segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Preciso de Silêncio




Preciso de silêncio

O silêncio dos nossos beijos sussurrados
Nos orgasmos do momento em amor

Preciso de silêncio

O silêncio dos teus olhos parados nos meus
Na cama do amor deitados

Preciso de silêncio

O silêncio dos nossos dedos entrelaçados
Dedilhando as vertebras do meu corpo

Preciso de silêncio

O silêncio do teu corpo percorrendo o meu
Na volúpia de um amor consentido

Preciso de silêncio

O silêncio do nosso amor
Na vontade do sentir perpetuado


Maria Antonieta Oliveira
29-09-2014


Caem as Folhas




Caem as folhas
Na revolta dos pássaros voltando

Lá longe
Onde as margens do céu se unem
Onde a terra acaba num mundo sem fim
Juntam-se flautas cantando um hino

A natureza perversa se esconde envergonhada
Os rios soltam as amarras voando
As aves retêm o canto no cimo das nuvens

Trovejam e chispam relâmpagos
Apagados por entre espinhaços
Lagos secam no meio do nada
Onde surge um místico luar
E a chuva goteja lágrimas de felicidade

Além
O tempo perde-se do tempo
O ontem é cada vez mais ontem
O amanhã cada vez mais amanhã
E o hoje
O hoje, perde-se no tempo

Caem as folhas
Na revolta dos pássaros voltando.

Maria Antonieta Oliveira
19-09-2014



segunda-feira, 22 de setembro de 2014

Espasmos de Outono




De novo só
no beiral da vida

Onde as gotas
se despem da folhagem de outono
e a beleza se perde
nos campos verdejantes

As andorinhas perdidas
entre vendavais da vida
fluem no ar agitado do tempo
pedindo guarida ao vento

Os pingos da chuva pesada
caem no solo endurecido
e, a calçada escorrega
na curva do caminho

As pétalas soltas ao luar
esvoaçam vencidas pela dor
e angustia saudosa da partida
da roseira ferida em flor

Pesam os ramos das árvores
no colo suave da noite
adormecida, vencida
pela tormenta da tempestade

Onde as gotas
se despem da folhagem de outono

E eu,
de novo só
no beiral da vida!

Maria Antonieta Oliveira
22-09-2014




Grito Incontido





Grito!
Grito mais alto que o próprio grito!

É o grito ensurdecido
No meu corpo parido
No meu corpo saudoso

É o grito que vem de ti
Do teu amor por mim
Daquele amor que perdi

Grito!
Grito e ninguém me ouve!

Meu grito sussurrado, no meu peito magoado
É apenas sentido no coração sofrido, torturado
Louco varrido, de um amor incontido

Grito!
Grito mais alto que o próprio grito!

Maria Antonieta Oliveira
22-09-2014



sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Esqueço-me De Mim





Esqueço-me de mim!

Escondo-me num baú esquecido no sótão da avó
Não quero que me encontrem
E, numa redoma de vidro opaco
Perco-me do mundo
Perco-me no espaço
Perco-me de mim

Adormeço num sono profundo
Esquecida do mundo
Esquecida de mim

Sonho!

Sonho ser borboleta esvoaçando
De pétala em pétala pousando

Sonho ser cavalo alado
Cavalgando ao longo do prado

Sonho ser amada
Numa gruta em teus braços devorada

Sonho com a liberdade
Ser livre libertando a mente

Sonho com a felicidade!

Escondida no baú do sótão da avó
Não quero que me encontrem!


Maria Antonieta Oliveira
19-09-2014




Ser Feliz




Tua pele macia suaviza meu corpo

Olho no espaço e procuro teu rosto
Além, onde o mar se perde
busco a miragem do teu olhar
No céu rebusco o som do teu silêncio
Na nuvem que passa quero ver o teu sorriso
No luar quero desnudar-te
Abraçar teu corpo em mim
E ser feliz.

E ser feliz!

Maria Antonieta Oliveira
19-09-2014

quinta-feira, 18 de setembro de 2014

Prece À Lua




A lua insiste em aparecer além
por detrás do olhar do poeta
persiste na curva do céu

Porque me atormentas amor?

Vejo estrelas saltitantes
cadentes mirabolantes
nos olhos da lua

Quisera eu ser tua!

Ateimas em me fazer sonhar
no ondular da nuvem passante
no brilho de um véu

Amei-te sem saber!

Lua além perdida
esquecida na vida dos amantes
de olhar penetrante.

Sonhei viver num castelo!

Parte lua
deixa-me esquecer-te
lua mentirosa

Pétala de rosa!

E a lua partida
no céu se ofendeu
o luar esmoreceu.

O amor feneceu!

Maria Antonieta Oliveira
18-09-2014

terça-feira, 16 de setembro de 2014

Chove Lá Fora




Chove lá fora
Sinto as lágrimas salgadas
corridas no meu rosto
sentidas no meu coração

Chove lá fora
Ouço o som da tua voz
sussurrando ao meu ouvido
que me amas e adoras

Chove lá fora
Sorrio ao saborear minha dor
no desânimo de te ver partir
De novo, vais partir

Chove lá fora
Também meu coração chora
por ti, pela tua ausência de mim
pelo teu amor que perdi

Chove lá fora
E eu,
choro por ti.

Maria Antonieta Oliveira
16-09-2014

sábado, 13 de setembro de 2014

Palavras Paridas





Cortaram-me as palavras
no momento em que me despi de ti

Saí de um corpo nefasto
farto de sofrer
de sentir e de viver

Sem palavras, continuei caminhando
Despida de sentires e viveres
mas, continuei

Continuei parindo outras palavras
Onde mágicas luas se encontram
num céu desconhecido
Onde estrelas jogam rumores
E vivem flores de cristal
Onde as nuvens de algodão
dão as mãos às fadas benfazejas
E as gotas de orvalho se cruzam
nas esquinas perdidas da vida
nas calçadas esquecidas dos trilhos

Cortaram-me as palavras
Mas eu,
Pari palavras de amor!

Maria Antonieta Oliveira
12-09-2014


Férias Com Os Meus Avós



Ir de férias com os meus avós
É coisa que muito gosto
E se tudo vos contar
Vão-se rir, aposto.

Acordo de madrugada
Estão eles a ressonar
Dou eu a alvorada
Toca já a acordar

Vira-se um
O outro também
E sorrindo para mim:
- Bom dia, meu bem

A avó que é beijoqueira
Dá-me logo mil beijinhos
O avô meu amigo também
Dá-me muitos abracinhos

Por cima de ambos me deito
Eles fazem-me festinhas
E assim vão acordando
Abrindo as pestaninhas

Já depois de levantados
E o xixizinho feito
Os banhinhos são tomados
Tudo feito a preceito

O avô põe a mesa
E o pequeno-almoço prepara
Eu ando de bicicleta
E a avó em tudo repara

Depois de beberem o café
Vamos de comboio p’ra praia
A avó na brincadeira
Mais parece uma catraia

- A água está fria, avó
Não quero praia, quero piscina
Está quita não me salpiques….
E faço a minha cara traquina

Mas com a brincadeira
Da minha avó Tieta
Dou comigo já molhado
E o frio era só treta

Nado, corro e mergulho
Salpico os meus avós
Parecemos todos miúdos
Sem distância entre nós

Regresso à casa andante
E agora toca a comer
Que eu quero ir à piscina
E a digestão tenho que fazer

De minuto a minuto
Eu pergunto à minha avó
Quanto tempo ainda falta
Quero ir já, tenham dó

Sempre alegre e brincalhona
Ela me vai respondendo
Até que chega a hora
E lá vou eu saltando e correndo

Coitado do meu avô
Que vai comigo sempre
Já cansado do trabalho
E quem sabe, até doente.

Sou miúdo, não penso nisso
Quero é ir mergulhar
Mas lá vem o nadador
De novo, comigo ralhar

Faço piruetas, cambalhotas
Dou braçadas, sei boiar
Pareço filho de peixe
Só na água gosto de estar

Começo a ficar com frio
E o avô diz: – vamos embora
Faço cara de zangado
Mas saio logo fora

A seguir vem o bem bom
Com o avô vou tomar banho
Rimo-nos muito os dois
Parecemos do mesmo tamanho

O avô é divertido
De paródia lhe chamo eu
Brincamos os dois na água
É um grande amigo meu

Mais umas voltinhas
Lá vou eu de bicicleta
O avô trata do jantar
E a avó estica a perneta

Pois é, a avó coitada
Nunca mais anda bem
Sempre, sempre a coxear
Com a grande dor que tem

Vontade tem ela de andar
E por isso se revolta
Às vezes depois do jantar
Ainda vamos dar uma volta

Regressamos ao hotel
De novo vamos dormir
Muitas estrelas no céu
Outro dia a sorrir.

Maria Antonieta Oliveira
07-09-2014