quarta-feira, 31 de outubro de 2018

Luar




Luar
Luar que convida ao amor
Luar que inspira os poetas
Luar que alumia o caminho da dor
Onde se perdem os filhos da paz
Luar dos enamorados
Dos perdidos e reencontrados
Luar dos dias cinzentos
Em noites desconhecidas
Luar orgulho do céu anoitecido
Em dias de sonhos destruídos

Luar lágrima
Luar mágoa
Luar sorriso.

Maria Antonieta Oliveira
31-10-2018

segunda-feira, 29 de outubro de 2018

Âncorada Irei





Sinto-me tentada a partir na âncora daquele navio
Não sei para onde, mas sei que quero ir

Quero ir nas barcas da lua em quarto crescente
Quero sentir o sol ao acordar
E beijar a lua ao adormecer
Quero pousar em terra firme
E sentir que voei bem alto
Quero partir e chegar sem sair do mesmo lugar


Sentada na âncora daquele navio
Irei partir sorrindo.

Maria Antonieta Oliveira
29-10-2018






O Coração Sangrou






Hoje a saudade bateu à minha porta
O coração sangrou chorando
Olhei o céu implorando
Ver esse teu doce olhar
Ver o sorriso que não sorriste
E abraçar-te como nunca fiz
Queria ter-te comigo
E para sempre ser feliz contigo.

Hoje a saudade bateu à minha porta
E
O coração sangrou chorando.

Maria Antonieta Oliveira
29-10-2018



Alentejo





Casas de branco caiadas
De azul ou amarelo listadas
Casas simples

Gentes de bem
Onde o pão nunca falta
Nem o afago e o carinho

Gentes boas acolhedoras
Com a mesa sempre posta
Para dar de comer a quem chega
E um sorriso nos lábios
Mesmo que o coração chore

Gentes doridas sofridas magoadas
Cantando de sol a sol
Entre chaparros e oliveiras
Videiras e alecrins
Vão vivendo e revivendo
Os dias que faltam viver.

É assim o Alentejo
Que amarei até morrer!

Maria Antonieta Oliveira
29-10-2018






Doce




Com a doçura do amor
Num olhar jamais esquecido
Encontra a paz interior
No teu coração renascido.

Maria Antonieta Oliveira


sexta-feira, 26 de outubro de 2018

Cálice





Pousei o cálice no balcão do destino
Pousei a cabeça na vida em desalinho
E meditei.

Cansada de tanto errar
Pelas ruas do caminho a vaguear, adormeci
E sonhei

Calquei as pedras que pisaste
Mergulhei nas águas onde te banhaste
Comi as sobras que deixaste
Bebi da saliva que me deste
Dancei na tua nudez
Cantei ao som do teu hino
Vivi na vida que não foi
E acordei.

No balcão,
O cálice continuava pousado
Vazio
Sem vida ou destino.

Maria Antonieta Oliveira
25-10-2018

quinta-feira, 25 de outubro de 2018

A Nossa Poltrona





Soletrei a palavra esquecimento
E lembrei-me de ti.

Nesse recanto, onde a poltrona
Era a nossa poltrona
E a sala adornada de música suave
Era o baile encantado de nós
E o corredor por onde os caminhos fluíam
Era a vereda florida do amor
A janela,
A nossa janela onde os olhares esperavam
Era a saudade do dia que não chegava
E a poltrona, a nossa poltrona
Sozinha desesperava.

Quando de ti me lembrei
Apenas a palavra amor, soletrei.

Maria Antonieta Oliveira
25-10-2018

domingo, 7 de outubro de 2018

Esqueceste-me






Abri o livro
O teu livro
O livro da tua vida
Queria ler-te sem que soubesses

Li e reli
Queria viver o que viveste
Saber do teu pensamento
Quando o tempo não era nosso
Saber o teu caminho
Quando o destino nos separou
Li todas as linhas
E tentei nas entrelinhas encontrar-me

Página a página
Letra a letra
Soletrei cada palavra
Sílaba a sílaba
Incrédula, fechei o livro
Passei na tua vida
Mas tu,
Tinhas-me esquecido.

Maria Antonieta Oliveira
07-10-2018

sexta-feira, 5 de outubro de 2018

Eixo da Vida







Num rodopio invulgar
Do eixo da vida
Num eclipse total
De um céu iluminado
Num tempo sem tempo
De um pulso já parado

Rodopio no tempo
Floresço no dia
Em que o relógio parou.

Maria Antonieta Oliveira
05-10-2018

terça-feira, 2 de outubro de 2018

Quando Os Versos Não Saem





Quando os versos não saem
E as palavras ficam por dizer
O poema não extravasa
O que a alma sente
E a mente reclama
O coração chora
E o olhar fica perdido
No vale do teu rio
Que passa no meu leito
Desfeito
Sem calor que o alimente
Porque
Os versos não saem
E as palavras ficam por dizer.

Maria Antonieta Oliveira
01-10-2018