Ouvir
a tua voz sussurrada
Deixa-me
louca, embriagada
Sinto
lampejos de ternura
E
desejos de paixão
A
tua mão percorre o meu corpo
Retorcido
de tesão
Enternecida,
beijo a tua boca sedenta
Teu
corpo no meu entrelaçado
Unidos
em sonho e poesia
Queria
assim terminar meus dias
Nesta
sã loucura, contigo em mim.
Tenho-te,
sim tenho-te
Tenho
o som da tua voz sussurrada!
Maria
Antonieta Oliveira
31-12-2020
Amanhã,
outro dia vai nascer
Outro
ano a começar
A
esperança a renascer
A
vida a continuar
Amanhã,
vou gritar saudade
Vou
sonhar liberdade
Vou
sentir-te junto a mim
Num
abraço sem fim
Amanhã,
será igual a hoje
Mais
um dia em que a vida foge
Apenas
a folha do calendário mudou
Tudo
o resto igual ficou.
Mas
há esperança renovada
Na
vacina anunciada
Será
que vai resultar?
Vamos
para ver, esperar.
Amanhã,
será amanhã!
Maria
Antonieta Oliveira
31-12-2020
Queria
terminar este ano
Com
um poema bonito
Com
sábias palavras
Onde
imperasse o amor e a paz
Onde
o céu fosse azul
O
sol estivesse presente
E
as estrelas brilhassem
Nas
noites por dormir
Queria
escrever saúde
Sem
mortes indesejadas
Queria
soletrar alegria
Sem
reter palavras na garganta dorida
Queria
falar de felicidade
Mas
é diferente a realidade
Queria…
queria…
Mas,
não consigo!
Resumo
de 2020
Foi
longa a viagem
Foram
longos os dias
As
horas pareceram anos
O
ano foi um milénio
Maria
Antonieta Oliveira
30-12-2020
Quando
a serenidade envolve o teu olhar
E
a paz do mar acalma a tua mente
Brilhas
como as estrelas num céu limpo
Onde
as nuvens retrocederam escondidas
Envergonhadas,
encandeadas com a tua luz.
Quando
és o sol na vida de alguém
Aqueces
o seu corpo e brilhas no seu viver
Sentes
o marulhar do mar além
Devolvendo
a tranquilidade em ti
Tens
a felicidade na paz do caminho a percorrer.
Quando
és tudo isso
Quando
sentes e vibras
És
então, um ser de luz!
Maria
Antonieta Oliveira
29-12-2020
O
que posso dizer de um ano por viver?!
Sinto
agonia, tristeza, devastação
Sinto
raiva deste inimigo, sem coração
Sinto
medo, muito medo.
E
as desilusões?!
E
as tristezas?!
E
as perdas?!
Foram
muitas!
Foram
demais!
E
alegrias?!
Algumas…
poucas…
Talvez
mais…
Ou,
nem por isso…
E
o ano passou numa angústia constante
E
a depressão voltou trazendo intranquilidade
E
o mundo parou
E
a morte se instalou,
Deixando
um rasto de infelicidade
E
eu, tu, nós, todos
Vivemos
parados, sem viver.
O
que posso dizer deste ano?!
Maria
Antonieta Oliveira
28-12-2020
No
fumo do teu cigarro
Vejo
o teu olhar enternecido, atrevido
Fumaça
que me cativa
Deixa-me
perdida
Olhar
maroto de garoto
Sabor
a beijos roubados
De
cigarros mal apagados.
Cativas-me
E
cativa, vivo em ti
Contigo
e para ti
Nesta
e em outra vida.
Apaga
o cigarro
Afasta
o fumo
Mas,
Jamais
afastes de mim
Esses
olhar atrevido.
Maria
Antonieta Oliveira
26-12-2020
Gaivotas
soltas num olhar de poesia
Parecem
neve caindo no mar brilhante
A
espuma esvoaça com a maré
E
a ondulação bate na rocha esquecida
Sem
vida, sem sorte
A
proa vira ao norte
A
barcaça perdida
Os
homens sem vida
A
prece rezada apressada
As
mãos postas com Fé
E
vira a maré
E
volta a barcaça a terra
De
lágrimas soltas, caídas
Os
homens voltam às vidas
O
pesadelo passou a sonho
A
neve continua caindo
No
olhar solto das gaivotas.
Maria
Antonieta Oliveira
26-12-2020
Qual
a minha prenda de Natal?
Este
ano atípico, quero algo diferente
Quero
saúde, muita saúde, para toda a gente
Quero
paz e muito amor
Neste
mundo de terror
Quero
a minha família unida
A
que esta vida me deu
E
aquela que eu criei
Não
quero guerras nem traições
Nem
abraços traiçoeiros
Quero
e preciso que tudo seja verdadeiro
Quero
paz para o mundo inteiro.
Menino
Jesus
Quero
esta prenda no sapatinho
Que
deixei na chaminé
Ilusão,
eu sei que é
Mas,
Menino Jesus
Eu
em Ti tenho Fé
E
amanhã ao acordar
O
sapatinho vou espreitar
Na
esperança dos meus desejos
Em
breve, muito breve
No
mundo haver paz, amor
Saúde
e felicidade.
Maria
Antonieta Oliveira
26-12-2020
Sinto
um grito interrompido
Na
garganta do poema
Palavras
retidas, presas, obscenas, ridículas
Sem
valor nem rigor
Estrofes,
quadras, versos soltos ou sonetos
Sem
rima ou rimados
Virgens
imaculadas, prostitutas
Anjos
da paz, demónios
Crianças,
adultos, idosos
Paz
ou guerra
Amor
ou ódio
Sexo
consumado ou mal amado
Tudo
retido, interrompido
Na
garganta onde seca o poema.
Maria
Antonieta Oliveira
18-12-2020
Quando
tudo é frio ao teu redor
E
sentes aquele calor bravio excitante
Um
sabor amargo-doce do beijo interrompido
Teu
corpo estremece de emoção
Teu
coração esquece-se, batendo forte
Teu
sangue fervilha na compressão das veias
Excitas-te
enamorada e louca
Sais
de ti e presa de tesão adiada
Entras
em volúpia anunciada
Soltas-te
e vibras ao som de Beethoven.
O
frio bravio
O
calor excitante
Consomem-se
E
tu,
Ficas
ausente
Distante.
Maria
Antonieta Oliveira
18-12-2020
Se
eu pudesse iria desvendar o destino
Saberia
o acordar de amanhã
Teria
certezas das minhas incertezas
Encontraria
respostas às minhas perguntas
Ai,
se eu pudesse…
Falaria
com a bola de cristal
Ela,
levar-me-ia até ao céu
Onde
encontraria a minha mãe
Pedir-lhe-ia
perdão
Dava-lhe
os beijos que não dei
E
dizia tudo o que não disse
Lá,
também falaria com o meu pai
Apenas
uma simples frase:
-
Amo-te, és e sempre serás o meu herói!
Voltaria
então
Tinha
realizado os meus desejos
Já
nem o amanhã, me importaria.
Pois,
o ontem, estava resolvido
E
eu, estava feliz!
Maria
Antonieta Oliveira
13-12-2020
Queria
ter uma lareira
Ver
o crepitar da lenha
E
a labareda colorida
Subindo
pela chaminé
Onde
poria o meu sapato
Na
esperança que o Menino Jesus
Me
trouxesse o que lhe pedi
Satisfazendo
o meu desejo
Depois,
de manhã
Iria
correndo, descalça
Na
ânsia de acordar o sono
E
desembrulhar o teu sorriso
Na
brancura alva do lençol amarrotado.
Maria
Antonieta Oliveira
13-12-2020
No
remanso do meu lar
Recostada
no sofá florido
Embrulhada
na manta de lã
Releio
aquele romance
Revejo-me
nele
Eu,
tu e nosso amor
Nós,
clandestinos da vida
E
do amor partilhado
Do
tempo sem tempo a teu lado
A
cada linha, a cada espaço
Encontro-me
no nosso abraço
Num
laço profundo de sentir
Tão
nosso, tão distante.
Adormecida
na quentura do sofá
Ouço,
sonhando, a tua voz chamando:
- Vem até mim, amor, vamo-nos amar!
O violino, a guitarra, o piano
Cruzam seus sons no ar
Levanto-me e dançando
Entrego-me nos teus braços
Levito no teu corpo suado
E amamo-nos loucamente
Naquele sofá florido
Do remanso do meu lar.
Maria Antonieta Oliveira
13-12-2020
Perdi-me
no mar
Perdida
fiquei, até te encontrar
Brilhavas,
sem brilho
Navegavas
sozinha
Nesse
mar infindo
Era
o teu mundo, a tua casa
Era
o teu brilho, sem brilho
Que
me iluminava
Segui-te
com carinho
E
tu, ensinaste-me o caminho.
Grata
fiquei e te abracei
Saudosa,
mas liberta
A
terra voltei e numa moldura
De
prata dourada
A
estrela sem brilho
Guardada,
amada
Passou
a brilhar.
Maria
Antonieta Oliveira
09-12-2020
Perdi
tempo à procura de ser feliz
Perdi-te
nesse tempo perdido
E
não encontrei a felicidade
Porque
não te reencontrei.
Era
tarde, ou talvez não
O
tempo passara sem ti
A
felicidade ficou contigo
E
eu, perdida no tempo e na vida
Não
vivi a felicidade desejada
Perdi-me
de ti
Perdi-me
no tempo
Perdi
o ser feliz!
Maria
Antonieta Oliveira
05-12-2020
Ainda
gostava de um dia te encontrar
Contigo,
para sempre ficar
Sem
dias, meses, ou horas contadas
Sorrir,
caminhar, olhar, sonhar
Ver
contigo, o sol a nascer no horizonte
Subir
devagar e já bem alto na praia pousar
Passear
descalça na neve fria
Beber
um café quente à beira do rio
Alongar
meus passos num rumo certo
Viajar
livre sem atropelos
Nem
ordens definidas a reter
Ser
eu, simplesmente eu
Livre,
contigo, apenas e só contigo
Pois,
quando te encontrar
Finalmente
serei feliz
É
a ti que procuro,
Que
sempre procurei
FELICIDADE!
Maria
Antonieta Oliveira
04-12-2020
Chamem-me
bipolar
Talvez
tenham razão
Até
eu por vezes penso que o sou
Em
tempos, chamavam-me embirrante
E
era, era mesmo muito embirrante
Mas
eu não queria ser assim
Mas
era, sim, era
Eu
sei que era.
Finjo
que estou feliz, quando não estou
Finjo
gostar, quando não gosto
Finjo
fingindo, mas sem fingir.
Porque
finjo, sem querer fingir.
Pronto,
é isso
Sou
bipolar!
Maria
Antonieta Oliveira
28-11-2020
Na
rotunda, o moinho espera-me
Contorno-a,
as velas rodopiam
Na
esquina, tropeço no vento
Que
vibra nas velas do moinho
Soprada,
desviei o caminho
O
pó da farinha moída
Indicou
meu destino
Mas
o vento girou ao contrário
O
moinho sem velas, parou
A
farinha acabou
Perdida,
sem rumo a seguir
Fiquei
rodopiando, contornando
A
rotunda do moinho.
Maria
Antonieta Oliveira
22-11-2020
Um
dia, quando acordar
E
o rio me abraçar
Saberei
que estás comigo
Sentirei
teu ombro amigo
E
seguirei voando.
Um
dia, esse rio será mar
Nele
irei contigo navegar
Ao
sabor das ondas
Iremos
naufragar
Teu
corpo no meu
Unidos
na maré do sonho
Nesse
idílico momento
Consumaremos
nosso amor
Finalmente,
um só.
Maria
Antonieta Oliveira
22-11-2020
Amanhã!
Quando
será amanhã?
Haverá
de novo amanhã?
Voltarei
a viver amanhã?
Uma
luta sem tréguas
Um
inimigo desconhecido
Qual
D. Quixote, luto
Ou
espero D. Sebastião
Que
envolvido em nevoeiro
Esmoreceu
e se perdeu
Também
eu, esmoreço
A cada dia que passa
A
cada momento que fica
No
ontem, sem amanhã.
Amanhã!
Quando
será amanhã?
Maria
Antonieta Oliveira
21-11-2020
Procuro
no chão
A
sombra dos teus passos
Pequenos,
sapudos
Botinhas
de lã
Perninhas
gorduchas
Olhinhos
felizes
Sorrisos
e choros
Embalados
em sonhos
Colinho
e festinhas
Carícias
e beijos
Mas,
Cresceste,
hoje, quase homem
Encontro-te
em frente
Olhos
nos olhos
E
amo-te ainda mais
És,
serás sempre
O
meu eterno menino
Aquele
a quem dei colo
E
embalei nos meus braços.
Maria
Antonieta Oliveira
10-11-2020
Num
pequeno embrulho
De
papel pardo
Guardei
os rascunhos da vida
Com
cordel de sisal
Fiz
um laço farfalhudo
Com
as pontas bem enroladas
Para
que nada saísse
Para
que nada se perdesse
Na
prateleira forrada de jornal
Depositei
meu embrulho
Deixei
aí a minha saudade
O
meu passado por viver
Os
meus sonhos por realizar.
Depois,
o tempo passou
O
embrulho de papel pardo
Com
a humidade, se estragou
Nunca
saiu da prateleira
Forrada
com papel de jornal
Os
rascunhos e a vida
Ficaram
definitivamente esquecidos
Outro
embrulho voltarei a fazer.
Maria
Antonieta Oliveira
10-11-2020
Sinto
na boca o sabor do teu corpo
Sinto
o calor dos beijos
E
o som do teu cheiro
Há
música no meu coração
Dispersa,
divaga, baralhada
Na
confusão da minha mente
Inerente
ao meu sentir
Há
sofrimento, há saudade
Há
tristeza, há verdade
Há
sonhos e alegrias
Há
esperança e felicidade.
Amanhã,
será diferente
E
a minha mente demente
Acordará
Então,
serei outra
Mas
sentirei sempre a tua falta
A
ausência do teu corpo
Ausência
de ti.
Maria
Antonieta Oliveira
07-11-2020
