terça-feira, 26 de novembro de 2019

Cheguei Tarde


Cheguei tarde
Chego sempre tarde
Mas, nunca me atraso na hora da chegada
Se é às três, eu chego às duas
Mas, chego sempre tarde
Tarde demais
Hoje deveria ter sido ontem
E assim chegaria a tempo
Não foi
E eu cheguei tarde

Quando começo, já acabou
Quando entro, a sala esvaziou
Quando chego, já é tarde.
Chego sempre tarde.

Maria Antonieta Oliveira
25-11-2019

sábado, 23 de novembro de 2019

Como?


Dizem-me para sorrir
Para seguir sem olhar
Para ser feliz sem pensar
Dizem-me
Mas não me dizem como
Como sorrir
Como seguir
Como não olhar
Como ser feliz
Como não pensar
Como?
Como esquecer
Se hoje e ontem
Ontem e hoje
Foram iguais?

Não!
Não consigo!

Maria Antonieta Oliveira
23-11-2019

segunda-feira, 11 de novembro de 2019

Espinhos Que Matam


Colhi a mais linda rosa do meu jardim
Cuidei-a com amor e carinho
Reguei-a, tratei-a a cada dia que passava
Vi-a crescer, embelezar-se
Tornar-se enorme
Aos poucos, os espinhos também cresceram
Aos poucos, fui sentindo a picada
Sem beleza, sem pureza, com maldade
E a rosa mais linda do meu jardim
Crescida, airosa, embelezada
Deixou-me perdida e sem nada
Ali plantada
Continua regada com amor e afeição
Ali plantada
Esquecida que a vida sem carinho
Não tem razão de ser
Para a rosa
A mais linda do meu jardim
Morri,
Sem querer saber de mim.

Maria Antonieta Oliveira
11-11-2019

quarta-feira, 6 de novembro de 2019

Rio Mira


Nas águas cálidas do Mira
Vagueio o pensamento
A areia solta pelo vento
Acompanha o balouçar
Do barco onde navego
Rio abaixo…
Rio acima…

O castelo altaneiro convida-me
Fico, ou parto?
Ao longe o farol alumia
O remoinho do vento na praia
Levanta suspeitas
Toalhas espalhadas
Roupas distraídas
De banhistas altruístas
Num reboliço
Qual feitiço de feiticeira

Amainou o temporal
Rio abaixo…
Rio acima…
Vagueio o pensamento.

Maria Antonieta Oliveira
06-11-2019

segunda-feira, 4 de novembro de 2019

Onde Mora a Felicidade


Sei que a felicidade está ali
Ali mesmo ao virar da esquina
Eu sei, sei que está naquele lugar
Na casa onde morei
Ou na esquina onde te encontrei
Sei, sei aonde a encontrar
Tirando o gelo do caminho
As ervas daninhas
que ornamentam a calçada
Desviando o alcatrão derretido da estrada
E as bermas poluídas de inveja
A maldade disfarçada
E as beatas espalhadas pelo chão

Sei, sim eu sei
Que está mesmo ali
Onde mora a amizade
O amor e a bondade
Aí, mora também a felicidade.

Maria Antonieta Oliveira
04-11-2019

Quanta Mágoa

(Ao olhar uma foto de Alice Vieira)
No lançamento do meu mais recente livro "Os Sons do silêncio"

Quanta mágoa existe por detrás de um sorriso
Quantas lágrimas disfarçadas
Quantas bocas caladas
E olhares por transmitir

Ah…. Quanta mágoa!

Desilusões e rasteiras da vida
Mágoas sem tempo
Vidas desfeitas, por fazer
Silêncios por calar

Tanta mágoa
Em sorrisos escondidos.

Maria Antonieta Oliveira
04-11-2019

domingo, 3 de novembro de 2019

Chuva Caindo


A chuva continua a cair
Nos lençóis molhados
Da cama desfeita
Onde cruzámos amores
Derramamos sorrisos
Trocámos orgasmos
Fomos um só ser.

Lá fora, esperas por mim
Na alameda fronteira à praia
Onde a chuva calca a areia
Apagando os nossos passos
O rasto que deixámos
Nos encontros que tivemos
E nos beijos que não demos.

Os lençóis da nossa noite de amor
Estão guardados no sótão do meu ser
Molhados, suados, amados
Tal como nós nos amámos
E suámos nos orgasmos repetidos
Nos abraços envolventes
Quando eramos inocentes.

A chuva continua caindo.

Maria Antonieta Oliveira
03-11-2019



Aquele Chá


Abri a janela, naquele dia cinzento
O vento esvoaçava nas folhas caídas
Pétalas de rosas adormecidas
Era um dia triste de outono
O sol esgueirava-se na nuvem
O tempo esfriou na madrugada

O chá fervente, arrefeceu
No escaldar da chávena partida
Adocicado com o sal da vida
Derramado na terra batida
Sem odor ou sabor
Sofregamente absorvido por mim

Naquele dia
Naquela janela
Aquele chá
Morreu
Na solidão
De mim.

Maria Antonieta Oliveira
03-11-2019

Amar


Carrego em mim o peso dos livros
Onde li e aprendi o que é o amor
Mas, não senti essa aprendizagem
Porque o amor não se aprende
O amor sente-se dentro de nós
No coração, no peito, até num simples olhar
O amor nasce em mim, em ti, em nós
Em cada um de nós habitará
Nasce quando nascemos
Mas não morre quando morremos
O amor, esse amor será eterno
De nós ficará
De nós partirá

Ai que peso carrego
E não sei o que é amar.

Maria Antonieta Oliveira
03-11-2019

sábado, 2 de novembro de 2019

Nas Asas de Um Anjo


Nas asas de um anjo, encontrei o caminho
Amplo, entre veredas bairristas
Escadarias empedradas
Janelas envidraçadas
E paredes engalanadas
A luz brilhante, no brilho do sol
Iluminava o espaço dos passos a dar
À noite, a lua cheia brilhava
Entrando de mansinho nas trevas do caminho
Até o céu se deixou estrelar
Para naquela noite poder brilhar
Pousando, voando
Caindo, levantado
Vou caminhando
No caminho encontrado
Quando nas asas de um anjo voava.

Maria Antonieta Oliveira
02-11-2019