sábado, 31 de maio de 2014

Tanto Tempo




Corre-me teu sangue nas veias
Sinto-o fervilhar em mim
Sofro como sofreste
Sinto como sentiste
E assim, dou valor ao teu viver.

Não tenho a tua garra,
A tua força em vencer
Mas amo como tu amaste
A família que tenho
E vem de ti também.
Sangue do teu sangue
Amor do teu amor

A seriedade e hombridade
Ficou-nos por testamento
O amor e a saudade
A tristeza e o lamento.

Queria-te aqui, agora, Mãe!

Maria Antonieta Oliveira
31-05-2014

terça-feira, 20 de maio de 2014

Três Gerações






Já o galo cantou
E o cuco se calou

O jumento caminha lento
nos sulcos de terra seca
ao lado, o menino traquina
que acompanha seu pai.

Na pequena carroça
o avô já cansado, sentado
caminha no passo lento do jumento,
a seu lado o cajado já velho e gasto
percorre os sulcos da terra seca
nos ressaltos das ferraduras
dos rodados já usados da carroça

O miúdo tagarela
ao som dos pássaros que os acompanham
O pai caminha pensando
no hoje que será amanhã
O avô masca o cigarro de ontem
E o jumento caminha lento.

Já o galo se calou
E o cuco cuculou.

Maria Antonieta Oliveira
20-05-2014

Amanhã Será O Dia





Amanhã já é tarde
para acordares cedo

Hoje é o dia certo
para na certeza de seres
esqueceres o ontem tardio
engalanado mas bravio
que te fez sofrer.

Acorda, renasce
procura na vida a harmonia
a felicidade e o amor
a paz e a alegria
o carinho e a compreensão
a Fé em teu coração.

E então.
Amanhã será o dia
para acordares em sintonia.

Maria Antonieta Oliveira
20-05-2014

É Tarde







É tarde,
A noite cerrou o sol na linha do horizonte

Lá fora,
As gentes recolhem pedaços de vida
Calam bocas fechadas ao ser
Janelas trancadas no tempo
Quais gaiolas balouçando ao vento
As luzes apagam-se por magia
A chama da vela que arde
Soprada na lareira onde se queima o tojo
Assombra as paredes vazias da casa nua.
As portas encerraram a vida

O crepitar da lenha ecoa no espaço
A lamparina de azeite se apagou
O corpo inerte do retrato na parede do fundo, se finou.

A lua criou o seu espaço
No espaço roubado ao sol.

É tarde,
A noite cerrou o sol na linha do horizonte.

Maria Antonieta Oliveira
20-05-2014

Chovem Lirios Do Céu





Chovem lírios do céu
As pétalas das rosas vermelhas
Soltam-se na cama perfumada
A teus pés, as açucenas nascem
Coloridos verdejantes salpicados

Ténues gritantes alastram
Cravos de mil flores
Espinhos da vida que passa
Rios ribeiras amores
Fontes penedos riachos
Água cristalina que brota
Entre pedras caladas no tempo
Lagos nenúfares e patos
Lagoas rochedos e mato.

Perfume suave aroma
Gladíolos erguem-se ao céu
Hortências azuis lilás
Papoilas cortejando alegria
Entre girassóis galantes
Orquídeas abrindo flor
Malvas jarros jasmim
Perfuma suave aroma
Brotando em pérolas
Por entre as pedras do jardim.

Magia do arco-íris florido
Alimenta o ser distraído
E numa noite de breu
Chovem lirios do céu!

Maria Antonieta Oliveira
20-05-2014

quinta-feira, 15 de maio de 2014

Parto de Mim




Estou impaciente
Demente
Carente

Estou só
Nostálgica
Apática

Triste
Sem vida
Sem saída

Nervosa
Medrosa
Ansiosa

Choro
Imploro
Sem nexo

Quero
Desespero
Angustio

Lentamente
Caminho
Para o fim

Parto
De mim


Maria Antonieta Oliveira
14-05-2014

terça-feira, 13 de maio de 2014

Mariazinha





Para lá do além onde me reencontro
Procuro a menina ingénua e pura
Trigueira de olhos grandes esverdeados
Teimosa, tímida, nervosa
Metida consigo, medrosa
Solitária na companhia de entes
Gentes grandes, adultas, crescidas
Gentes de outras paragens, vividas
Marcadas, sofridas, nostálgicas, perdidas

No meio do nada infantil
Entre afectos recebidos sentidos
Perdida na trama da solidão
Acompanhada na vida da ilusão
Refugiada em si mesma
Na vergonha da pouca fartura

E não a encontro!?
Sim, encontro!!

Um ser sofredor
Castigado pelo passado constrangido
Num viver pelo pensar de outros
Num desabrochar furtivo
Envergonhado e cativo
Numa solidão acompanhada
Numa avidez desesperada
De ser
De existir
De pensar e viver por si só
Na vontade do seu próprio EU.


Maria Antonieta Oliveira
13-05-2014





domingo, 4 de maio de 2014

Lançamento 1ª Antologia Amantes da Poesia 3 de Maio de 2014

Saudades Mãe







Tenho saudades
De ver teus olhos sorrir
Da mão que me acarinhava o dormir

Tenho saudades
Dos teus beijos carinhosos
Dos teus olhos radiosos

Tenho saudades
Das palavras que não dissemos
Dos carinhos que não demos
Tenho saudades

Tenho saudades

De novo te olhar
De te poder beijar
De dizer que te amo
De te sentir num abraço
E dele,
Fazer a eternidade que te levou de mim.

Tenho saudades, mãe!

Maria Antonieta Oliveira
04-05-2014




sexta-feira, 2 de maio de 2014

"Sinto-te a Fugir Por Entre os Dedos do Silêncio"


“ sinto-te a fugir, por entre os dedos do silêncio”


Esta é uma frase minha, que dou comigo a aplica-la nas mais diversas situações.

Hoje, mais uma vez dou comigo a pensar que – sinto-te a fugir por entre os dedos do silêncio. Foges-me tu, mais tu, e mais, tu. Tantas que fogem sem que me aperceba do porquê.

Penso!
Há pessoas que veem os outros nos seus próprios espelhos, e erram. Nem todos somos iguais. Nem sempre reagimos de igual modo, em momentos diferentes, ou iguais. Os espelhos só nos mostram o que neles queremos ver.

É pena!
Menti-te, desculpei-me. Isso não significa que ao ver-te no meu espelho, também estejas a mentir-me ou a desculpares-te.

Errei!
Errei nos caminhos que trilhei, porque ei-de encontrar o teu reflexo no meu espelho, se tu segues o caminho perfeito.

Ilusão!
Cada um de nós tem o seu próprio espelho que reflecte a nossa vivência, os nossos erros, as nossas qualidades, o dia-a-dia que escolhemos.
Nenhum espelho reflecte a vida de outro, só o seu próprio espelho a pode reflectir.
Nem o teu, reflecte sempre a tua, pois muitas vezes até o espelho se embacia.

Reflexão!

Porque me fogem por entre os dedos do silêncio?

Maria Antonieta Oliveira
02-05-2014