sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

Folhas Secas







Piso as folhas molhadas
pela chuva intensa caída do céu
Salpico-me a cada passo que dou.
Água cristalina densa e gelada
perdida, espalhada na calçada.

No negrume do alcatrão
espelham-se verdes de vários tons
acastanhados, esverdeados, amarelados
Folhas mortas pelo tempo
caídas, cortadas pelo vento.

Caminho na vida
como a folha seca
esquecida, por entre
as pisadas de quem passa.

Num misto de beleza
entre a folha caída e a vida
Sou flor no meu jardim
Rainha do meu lar
Gota reluzente
no verde do meu olhar.

A paisagem é linda!
O frio é agreste!


Maria Antonieta Oliveira


terça-feira, 10 de dezembro de 2013

O Sol Espreitava



Voltei à praia
Algo tinha ficado para trás.

Como de costume
caminhei descalça ao longo do rio
na procura
do que ali, além
tinha ficado perdido

Na suavidade da areia molhada
meus pés caminhavam
caminhavam
pelo areal imenso
Sem tempo
Sem medo
nas pisadas por outros deixadas…

O sol espreitava
e eu, caminhava

Sem me dar conta
caminhei ao teu encontro
e tu, permanecias intacta
tal como outrora
No tempo em que aí me perdi
de amores por alguém
No tempo em que aí vivi
o nosso romance de amor

A cabana já velha e vazia
cheirava a mofo
As aranhas eram agora as suas habitantes
As teias cruzavam-se embaraçando o caminho

Não entrei!
Tive medo!

Já nada me dizia aquela cabana escondida
entre o rochedo
daquela praia com vida

Voltei para trás correndo
Queria sair dali
Fugir
Esquecer
Voltar a viver
Ser feliz como outrora!

O sol espreitava
e eu,
de novo caminhava.


Maria Antonieta Oliveira
10-12-2013




Mataste-me





Derramei as minhas lágrimas
nos olhos teus

Criei um rio imaginário
onde nadei nos teus braços

Uma a uma
as gotas salgadas
caiam na tua face rosada

Dos teus lábios fiz um túnel
onde traguei o teu sabor
a amor

Sorvi a saliva
doce e quente
do amargo da tua boca.

Pensei ser, mas não fui
a tua velha bengala
amparando teu corpo
morto.

Morri, antes!
Mataste-me!


Maria Antonieta Oliveira

Foi Ontem





Corre-me nas veias
O sangue exaltado
Pelo calor do teu corpo

Corre-ma na face
Pétalas de cristal
Dos olhos sofridos

Corre-me no corpo
Gotículas de suor
Transpirado no amor

Daquele dia longínquo
Em que fui tua
E foste meu.


Maria Antonieta Oliveira

quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Uma Noite de Natal




Vi estrelinhas a brilhar
na clareira do jardim
ouvi sinos a tocar
ouvi chamarem por mim.

O céu negro
de uma noite triste de inverno,
de onde caiam
farripas de algodão,
era o tecto de abrigo
de muitas bocam sem pão.

Noutro local,
o sol resplandecia
os jardins floriam
e as casas recheadas
de peru e rabanadas.

O sono dormido
numa cama de penas
ansiava o dia
pelos presentes da família
da paz e alegria
de mais um outro Natal.

Respondi ao chamamento
levantei-me e num repente
peguei em tudo que vi
bolo-rei, filhoses, frutos secos
pãezinhos com fiambre
até o peru
que esperava ser trinchado
num almoço avantajado,
no momento foi levado.

E tudo transportei
muito bem acondicionado
num cestinho acolchoado
com pétalas de amizade.

Corri ruas e ruelas
em todo o lado fui dando
um pouco do que levava
Também por lá fui deixando
os cobertores quentinhos
que às costas transportava.

Aqueci os corações
Vi sorrisos aos milhões
E quão feliz me senti!

De repente
as doze badaladas ouvi
corri, corri, corri
e mesmo no ultimo instante
entrei em casa ofegante
mas com um sorriso na alma
meu dever tinha cumprido
a todos tinha aquecido
e ninguém ficara esquecido
nessa noite de Natal!


Maria Antonieta Oliveira

sábado, 9 de novembro de 2013

Minha Alma Partiu






O olhar veste-se de negro
A roupa,
esfarrapei-a toda
para que precisava dela
se já nada eu era?!

Meu corpo dorido
sofrido e sujo
pairava por aí.
De esquina em esquina
de porta em porta
entrando e saindo
na casa errada.

Minha alma partiu
no silêncio da noite
Caminhou nos céus
procurando a paz.

Calma e tranquila
entre as nuvens brancas
foi-se encontrando
com familiares e amigos
com os anjos protectores
com Jesus e com Deus.


Maria Antonieta Oliveira



sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Abraço-te






Queria dar-te um abraço
com muito amor e carinho
sincero, verdadeiro
um abraço apertadinho.

Nesse abraço sentirias
o quão importante me és.
O valor do meu amor
O que por ti eu faria
se tu me deixasses.

Mas não o faço!
Tenho medo da tua reacção
por vezes até de um beijo
me afastas com a mão.

Como seria bom
sentir teu corpo no meu
num abraço profundo
Aquele, que também não dei
a quem já partiu deste mundo.

Mas eu não quero partir
sem te dar esse abraço
Sinto que o desejas também.

Vamos quebrar o gelo
As barreiras que nos oprimem
e nos impedem desse abraço.

Vamos ser aquilo que somos
desde o dia em que te gerei
Mãe e filha ternurentas
manifestando os sentimentos
dando o amor e o carinho
que nos liga desde sempre.

Abraço-te!

Maria Antonieta Oliveira

Hoje Estou Triste

Sabes?!
Hoje sinto-me triste
cansada, desiludida
Sinto-me presa, oprimida
Sinto-me qual adolescente
perdida na vida, carente
Sem rumo ou destino
na encruzilhada do caminho.

O sol partiu de mim
há muito
As trevas acompanham-me
O céu enegreceu
pelo sofrimento meu
Até as estrelas
fugiram do meu olhar
com medo de as machucar.

Ao meu redor
nada nem ninguém me assiste
Estou só!
Completamente só e desolada
Todos partiram, ficando
Presentes, ausentes…

E eu,
neste deserto sem fim
esperando
que alguém se lembre de mim.

Sabes?!
Hoje estou triste!


Maria Antonieta Oliveira

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

O Teu Funeral




Passei ontem à tua porta
vi a roseira florida
que plantámos um dia.
As rosas alaranjadas
tal como o sol que nos aquecia,
estavam tristes abandonadas
tal como nós, amarguradas.

Da janela,
pendia a gaiola do canário
aquele que nos acordava
com o seu chilrear
quando ainda abraçados
no carinho aninhados
com desejos de amar.

Cá fora,
o teu carro jazia
coberto de folhas secas
e rodeado de ervas daninhas
Metia dó!
Quantas histórias ele contaria
se pudesse falar um dia.

Olhei ao redor
e uma lágrima caiu, sentida
A vida ali vivida
estava morta, perdida
Sem rumo
finada, acabada.

Os sinos tocam!
Vai sair o funeral!

Maria Antonieta Oliveira

terça-feira, 22 de outubro de 2013

Banho de Espuma






Envolta em espuma
procuro o teu corpo sedoso
que me atraiu um dia.

Na banheira
calma e tranquila
penso em ti.

Quero de novo sentir
os teus lábios doces
descendo e subindo
os poros do meu corpo sedento.

Quero sentir
tuas mãos e carícias
teu corpo sequioso
entrelaçado no meu.

Quero-te só para mim
num encantamento sem fim.


Maria Antonieta Oliveira

A Nossa Primeira Vez








Escorre-me pelos dedos
O suor do teu corpo
Pareces louco!

Qual miúdo adolescente
carente

Os teus olhos brilham, piscam
como um farol no meio do mar
avisando os navegantes.

E eu,
a te olhar.

Afinal eras um desconhecido
que eu encontrei perdido
quando perdida andava.
Nem sequer te amava!

Beijo, cada gotícula do teu corpo
peludo, sensual atrevido.

Chamas-me MULHER!

E tu,
és o HOMEM que eu desejava!


Maria Antonieta Oliveira

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Menino Jesus



Ontem,
pus o sapatinho na chaminé.

A noite foi longa
o dia custou a amanhecer
e eu, queria acordar
dessa noite em que não dormi.

Ainda era madrugada
e eu, pé ante pé
no silêncio
dos meus pezitos de lã
de miúda pequena
fui à cozinha.

Oh meu Deus!
Que surpresa!
O Menino Jesus
tinha-me trazido,
tudo o que eu lhe tinha pedido.

Saltei de contente
e com o barulho
acordei toda a gente.

Hoje o Menino Jesus
foi esquecido
Em seu lugar
um velho de barbas brancas
e de sacola às costas
é o sonho das crianças.

Para mim,
hoje tal como ontem
é o Menino Jesus
que me presenteia e diz:
Faz muitos anos que nasci
por isso hoje há festejos
porque é dia de Natal!

Maria Antonieta Oliveira

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Aurita

AURITA
MARIA AURORA DA SILVA MENINO



Vi-te ontem
no caminho que nos uniu
e nos separou.

Éramos meninas
de mocassins
e soquetes nos pés.
Lembras-te?

Confidentes e amigas
sem invejas nem intrigas
Sonhávamos!
Não eram sonhos de meninas,
não!
Sonhos de adolescentes
de namoricos e paixonetas.
Mas éramos inteligentes
alunas de boas notas e maneiras
em francês éramos as maiores
e,
em nenhuma outra, fomos as piores.

E os nossos almoços trocados,
Lembras-te?
Como tu gostavas dos pastéis de bacalhau
que a minha mãe fazia!
Tudo era uma alegria!

E o olhar atraente
dos olhos verdes esmeralda
que tanto te fascinava.
Lembras-te?

Éramos amigas de verdade
Havia em nós cumplicidade!

O tempo passou
e ingrato, nos afastou.

Nós crescemos
somos mulheres, mãe e avós.
Nossos sonhos
uns ficaram pelo caminho
outros, realizámo-los com carinho.

Este reencontro
é um sonho meu realizado.
olho-te, abraço-te, beijo-te
tenho-te aqui a meu lado.

Quero que o amanhã
não seja como o ontem
que nos uniu e nos afastou
no caminho da vida percorrida.

Quero que a nossa amizade perdure
para além do hoje, do amanhã, do sempre!

Maria Antonieta Bastos Alentado

Maria Antonieta Oliveira
10 de Outubro de 2013








sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Os Sons do Silêncio




Que saudades eu tenho
do silêncio das ruas.
do chiar do eléctrico
do sonoro tilintar
Da calma e tranquilidade
de passear na cidade
E o silêncio
do autocarro que parou
Da porta que se abriu
Da menina que sorriu

E o silêncio
da fava- rica que passa
da boa castanha assada
e do toc-toc da chinela da varina
com os restos na canastra.

Que silêncio!
Que saudades!

Do dlim-dlam do sino da igreja
Do gri-gri dos grilos, nas noites de verão
E do pipilar das aves

O silêncio das vidas em segredo
nem as ruas os sabiam
O silêncio da bota grossa da tropa
dos magalas que passavam
E do apito do policia sinaleiro.

Que saudades
destes sons que eu ouvia
no silêncio que existia.

Que saudades!


Maria Antonieta Oliveira



terça-feira, 1 de outubro de 2013

Navego




Nesse mar navego
que me leva…

Meu corpo desliza nas ondas
Meu ser perdido na terra
O coração, esse,
perdi-o ontem,
quando ao monte subi.
Perdi-o, perdi-me, esqueci.

Ouvi teu corpo gemendo
Vi teus braços erguidos ao Céu
suplicando baixinho a Deus.
Tentei erguer-te
e lavar tua alma negra
Tentei dar-te carinho
e limpar o teu caminho
Tentei tudo o que podia
Tu,
nada quiseste ou fizeste
E eu,
que nada sou, nada sabia
Orei por ti.

Meu corpo deslizando nas ondas
Desse mar que me leva
Navego…


Maria Antonieta Oliveira

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

No Sonho Da Lua




Deitei a almofada no sonho da lua
Queria dormir tranquila
Em paz comigo e com Deus.

O sono
instalou-se na brancura alva
da nuvem passante
Movimentando-se no ontem,
no hoje, no amanhã
No amanhã? Talvez!

Tanto se remexeu
que a nuvem passante, passou
e o sono acordou.

Esvoaçando nos pensamentos
perdida no céu
elevei-me a Deus e rezei
Confessei os meus erros
e pedi-Lhe perdão
Contei os meus segredos
mas, Ele já os sabia
E os meus anseios e desejos?!
sabia-os todos, um a um

Desabafei minhas angústias e tristezas
Ele ouviu-me em silêncio
Pousou Sua mão na minha face gelada
e, suavemente acariciou-a dizendo:
“Confia em Mim,
e seguirás na terra o caminho que para ti tracei”
Ergui a cabeça procurando o seu olhar
Tinha partido
no Seu lugar uma estrela brilhava.

Emocionada, agradeci.
A lua deu lugar ao sol
O dia amanheceu
E a almofada acordou
do sonho da lua.


Maria Antonieta Oliveira

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Há Momentos




Há momentos inesquecíveis, impensáveis, sem palavras que os definam
Há momentos em que a garganta seca e a saliva se ausenta
Há momentos derrotados, vencedores de uma batalha
Há momentos em que só Tu, eu e Deus, sabemos o sentir
Há momentos em que a Fé suplanta qualquer duvida que exista
Há momentos que ficarão para sempre gravados na memória
de quem sente, de quem sofre, de quem ama.
Amo-te, minha filha adorada.

Maria Antonieta Oliveira


terça-feira, 17 de setembro de 2013

Sonhei Contigo







Sonhei contigo esta noite
Passeávamos de mão dada
no jardim proibido.

Eram três da madrugada

Os lírios e as açucenas
segredavam entre si
As camélias
beijaram os jasmins
salpicados de orvalho.

Eu e tu,
lentamente, caminhávamos
As mãos deslizando
Os passos desviando
E a lua,
eterna apaixonada
fugia de nós repudiando-nos.

Perdemo-nos na vida
da vida que vivemos
Caminhos e destinos destroçados
E nós, seguindo separados.

Eram três da madrugada
E eu,
continuava acordada.


Maria Antonieta Oliveira

sábado, 14 de setembro de 2013

Obrigada, Senhora

Nossa Senhora de Fátima



Hoje,
acordei com um sorriso no olhar.

O sol ousado
penetrava no meu quarto
tentando acordar o meu sono
para que vivesse um novo dia.

Olhei em frente, sorri e agradeci
A Senhora de Fátima, olhava-me
confortando-me.
Seu olhar terno dizia-me:
- vês, acedi ao teu pedido
afinal, nem tudo estava perdido.
A Fé, essa,
não a perderás jamais
e Eu,
zelarei e calarei teus ais.

Compreendi!
Agradeci-lhe de novo.
Sorri!

E olhando seus olhos de calma pureza
Voltei a rezar, a suplicar
Dai-nos Senhora
Vossa eterna luz
Vosso carinho de mãe
A Paz de Jesus!

Maria Antonieta Oliveira



quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Obrigada, Senhor






Quero subir à mais alta montanha
e gritar!

Soltar meus gemidos sentidos
Minha revolta incontida
Minha angustia desmedida.

Gritar!
Gritar bem alto
o meu viver em sobressalto.

E amanhã?
Nem sequer sei se haverá amanhã!

Mas,
e amanhã?

Quero gritar, berrar, suplicar
aos ventos do Céu Divino
que levem minha prece
e que Deus na sua serenidade
acalme a minha ansiedade.

E gritarei de novo
de joelhos no chão
obrigada, Senhor
pela Vossa bênção!


Maria Antonieta Oliveira

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Confio Em Vós, Senhor





A vida é um turbilhão de sentimentos e de sentires.
A água bate na rocha desventrando-a, revoltando-a, tornando-a rija para encarar novas ondas batidas na revolta das revoltas da vida.
Cruzam-se os mares, os dias, os anos, as vidas e os desenganos.
O coração sofre, sorri e sufoca. Vive e morre a cada momento.
A vida é ingrata! Ou serei eu que neste momento não a consigo compreender.
Os porquês surgem-me em catadupa, e as respostas escondem-se para lá do fundo mais fundo, do mais fundo deste mar profundo.
Porquê? Porquê? Sim, porquê?
Cruzo as mãos em prece
Confio em Vós Senhor!

Maria Antonieta Oliveira

Se Eu Fosse Uma Estrela•


Se eu fosse estrela,
encaminharia minha luz para ti,
para que alumiasse o teu ser
e te devolvesse o teu viver.
Mas, não sou estrela,
não sou luz,
não tenho esse dom,
Então,
suplico a Jesus
que te devolva a luz,
a vida, o brilho, o sorriso
que tinhas ao nascer.


Maria Antonieta Oliveira








sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Ao Longo Do Rio





Perdida,
caminho descalça ao longo do rio

Já cansada
resvalo meu corpo vazio
na areia molhada


Abraço a lua
conto-lhe os meus segredos
até aqueles que nem eu sei
Ouço-a em silêncio
tentando compreender os seus conselhos
Penso nos meus devaneios
Nos dias em que,
caminho descalça ao longo do rio.


Maria Antonieta Oliveira


segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Quedei-me






Quedei-me por um dia
uma noite
Tantos dias
tantas noites.

Quedei-me para pensar:
em ti
em mim
em nós
No amanhã
no ontem
no nunca mais
no sempre…

Quedei-me na lembrança
dos beijos
dos carinhos
dos mimos
dos entre laços
dos abraços
do amor!

Quedei-me perdida,
esquecida
que um dia fui feliz!


Maria Antonieta Oliveira

Ouve-me





Ouves-me?
Consegues ouvir-me até ao fim?
Sim,
Preciso que me saibas ouvir.

Não fales tu, não digas nada
Ouve-me apenas.

Como é complicado arranjar alguém que me ouça.

Falas, falas, falas
só de ti,
mas não me ouves.
Eu ouço-te
E quem me ouve?

Ouve-me por favor
Quero dizer tudo o que sinto
tudo o que penso e não penso
tudo o que anseio e não anseio
tudo o que fiz e desejei…

Cala-te!
Não digas nada
Ouve-me, sim?!


Maria Antonieta Oliveira

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Perdido Na Lua








Olhei-te
na distância de um adeus
O vento levou-te
na penumbra desse olhar

E aquele beijo
o nosso beijo,
ficou perdido ao luar.

Maria Antonieta Oliveira

segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Procuro Nas Nuvens







Procuro nas nuvens
o lugar onde te perdi
Mas não te encontro.

A nuvem foge-me entre os dedos
Tento segurá-la
Cingi-la a mim
como se do teu corpo se tratasse
Ela esguia
Entrelaça o sol e a lua
E parte.

Outra, mais negra ainda
Surge ao meu olhar ausente
Quero senti-la
percorrer o meu corpo sequioso
húmida macia suave
Cada gota sua
saciará minha sede de prazer
Sua viscosidade
penetrará cada poro de mim
Encontrar-me-ei contigo
Nessa nuvem negra
Como negro está o meu coração.

Maria Antonieta Oliveira

segunda-feira, 29 de julho de 2013

As Velhas Escadas

(Imagem do Google)





Aquelas escadas carcomidas
já sem vida
Guardam na lembrança
muitos passos passados
calcados e recalcados
de raiva e sentimento
de loucura e ódio
de volúpia e paixão
de amor e sedução.

Passos de outras vidas
Outros tempos
De recordações e lamentos
De vidas empobrecidas.

Cada degrau tem na memória
uns passos, uma vida, uma história.

No cimo,
uma porta velha, carcomida,
já sem vida!


Maria Antonieta Oliveira

sexta-feira, 26 de julho de 2013

O Velho Baú

(Imagem do Google)



Num velho baú empoeirado
pelo pó da vida
Encontrei velhas cartas de amor
Atadas com o laço do tempo.
Religiosamente guardadas e compactadas
para que as palavras não se perdessem,
não saíssem nem voassem
levadas no vento.
Continham segredos bem guardados
arquivados na memória do passado.
Amarelecidas, manchadas, abandonadas
ali se mantinham,
na quietude de um lugar sombrio
frio, sem vida e sem alma
Perdidas, esquecidas
continuavam aferrolhadas
naquele velho baú empoeirado.

Cartas de tempos idos
De amores vividos
De risos e lágrimas
De alegrias e mágoas.

Cartas de um tempo sem volta
Arquivadas, ordenadas
No velho baú empoeirado
Do sótão esquecido da casa.


Maria Antonieta Oliveira

quarta-feira, 24 de julho de 2013

Tatuei Teu Nome





Tatuei teu nome
nas linhas das veias.

O sangue percorre-me,
Aquece-me
Infiltra-se nos poros
Ácidos do meu corpo
Num vai e vem ritmado.
Fervilha em mim
O prazer de te sentir
O vermelho ocre
Tinge-me o corpo
Por dentro, bem dentro
Na avidez de viver
De te ter
De te ouvir.

É teu nome
Que circula
e circunda no meu ser.

És tu, amor!


Maria Antonieta Oliveira

Deixem-me Partir






Quero fugir daqui!
Deixem-me partir
Para um lugar solitário
Onde não haja quem me ame
Quem não me queira só por querer
Só para o meu corpo e o meu ser possuir.

Quero fugir daqui!
Porque me dizem amar
Se apenas me querem desejar?!
Querem minha boca, meus beijos
Querem saciar seus desejos.

E onde fica o coração?!
Aonde fica a dignidade?!
O respeito, e até a amizade?!
Aonde fica a paixão
Se tudo não passa de ilusão?!

Não!
Não quero ficar aqui!
Deixem-me partir!


Maria Antonieta Oliveira

quinta-feira, 4 de julho de 2013

Já Nada Me Liga A Ti








Queria amar-te,
tal como ontem,
mas não consigo.

O meu coração
já não te reclama
O meu corpo
já não te anseia
O meu pensamento
já não te pertence
Assim como o meu ser
já não vibra pelo teu.

Já nada em mim
grita teu nome

Já nada em mim
me liga a ti.

Maria Antonieta Oliveira

quarta-feira, 3 de julho de 2013

Porque Partiste, Ficando?!




Ouço-te,
No telefone que não toca
Nas palavras que não dizes.

Sinto-te,
Nos sentires que já não sentes
Nos beijos que já não me dás.

Vejo-te,
Naquele olhar perdido ao longe
Onde não te encontro.

Partiste, sem partires
Partiste, ficando
No telefone que não toca
mas, vibra.
No sentir que já não sentes
mas, eu sinto.
No olhar perdido
Onde ao longe
Eu procuro o teu olhar.

Aonde andas?
O que fazes?
A quem amas?

Porque partiste, ficando?!


Maria Antonieta Oliveira

sábado, 22 de junho de 2013

Destemida





Avanço destemida
Contra o tempo que me sobra
Quero recuperar a vida
Do tempo que já foi obra.

Cruzo-me com as árvores despidas
E as rosas já floridas
Nos caminhos da verdade.
Encontro aves feridas
Muitas folhas esquecidas
Nos trilhos da saudade,

Reduzo a cinza os meus passos
Recalcados na calçada
Naquela, que pisam os ventos
Quando sopram os meus tormentos
Sofridos no coração.

Mas eu,
Avanço destemida
Contra o tempo que me sobra.

Maria Antonieta Oliveira


quarta-feira, 12 de junho de 2013

Quadras Soltas ao Amor





Trago um coração ao peito
Aquele que tu me deste
Sinto-o bater ao jeito
Do jeito que me beijaste.

Beijei-te à meia-noite
Tu nem sequer acordaste
De manhã e com afoite
Disseste que comigo sonhaste.

Olhei teus olhos nervosos
Ouvi um gemido teu
Senti teus lábios saudosos
Deslizando no corpo meu.

Acordei, vi o teu olhar
Sorrindo para mim
Como é bom ter teu amar
Hoje e sempre, até ao fim.

Segreda-me amor, ao ouvido
Aquilo que me queres dizer
Olha meus olhos, querido
Sempre felizes, vamos ser.

Se a felicidade existisse
Eu feliz, queria ser
Nem que a ti, eu pedisse
Para comigo viver.

Olho teus olhos amor
E neles vejo tristeza
Vejo sofrimento e dor
Saudades da minha beleza.

Sorriram meus olhos ao te ver
Gotejaram de saudade
Fiquei triste e a sofrer
Pois só quero a felicidade.

Vi-te ontem, sem te ver
Beijei-te, sem te beijar
Tive-te, sem te ter
Amei-te, sem te amar.


Maria Antonieta Oliveira

(Escritas entre os dias 11-05-2013 e 01-06-2013 – numa viagem pela Europa)







Ser Livre








Não me prendas por favor
Deixa-me livre voar
Por mais voltas que dê
É em ti que vou pousar.

Se eu pudesse ser livre
Nem que fosse só por um dia
Fazia tudo o que quero
E no fim, me arrependeria.


Maria Antonieta Oliveira

(Escrito a 24-05-2013 – numa viagem pela Europa)

sexta-feira, 7 de junho de 2013

Perdoa-me Mãe



PERDOA-ME MÃE


Tens passeado comigo
Todos estes dias
Como se eu não soubesse
Que de mim já partiste.

Partiste!

Já faz tempo que partiste
Tempo que não perdoa
O tempo que passa
Aumentando a saudade.

Recordo com tristeza
Aquele teu olhar parado
Que nada dizia
Do tanto que ficou por dizer.

Recordo o teu sorriso feliz
Nos escassos momentos em que o foste.

Recordo os beijos
Que me deste em pequenina
E eu, não tos soube retribuir
Quando deles precisaste.

Recordo-te, com tanta saudade,
Minha mãe.

Queria poder abraçar-te, beijar-te,
E de novo te pedir perdão
Da filha que não fui.

Perdoa-me mãe!

Maria Antonieta Oliveira

(Poema escrito a 31-05-2013 – dia em que faziam 11 anos do falecimento da minha mãe) – (Numa viagem pela Europa)

Tenho Saudades








Tenho saudades
da tua pele nua,
suada, de encontro à minha.

Tenho saudades
dos nossos corpos transpirados
molhados, no sabor do amor.

Tenho saudades
de sentir o teu coração
palpitando no meu.

Tenho saudades
das tuas pernas peludas
entrelaçadas nas minhas.

Tenho saudades
dos teus pés frios
aquecendo os meus.

Tenho saudades
da tua boca
ávida dos meus beijos.

Tenho saudades
de sentir a tua língua
deslizando no meu corpo
e a minha, no teu.

Tenho saudades
dos nossos corpos se fundirem
num só amor consumado.

Tenho saudades, amor.
Tenho saudades de ti.


Maria Antonieta Oliveira

(Poema escrito a 31-05-2013 – numa viagem pela Europa)

Tudo Me Soa a Falso






Tudo me soa a falso
O que me dizes
O que não me dizes
O teu olhar
quando nem sequer me olhas
O que escreves
E o que não escreves
Até o teu pensamento
É para mim um tormento.

Tudo me soa a falso
Quando falo contigo
Quando falas comigo
Quando sonhamos juntos
Até quando fazemos amor
Tudo é falso em meu redor.

Tudo me soa a falso
Quando me dizes amar
E comigo quereres estar
Quando me olhas nos olhos
E vejo nos teus outros sonhos.

Até agora,
sim, agora
neste preciso momento,
tudo me soa a falso.


Maria Antonieta Oliveira

(Poema escrito a 31-05-2013 – numa viagem pela Europa)

Preciso Soltar as Palavras






Preciso soltar as palavras
e abrir o coração
Dizer os dizeres
do sentir e da razão.

Mas não tenho coragem
Falta-me a roupagem do palhaço
ora rico, ora pobre
que mente brincando
e brinca mentindo
sobre a realidade da sua vida.

Tenho medo!
Medo de trair chorando
Medo da vergonha de um olhar
Medo de deixar de me amar.

Quero soltar as palavras!
Tenho que soltar as palavras!
Quero gritá-las!
Gritá-las bem alto!

Soltar os gemidos sentidos
pelas palavras caladas,
retidas na mente
do coração que sofre e sente.

Maria Antonieta Oliveira

(Poema escrito a 28-05-2013 – numa viagem pela Europa)

A Água Que Me Chove






Entre a verdura da natureza
E a água que me chove
Dei comigo a meditar
E no futuro a pensar.
Foi então,
que tomei uma decisão:

Não!
Não te quero mais, amor
Não quero a tua prisão
na guarida do meu ser
Nem tão pouco me quero sentir
prisioneira de ti.
Não quero mais os teus beijos
de outras bocas já beijadas
Nem teus abraços e carinhos
noutros corpos já doados
Não quero mais esse olhar
que se prende ao meu
Quero meus olhos libertos
para nos teus ver o céu

Liberta-me do pesadelo
de te ver em todo o lado

Deixa-me ver o riacho que corre
A nuvem que passa além
A neve no pico da montanha
As flores que nascem viçosas
E os patos que nadam no rio.

Deixa-me nadar
Nos lagos que correm, comigo.

Liberta-me, amor
E ficarei sempre contigo.


Maria Antonieta Oliveira

(Poema escrito a 28-05-2013 – numa viagem pela Europa)

Flores do Amor







Hoje lembrei-me de ti
E das flores que um dia me deste
Eram da cor do amor
Tinham cheiro a felicidade
Pétalas de carinho
E folhas de liberdade.

Reguei-as com lágrimas sentidas
Cuidei-as com mãos sofridas
E elas,
Deram-me vida
A vida que andava perdida
Nos jardins da eternidade.


Maria Antonieta Oliveira

(Poema escrito a 24-05-2013 – numa viagem pela Europa)

Tanto Verde






Vejo o verde
No verde do meu olhar

Tanto verde me rodeia
Tanto verde me incendeia
Tanto verde a passar

Quanta beleza existe
No verde da natureza
O meu olhar se perde
Nos tons de verde que passam

Ah! Quantos verdes, quantos!

Vejo o verde
No verde do meu olhar.


Maria Antonieta Oliveira

(Poema escrito a 24-05-2013 – pela europa)

Não Partas de Mim, Amor




Não partas de mim, amor
Nunca me deixes só
Sabes amor, tenho medo
Do escuro, da noite, da vida
De tudo em que tu não estás.

Não partas de mim, amor
Somos dois num só destino
Unidos num só caminho.

Dá-me a mão, amor
Leva-me sempre contigo
Nunca me deixes para trás.

Quero ir sempre a teu lado
Quero teu abraço apertado
Tua doce carícia
Tua palavra meiga
Teu olhar de menino
Teus beijos carinhosos.
Quero-te sempre comigo
Não partas de mim, amor.

Se partires sem mim
Guarda um lugar a teu lado
Para quando eu for daqui
Ficar nesse lugar guardado.


Maria Antonieta Oliveira

(Escrito a 24-05-2013, durante a viagem à Europa)

sábado, 4 de maio de 2013

Momento Apetecido



(Imagem do Google)


Sigo com o olhar
cada milímetro do teu corpo
que estremece
De cada poro
saem lágrimas de felicidade

Apetece-me morder os teus mamilos
saboreá-los, senti-los.
Teu umbigo apetecido
parece um sorriso aberto
E eu, tão perto.

Continuo seguindo-te com o olhar

Atrevido,
explodindo de paixão
teu sexo olha-me, suplica
minha boca ardente
meu corpo quente
minha entrega total.

Quedo o meu olhar
Sigo meu instinto e abraço-te,
Sem fôlego
aperto-te contra o meu corpo desnudado
até te sentir em mim
bem junto, bem dentro
num afago sem fim.


Maria Antonieta Oliveira

Fosso







Abriu-se um fosso abismal
As terras agitaram o mar
E, as águas inundaram as terras.
Tudo o que era flor, o mar levou

Nada já faz sentido
Tudo é inóspito e está perdido.

Neste turbilhão
De ondas em convulsão
O mundo se agitou e se perdeu.

Tal, como tu e eu.


Maria Antonieta Oliveira

segunda-feira, 29 de abril de 2013

Vem






Vem
Afaga meu pranto
com o calor dos teus beijos
Abraça-me forte
Deixa-me sentir segura nos teus braços
Acarinha o meu corpo
Aninha-me em ti
Dá-me o teu fulgor
no amor que preciso sentir.
Aquece o meu coração
apenas com o bater do teu
Diz-me uma palavra
Apenas uma,
aquela que eu preciso ouvir
aquela que me faça sentir gente
aquela que molde a minha alma
e, me torne de novo
solitária presente.

Vem
Acaricia os meus cabelos
e beija-me a fonte
Chama-me menina e dá-me colo
Ouve os meus queixumes
e, aconselha-me sem azedumes
Olha os meus olhos
e seca-me as lágrimas
Dá-me a tua mão
e essa, a outra também
Segura-me pela ponta dos dedos
e dá-me vida de novo.
Solta-me as amarras
e deixa-me viver!

Vem
Preciso de ti!


Maria Antonieta Oliveira

segunda-feira, 22 de abril de 2013

Queria Encontrar o Amor





Queria encontrar o amor
Quiçá perdido numa esquina qualquer
0nde uma adolescente convencida
O deixou, esquecida.
Ou quem sabe,
Na estátua da avenida
Dar à Ninfa nova vida
E nela encontrar o amor?!
Ou naquele lago azul
Onde os ganços trocam olhares
Pavoneando as penas?!
Ou na noite do luar além
Quando surgem as sereias
Beijando os pescadores?!

Nesses mares infindos
Quem sabe surjam sorrindo
Eros e Afrodite
E, num longo e profundo abraço
Transformem esse laço
Num eterno viver de amor?!

E então,
Afrodite, eu seria
E tu,
Eros, o meu amor.


Maria Antonieta Oliveira




quarta-feira, 17 de abril de 2013

Lado a Lado







Entrelaço os meus dedos
na tua mão carnuda
Caminho a teu lado.
Na calma do tempo que passa
subimos os degraus já gastos
de outras vidas, outras subidas.
Olhamo-nos num sorriso cansado
Continuamos caminhando lado a lado
nos degraus desgastados do tempo que passa.
Esse tempo
que nos leva o sol, o mar, o ar
trazendo-nos para mais perto
a lua num céu estrelado.

Iremos,
sempre unidos
Lado a lado!


Maria Antonieta Oliveira