sexta-feira, 20 de junho de 2014

Bailado







Ouço Chopin!

Numa valsa de Schubert
Entrelaço o olhar num passo de dança

Ao som de Mozart
Rodopio nos teus braços, amor
Elevas-me ao céu
Repouso deitada no chão
Ao meu redor
Saltitam anjinhos do Lago dos Cisnes

Ao longe
Os sinos tocam uma Avé Maria

Recolhes meu corpo num abraço profundo
Qual Isadora Duncan
Em bicos de pés regresso ao mundo.

Olhos nos olhos na pista de dança
Entrelaçamos olhares
Fluindo ao som de um tango.

Um bolero de Ravel ecoa!

Maria Antonieta Oliveira
20-06-2014

quinta-feira, 19 de junho de 2014

Vem Ao Meu Encontro





Sigo o caminho que me ensinaste
Aquele onde me encontraste perdida
Sem carinho nem afago
Sem rumo ou destino

Esquecida da vida
Permaneci junto ao mar
Na rocha escalada a pulso
Degradada pelo bater das ondas
Onde me sentia junto ao céu

No horizonte passava o navio
Que te levou de mim para sempre
No mar ficaram tuas cinzas
Também elas perdidas
No marulhar das águas
As flores que te deixei
Continuam à tona beijando as gaivotas

Eu, continuo olhando o infinito
Na espera de te ver chegar

Sonho!
Sonho com a tua imagem
Surgindo das águas
Qual sereia encantada
Ou ninfa naufragada
Sonho!

Vem ao meu encontro, amor!

Maria Antonieta Oliveira
19-06-2014

terça-feira, 17 de junho de 2014

Bebé




Era Junho
O calor esquentava, no tórrido Alentejo
O pai na venda, depois de um dia de trabalho
A mãe cansada, ansiava o momento

De repente, os gemidos molhados
O pai chamado à pressa
A mãe sofria, gritava, suava
A aparadeira sempre pronta, ajudava
Uma cabecinha surgia
O resto do corpo saia
A menina chorava
A mãe exausta, estafada
Sorria de felicidade
O pai se alegrava

A menina parida
Nascia para a vida.

Maria Antonieta Oliveira
17-06-2014

quinta-feira, 12 de junho de 2014

Penso-te Ò Rio



Chilreiam os pássaros ao meu redor
As folhas das árvores balouçam suavemente
O sol caminha ao longe
Os carros passam
As pessoas caminham
A cadela adormecida acalorada
olha-me com meiguice no olhar
No jardim, além
avós e netos, brincam unidos

Lá longe,
penso-te ò rio que banhas
as margens do meu ser
Caminho ondulado
onde me perco, me encontro
me sinto e me revejo

Areia escaldante
Que me queima e abrasa
Que me consola e afaga
Que me beija e sacia
o corpo carente de ti.

Penso-te, no azul céu prateado
caminhando lado a lado
na corrente que nos leva e traz
no aconchego da vida por viver.

Penso-te ò rio, lá longe!

Maria Antonieta Oliveira
12-06-2014

segunda-feira, 2 de junho de 2014

O Tempo Não Para





Os ponteiros do relógio rodopiam velozes
As horas apressadas caminham
O tempo não para

Felicitações, abraços e beijos
Alguém nasceu
O tempo não para

Bebidas, noitadas, paródias
A juventude passou
O tempo não para

Pétalas, arroz esvoaçando
Caminhos que se unem no altar
O tempo não para

Filhos, creches, escolas
Trabalho mais trabalho corridas
O tempo não para

Netos risonhos felizes
Avós já sem pressa, mas,
O tempo não para

Tocam os sinos a rebate
Alguém morreu
O tempo não para.

A vida foge na pressa de viver!
E, o tempo não para!


Maria Antonieta Oliveira
02-06-2014





Sons Coloridos





O sol brilha no laço do teu cabelo
O pipilar ecoa no espaço
Teu manto esvoaça

O azul do céu caminha no tempo
A água límpida esverdeada
Corre da bica abandonada

O carro vermelho passa veloz
Chiam, guincham os travões
Acendem-se os lampiões

O verde da floresta frondosa
As rãs coaxam no lago
As ortigas crescem no mato

Miam, ladram, cacarejam
Rosas, lilases, amarelos
Trinam os sinos mais belos

Confundem-se os sons humanos
Com as cores da natureza
Tudo em sintonia e beleza.


Maria Antonieta Oliveira
02-06-2014