quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Conversa Com o Coração







Um dia convidei meu coração
Para uma conversa amena.
Sentámo-nos frente a frente
E, de olhos nos olhos,
de tudo falámos.

Primeiro perguntei-lhe o que é o amor.
Como sei discernir os meus sentimentos?

Pedi-lhe ajuda:

Por quem sinto amor?
A quem amo de verdade?
O que é a amizade?
Será que amor
é uma amizade maior
mais profunda, sincera e unida?
A quem amo afinal?
O amor é a rotina em que vivo?

Respondeu-me:

Amor
É carinho, ternura, paixão
É ouvir e dizer “ eu te amo “ a cada dia que passa
É um abraço dado no momento certo
Uma mão que passeia em nosso corpo.

Amor
É a ternura de um olhar
A palavra amiga no momento exacto
A boca calada que deixa os olhos falarem por si
O toque macio,
A palavra dita
A carícia doada
Os olhos falantes,
Os segredos partilhados
Lugares desvendados
Sonhos sonhados a dois.

Não!
Não vivo o amor!

Olhei o coração
Olhei-o de frente
Depois desta conclusão
Chorei.
Chorei compulsivamente.

Como Posso?!






Como posso saborear os teus beijos,
hoje,
Se não sei se alguém já beijou tua boca?!

Como posso sentir o afago do teu corpo,
hoje,
Se não sei se alguém já o possuiu?!

Como posso acreditar na tua boca dizendo amor,
hoje,
Se não sei se alguém também já o ouviu?!

Como posso saber se és meu,
hoje,
Se não sei se já o foste de outro alguém?!

Como posso acreditar em ti,
hoje,
Se não sei se a minha verdade, é a verdade de outra?!

Como posso amar-te.
hoje,
Se já te amei ontem

Se te amarei amanhã

Se te vou amar sempre?!


Maria Antonieta Oliveira


















terça-feira, 25 de setembro de 2012

Detesto a Chuva








Detesto a chuva
Sempre detestei

Molha a roupa estendida
Molha a estrada que calcamos
Molha os penteados
das madames e moçoilas
Molha os pezitos descalços
traídos pela vida que vivem.

Encharca corpos
Tornando-os quase desnudos.

Molha a sacola
que levaste para a escola
E a mochila da ginástica
Molha os ténis de marca
comprados ainda agora
Molha os pezitos descalços
traídos logo ao nascer.

Encharca a juventude
Não há nada que a derrube.

Molha a alma atrofiada
Que da vida não vê nada.

Detesto a chuva
Sempre a detestei.


Maria Antonieta Oliveira

Não Ligues








Não ligues
ao que te dizem meus olhos
quando te fitam
Não, não ligues.

Não ligues
ao que os meus lábios te dizem
quando te beijam
Não, não ligues.

Não ligues
ao palpitar do meu coração
quando me abraças
Não, não ligues.

Não ligues
aos sentires dos meus sentires
quando me sentes
Não, não ligues.

Não, não ligues, amor
Não sou eu
É a mentira que roça meu corpo
Que o faz vibrar em alvoroço
Dando-lhe outra vida e calor.

Não, não ligues, amor!

Comigo Não!





Não!
Comigo não!

Quando tu nasceste
já eu comia pão
já lia e escrevia
e até fazia poesia…

Não!
Comigo não!

Não tentes mudar meu ser
Não queiras alterar meu viver
Sou como sou
E assim quero continuar
Nada em mim quero alterar.

Não!
Comigo não!

Sou adulta bem crescida
Vivo e tenho a minha vida
Não sou dúbia
Sou una.
Sou como sou!

Não!
Comigo não!


Maria Antonieta Oliveira

Sem Nexo









Caí na rua
lamacenta de dejectos
nefastos purulentos
Sem nexo…

Caí na tumba
mais funda
mais reles e miserável
Sem nexo…

Caí!
Caí como qualquer uma
sem vida sem rumo
no rude caminho da desgraça
Sem nexo…

Complexo este viver
De querer e não querer
De sofrimento e dor
De caminhar sem pudor.

Sem nexo!

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

O Fim






Estou cansada de viver!

Estou farta de mim
Da vida que o dia me trás
De ser eu e nada ser
De tanto dar
E pouco ou nada receber.

Cansei!
Cansei de tanto lutar
E nada conseguir.

Congruências do destino
Tenho tudo o que sonho
Se o sonho for mudo e parco
Mas eu, sonho alto.

Cansei!
Estou farta!

Quero o fim de mim!

Tom Chocolate


(Imagem google)





Teus beijos em tom chocolate
fazem delícias em mim
Gulosa de ti,
gostosa do teu sabor
dos teus beijos, amor.

Outra Forma de te Ver Vidigueira





Algures no tempo
Saída do ventre de minha mãe,
Nasci em ti.
Em Lisboa cresci
Me fiz mãe, mulher e avó.

Mas tu,
Serás sempre
A minha eterna identidade
Da qual vivo a saudade.

Em ti,
Quero perpetuar meu ser
Deixando sentires e dizeres.

Em ti,
Quero permanecer
Para além de mim.

Em ti!

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Lágrimas Que Inundam o Rio


Foto de Jorge M. C. Antunes




Escondes-te nesse teu olhar sombrio
Lágrimas inundam o rio.

Caminhas,
procurando teu rumo
teu destino traçado
sonhado, trilhado.

Entre nuvens
tentas libertar teus anseios
ao encontro de outros devaneios.

Nas plumas do vento
soltas o teu pensamento

Declinas desejos
na areia que pisas
nos búzios e conchas
trazidos na maré que se esvai.

Nas ondas
teu ser descomandas

Desventras-te,
e sentes
o salgado da água que corre
percorrendo as vielas do teu corpo.

Amorfo, triste e sombrio
como esse teu olhar escondido
nas lágrimas que inundam o rio.

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Espreitas-me





Espreitas-me
com esse teu olhar atrevido
E,
sorris
qual catraio comprometido.

Sinto tal confusão
neste meu corpo carente
que meu pobre coração
bate aceleradamente.

Teus olhos matreiros
continuam espreitando
E eu, divertida
faço-me distraída
no palco deslizando.

Passo atrás…
Passo à frente…
Escondi-me novamente!

E tu,
com esse sorriso gaiato
e olhar atrevido
continuas à espreita.

E eu,
princesa convencida
procuro minha guarida
escondendo-me de vez.

Ou não…
Quem sabe?
Talvez!!

terça-feira, 4 de setembro de 2012

Olho-te








Olho-te,
nesse olhar profundo
nesse mar sem fim

Tuas melenas ao vento
são penas
no meu pensamento.
Fios de prata
envoltos em saudade
Lírios brancos
cantam eternidade.

Sonhos soltos
em palavras já gastas
Levam desejos
de vidas já fartas.

Esse olhar sem fim
onde tento habitar
é como o mar profundo
que me deixa a meditar.

Olho-te
Sem te ver!