


Num poema te beijo
E vejo
Num poema te amo
E clamo
Num poema te sinto
E pressinto
Num poema te escrevo
E em ti me revejo
Num poema és palavra
E nele deixo a minha lavra

Porque
Num poema existes
Tu, poema
Eu, poesia.

Maria Antonieta Oliveira
10-07-2020

Rede Vazia

(Foto de um desafio HP)




Quando o vento sopra a favor
E o sol se põe no mar
Há esperança renovada
O sonho levado pro mar
De a rede cheia trazer
Mas o mar é traiçoeiro
E nem sempre dá peixe à rede
O pescador sem comer
Os filhos no lar a chorar
É assim a vida do pobre homem

Olha o sol a nascer
E de rede vazia
Volta a casa sorrindo
Na esperança de novo dia.

Maria Antonieta Oliveira
10-07-2020

terça-feira, 7 de julho de 2020

Sou Assim


Nasci no dia em que o sol brilhou mais
Não sei porque aconteceu
Nem sei porque eu nasci nesse dia
Só sei que nasci no dia em que o sol brilhou
Mas a noite escureceu
E foi à noite que a minha mãe pariu
Nasci na escuridão da noite de um dia em que o sol brilhou
Quem sabe ser por isso que sou como sou
Sou triste, como triste é a noite sem estrelas
E alegre como um dia de sol
Sou um misto de um ser
Sou um ser (in) definido com sol e lua
Brilho, luz, calor e estrelas cadentes.

Sou eu!
Sou assim!

Maria Antonieta Oliveira
07-07-2020

quinta-feira, 2 de julho de 2020

Quero Apenas os Teus


Olhos verdes mar
Olhos azuis céu
Olhos castanhos ou cinzentos
Não me interessa a cor
Só quero uns, os teus
Grandes e pestanudos
Espertos e atrevidos
Ternos e apetecidos
Que me olham com ternura
E me beijam
Na candura de um olhar.

Quero apenas os teus
Os teus olhos, meu amor.

Maria Antonieta Oliveira
02-07-2020

Semeei a Paz



Semeei a paz na terra dos sonhos
Levei mais sementes para na terra deitar
Semeei-as todas, reguei-as com amor
Dei-lhes a luz do sol
E o brilho da lua cheia
Dei tudo o que tinha

As sementes que plantei deram fruto
Mas a paz, ficou nas hastes mais altas
Das frondosas e viçosas árvores
Tão alta ficou que é difícil lá chegar
A guerra rente à terra é heroína
Sem semente, sem rega, prolifera.

Teimosa que sou
Semearei de novo
Talvez quem sabe
A paz vingue
E a guerra acabe.

Maria Antonieta Oliveira
02-07-2020

Descoberta


Sentado na pedra fria do degrau já gasto
Olhas-me de soslaio
Miro-te à distância e sorrio
De mim para mim, questiono:
- O que tenho?
- Porque me olhas?
Sem respostas, rabisco folhas ao acaso
E no ocaso do meu olhar com o teu
Encontro a verdade desta caminhada
Pela areia quente deste deserto
Onde tu e eu bebemos da água cristalina
Daquele rio imaginário onde um dia
Consumámos o nosso amor.

Então,
Descubro-te
Descobrindo-me.

Maria Antonieta Oliveira
02-07-2020

Palavras de Amor



Caminhei no escuro de uns lençóis rasgados
Tateei ao encontro do teu corpo desnudo
Adormecido, abriste os braços para me acolher
Meu corpo gelado ao teu colado
Numa entrega lúdica, profunda, intensa
Em espasmos de prazer
Fecundámos palavras divinas, irreais
No mais belo poema de amor.

Maria Antonieta Oliveira
02-07-2020

Renascer


Há ares, há rios e mares
Há aves que pipilam ou chilreiam
Há areias movediças em que cais
Há navios passando ao longe
E caravelas resistentes que navegam
Há um sol em cada um
E um olhar no horizonte
Há um sonho, um caminhar
Uma mão na mão a se entregar
Há um monte que se eleva
Há uma lua que se renova
Um azul que se encontra
Num toque doce do céu no mar
Há um brilho no olhar
Há um místico ser
Que se descobre ao nascer
Há um tudo um nada
Há o som da alvorada
Há o milagre da vida
Renascida a cada dia.

Maria Antonieta Oliveira
02-07-2020