quarta-feira, 27 de fevereiro de 2019

Sempre Presente




Espreitas por detrás do limbo
Espreitas nas manhãs de nevoeiro
Ou, nas manhãs de sol
Não te inibes
Nada te faz desistir
Por detrás de uma arvore
Na sombra de uma nuvem
No calor de uma praia
Num dia de verão
Ou, num dia de inverno.

Espreitas em tudo o que existe
Nas ondas
No arrabalde
No cimo do monte
No quarto, na cama
Por detrás da janela
No espelho onde me miro
No vitral de uma igreja
Em ti
Em mim

Espreitas e entras
Sem pudor ou autorização
Espreitas e entras
Destróis e acabas
Tiras tudo
A vida da vida
A vida da gente
A gente da vida
Desta vida
Morte maldita,

Maria Antonieta Oliveira
27-02-2019

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2019

Avô Vitó





Senti-te ausente
Senti-me perdida
Senti-te partir
Senti-me confiante

Pedi, orei, gritei
Amei-te como pude
Cuide de ti com carinho
Sem esforço
Dei-te o mimo que precisavas
Sem mentir
Com a verdade de mim
Na minha entrega
Na esperança e confiança

E hoje,
Graças a Deus e aos nossos protectores
Estás aqui comigo
Em mais um aniversário
Hoje, são setenta e um
Amanhã, serão muitos mais
Com saúde, amor e Fé.

Sempre!

Maria Antonieta Oliveira
22-02-2019

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2019

Nunca é Tarde




Nunca é tarde
Sim, nunca é tarde para amar
E eu, que quase não vos conhecia
Hoje, amo-vos
Foi como se o tempo parasse
Naquele outro tempo
Onde os sorrisos se uniram
Num momento de felicidade.

Sinto-vos um pouco meus
Como se sempre o tivessem sido
O sangue, o meu e o vosso
É como se fosse apenas um
Correndo nas veias a caminho do coração
Bombeando felicidade
Num sentir que só eu sinto
Real, verdadeiro e meu.

O destino levou-me alguém
O destino trouxe-me alguém
Vocês meus queridos sobrinhos.

Maria Antonieta Oliveira
21-02-2019
22 h 51 m

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2019

Lisboa






Conheço os teus recantos
E encantos
Travessas e ruas estreitinhas
Ruelas, escadinhas
Becos e vielas
Conheço os teus santos e altares
Bairros e manjericos
Conheço o pisar da tua calçada
Pedras brancas e pretas
Galãs e donzelas escorreitas
Conheço o som da chinela
E o assobiar do amolador
Conheço o teu cheiro
Em dias de primavera
Conheço tudo de ti
Desde o dia em que cheguei
Que por ti me encantei.

Adoro-te Lisboa!

Maria Antonieta Oliveira
14-02-2019

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2019

Memórias




À janela empoleirada, olho para a direita
E ligeira, escorreita de canastra à cabeça
Vem a varina subindo cantando a sua canção:
“Ó fregueses, peixinho fresquinho, quem me acaba o resto”
“Aproveite freguesa”
Chega ao largo já cansada
Pousa a canastra no chão
Tira a rodilha e com a ponta do xaile alivia o suor do rosto
Escorrido, sofrido, de uma vida de escravidão.
Num gesto já rotineiro
Olha a Igreja de Sto. António, faz o sinal da cruz
E só ela sabe a conversa que têm.
Sorri, e de novo entoa a sua canção:
“Ó fregueses, peixinho fresquinho”
“Aproveite freguesa”
Olho a canastra no chão pousada o peixe brilha,
Como brilha a calçada quando pela chuva é regada
Sardinha, carapau e outros que não sei o nome
Ao longe, entoa a mesma cantiga
São as amigas da lide que sobem a rua
Que por ironia do destino, se chama de Padaria
E no largo, no chão pousadas já são três as canastras
As varinas descansam o cansaço
Desancando na vida das outras.
Regalo o meu olhar nas saias coloridas, rodadas,
Semi- tapadas por um vistoso avental debruado.
O xaile volta a cobrir os ombros
A rodilha volta à cabeça onde a canastra se irá apoiar
E, em amena cavaqueira, as varinas unidas
Continuam subindo
Agora,
A Calçada do Correio Velho.

Saio de cima da cadeira
Amanhã será outro dia
E de novo ouvirei o cantar da varina.

Maria Antonieta Oliveira
13-02-2019


sexta-feira, 8 de fevereiro de 2019

Talvez...Maria





Caminhavas na rua, descalça
Despida de sentimentos
Olhos no chão
Cabelo solto ao vento
Pés cansados
Rosto crispado
Mãos enrugadas
Corpo cambaleante, sem destino

Chamei-te: - Maria
Talvez, quem sabe, acertasse
Paraste mas, não olhaste
Chamei-te de novo – Maria
Estremeceste e seguiste
De passo apressado, trocado
Como quem foge do passado
Talvez fugisses da, Maria

Pés cansados
Cabelo ao vento
Rosto crispado
Quem foste?
Quem és?
Talvez... Maria…

Maria Antonieta Oliveira
08-02-2019

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2019

Gosto de Energia





Gosto da energia do mar
E do brilho do teu olhar
Gosto da energia do sol
Aquecendo o meu coração
Gosto da energia da lua
Iluminando a minha alma
Gosto da energia da chuva
Que rega os campos de trigo
Gosto da energia das pedras que piso
E sorriem ao meu passar
Gosto da energia do teu abraço
Que me acalma e harmoniza.

Gosto da energia da vida
Que mesmo quase perdida
Ainda me faz sorrir.

Gosto da energia
Que me dá energia.

Maria Antonieta Oliveira
06-02-2019