terça-feira, 31 de julho de 2018

Encontrei Um Jardim





Encontrei um jardim
Pareceu-me encantado
Ah maldito, este meu fado
Perdi-me nele
Entre veredas frondosas
Piquei-me nas rosas
E um jasmim
Sorrio de mim
Mais adiante
Um vento levante
Levo-me no ar
E titubeante pousei no mar
Bati bem no fundo
E o que era um jardim
Tornou-se para mim
Um pesadelo profundo.

Maria Antonieta Oliveira
31-07-2018

segunda-feira, 30 de julho de 2018

Vesti-me a Rigor




Vesti-me a rigor
Com o primor de uma donzela
Saia rodada, comprida
Laçada na cintura
Chapéu de aba larga
Por debaixo, um laçarote
Que adornava o cabelo
Sapato de salto alto
Batom vermelho
E unha pintada
Empinocada e convencida
Olhei-me ao espelho
A donzela, já era velha
A fatiota, fora de moda
Com o salto do sapato
Nem um passo era dado
O chapéu, oh Deus meu
O vermelho do batom
E as unhas no mesmo tom
O melhor, era nem ver
Afinal,
Vesti-me a rigor
Mas não fiquei um primor.

Maria Antonieta Oliveira
28-07-2018

sábado, 28 de julho de 2018

Pensando Pessoa

(Imagem da Net)




Fingindo
Ser o que não era
Foi sendo
O poeta partilhado
Em nomes inventado.

Maria Antonieta Oliveira
28-07-2018

sexta-feira, 27 de julho de 2018

Teatro da Vida





Encenei o teatro da vida
Fui actora e assistente
Fui público na plateia
Fui plebeia na aldeia
Fui rainha num castelo
Ri, chorei
Aplaudi, assobiei
Vivi cada cena
Cada acto
Senti o sabor da vitória
Senti o sabor da derrota

Cambaleei no palco da vida
Por mim encenada
E, parti.

Maria Antonieta Oliveira
27-07-2018

quarta-feira, 25 de julho de 2018

Onde Estou?





A lua
O sol
O mar
A areia que desliza
E piso
E ondula
No ondular dos meus sonhos
E a vida
A vida que vivo
E passa
E voa
No voo de uma nuvem.

E eu
Onde fico eu?!
No rochedo escondido
Na gruta da montanha
Na praia deserta
No caminho esquecido
No sonho perdido
Na lua
No sol
No mar
Deslizando na areia movediça
Do dia de ontem.

Maria Antonieta Oliveira
25-07-2018


domingo, 15 de julho de 2018

Vi-te Partir





Vi-te partir, meu amor
Contigo, nada levaste
Em mim, tudo deixaste
O sabor dos nossos sonhos
E o sorriso das nossas bocas ávidas
Fiquei com tudo.
Mas, fiquei sem ti.

Maria Antonieta Oliveira
15-07-2018

segunda-feira, 9 de julho de 2018

Abracei-te





Abracei-te
no dia em que o abraço se fazia ausente
senti-te no amago do meu sentir
emanaste a luz do amor
num dia em que as trevas me visitaram.

E, abracei-te
Sem que sentisses, tornei-te meu
num momento,
num espaço,
num abraço.
E assim ficámos
enlevados nesse sentimento de prazer
em que nossos corpos se uniam
e extravasavam orgasmos de luxuria
palavras proibidas, lascivas
proferidas pelo êxtase da paixão.

E, abracei-te!
Abracei-te, no abraço que te queria dar!

Maria Antonieta Oliveira
09-07-2018

Saudade







Ler saudade!
Sentir saudade!

Saudade também de ti, minha mãe,
Que me deste o que pudeste
Me ensinaste o que sabias
E tanto sabias, mãe!
Recta e pura, na tua simplicidade
Meiga e tranquila, no carinho e no amor
Azeda e fria, quando a vida te traia.

E nós?!
Onde ficou o nosso amor?!
Nos reveses da vida
em que não nos compreendíamos
Imagens secretas
Sons distintos
que nunca esqueci
e me traíram, ofuscando o meu sentir

Tu, sempre tu
caminhaste a meu lado
nos dias sombrios de sorrisos tristes
ou, em sorrisos abertos de ternura
De repente, o teu eu superior
deixou de existir
e, aos poucos vi-te partir
entre máscaras e tubos e fios
E sem um sorriso ou um beijo
partiste sozinha
ao encontro de uma paz merecida.

Amo-te mãe!
Tenho saudades do teu sorrir!

Maria Antonieta Oliveira
09-07-2018
Poema escrito após a leitura do livro “última palavra mãe” de José Jorge Letria.

quarta-feira, 4 de julho de 2018

Espelho da Vida





Percorro o olhar neste espaço exíguo onde me encontro
Nada vejo,
para além de um passado pendurado nas paredes
e, um olhar pesado que me atormenta
desde ontem, sempre hoje
Será que amanhã volto a encontrar-te?!
Esse olhar sinuoso que me persegue
aqui… ali… agora… sempre.

Olho-te, bem de frente
na demência de existir
mas, existo, e sou
o outro olhar por detrás
do espelho da vida.

Maria Antonieta Oliveira
04-07-2018

domingo, 1 de julho de 2018

Além Tejo





Atravesso os campos do meu Alentejo
perco o olhar na magia dos verdes
em ramos de videiras
que circundam o caminho.

O Tejo, esse,
continua caminhando por debaixo das pontes
a do Vasco da Gama, o 1º Conde da Vidigueira
pisei-a sem pisar e deixei-a para trás
voltarei mais logo, para de novo a pisar.

O olhar perdido, saudoso
acompanha o caminhar
Os campos, ficam retidos
nos ramos das videiras
E eu, perco-me
num olhar infindo
sobre o Além Tejo.

Maria Antonieta Oliveira
01-07-2018