segunda-feira, 30 de agosto de 2021

Mãos de Fada


 

 

 

Costuraste braços, abraços

Casacos, calças, sem mangas

Coletes e colarinhos

Bordaste lençóis e fronhas

Fizeste bainhas, saias, vestidos

Arroz doce, bolos, pasteis

E saborosos cozidos

Essas mãos habilidosas

Fizeram o que era preciso

E na tua face, sempre um meigo sorriso.

 

Mãos de fada

Mãos de mãe

As tuas, minha mãe querida

Que me afagavam enquanto criança

Mãos de fada

Mãos de mãe!

 

Maria Antonieta Oliveira

30-08-2021

 

domingo, 29 de agosto de 2021

Castelo Em Ruínas


 

 

 

O meu castelo desmorona-se a cada dia que passa

Em ruínas, quase sem paredes que me acolham

Sem tecto que me abrigue das intempéries

As pedras caem sem que as possa guardar

No meu baú secreto onde guardei o destino

Castelo sem guardião que me guarde

Sem alcaide ou mordomias, sem sol ou alegrias

Arcadas abertas, ameias desertas

O meu castelo em ruínas desmorona-se

E eu, qual moura encantada, não sei o que fazer

Não sei como o reconstruir, pedra sobre pedra

Como dar a magia de um outro tempo

Como reviver aquele nosso momento

E voltar a sorrir no meu castelo em ruínas.

 

Maria Antonieta Oliveira

29-08-2021

 

sábado, 28 de agosto de 2021

Perdi-me


 

 

Perdi o norte quando partiste

Perdi-te e perdi-me

Não encontrei o que me deste

Jamais encontrei esse,

Sorriso gaiato e traquina

Olhos suplicando amor

Boca sequiosa de beijos

Tudo levaste de mim

E eu, perdi-me

Perdi-me no dia em que te perdi.

Sem norte, nem sorte

Perdi-me.

 

Maria Antonieta Oliveira

28-08-2021

O Sopro da Vela


 

 

 

No sopro de uma vela

Reluziu o teu rosto

De sorriso magoado

E olhar embevecido

Transmitias a luz da paz

Na divindade de uma vida perdida

Uma vida não construída

Incompleta, incompreendida

Teu olhar perdido

Num destino por viver

Deixou-te sem terra, na terra

E a vela, soprada

Apagou-se.

 

Maria Antonieta Oliveira

28-08-2021

 

terça-feira, 24 de agosto de 2021

Sou Pura


 

 

Sou pura

Na impureza das minhas lágrimas

Que caem desamparadas

E rolam destroçadas

Pelas margens do meu rio

Sou pura

Nos sonhos de menina ingénua

Que ficaram perdidos na ingenuidade

Da vida que passou

Sem abrir o livro dos sonhos perfeitos

Sou pura

Sim, sou pura

Na impureza de tudo o que fiz

De tudo o que vivi

De todos os momentos sem retorno

 

Mas, sim,

Sou pura.

 

Maria Antonieta Oliveira

24-08-2021

 

 

Ilusão


 

 

 

Ah quanta ilusão existe

Nesta noite de verão, tão triste

Em que estou só neste barco sem rumo

Sem destino ou caminho

Ao sabor das marés vivas

E das areias movediças onde pouso

E te aguardo cansada de esperar

Quanta ilusão nesta depravação

Em que vivemos

Sem norte, nem sorte

Neste deserto infindo

Onde tu e eu navegamos

Entre arribas e fadigas

Esperando um amanhã com sol

Para abrigarmos este amor.

 

Quanta ilusão existe!

 

Maria Antonieta Oliveira

24-08-2021

segunda-feira, 23 de agosto de 2021

Converso Contigo


 

 

 

Eternamente enamorada

Converso contigo

Não sei o que digo

Não sei se converso

Mas sei que é contigo que desabafo

E contigo estou enamorada

És tu o meu ser inverso

Que transcrevo num poema idílico

Neste meu verso contigo

Sinto-me presa no abraço

Desse teu, meu amado braço

E converso contigo.

Enamoradamente

Contigo converso!

 

Maria Antonieta Oliveira

23-08-2021

terça-feira, 17 de agosto de 2021

18 de Agosto




Não há dias iguais

Nem meses ou anos sequer

Mas, há dias que nos marcam mais

Em todos os anos que passam

Num mês igual e diferente

Aquele em que viste a luz, como gente

Aquele em que me tornei mãe

E do meu ventre saíste chorando

Quem sabe, se teu fado sonhando

Ou ao mundo te agarrando

Para nele viveres, sorrires ou sofreres.

 

Estava um louco calor intenso

Suada, estafada, mas feliz

Olhei-te e amei-te

Em agosto desse outro verão

E em todos os dias, meses e anos

Em que estás e vives no meu coração.

 

Maria Antonieta Oliveira

18-08-2021

segunda-feira, 16 de agosto de 2021

Doce Flor


 

 

Uma beleza sem igual

Uns olhos cor de mel

E cabelos ruivos ao vento

Um simples café matinal

Uma conversa banal

E um sonho lindo, sem tempo

 

Assim eram os teus dias

Sem mágoas e sem alegrias

Iguais, sempre iguais

Fosse verão ou fosse inverno

Estivesses no céu ou no inferno

Sempre iguais eram os teus dias.

 

Nem a beleza te era fiel

Nem os olhos choravam mel

Era de sal o teu olhar

Um coração triste a palpitar

Sofredor e sem amor

Nesse corpo doce de flor.

 

Maria Antonieta Oliveira

16-08-2021

 

 

sexta-feira, 13 de agosto de 2021

Saudades


 

 

 

Tenho saudades de muita coisa

Tenho saudades de tudo

Até tenho saudades de comer um gelado

Sentada na esplanada da praia

Tenho saudades de respirar o ar

Sem máscara a impedir

Saudades de beijar e abraçar

 

Estava um dia de neblina cerrada

Tu, à janela esgueirada

Entreaberta pela ventania nocturna

Nem deste pelo acordar da madrugada

Tão cheia de saudades de tudo e de nada

Saudades do sol quente de verão

E das noites passeando de mão na mão

 

Saudades, saudades de tanta coisa

Saudades de ti e de mim

Saudades, saudades sem fim.

 

Maria Antonieta Oliveira

13-08-2021

 

 

 

terça-feira, 10 de agosto de 2021

Hoje, Já Ganhei o Dia


 

 

Hoje, ganhei o dia

Uma voz ecoou

Um abraço me afagou

Sentido, vivido com amor

A saudade apertava

Eu por ti ansiava

E ouvir a tua voz

Sentir o teu corpo no meu

Fez de mim a mais feliz das mulheres

A mais feliz das avós felizes.

 

Hoje, já ganhei o dia!

 

Maria Antonieta Oliveira

10-08-2021

domingo, 8 de agosto de 2021

O Castelo


 

 

É meu o castelo

Que o outro conquistou

Foi nele que me deste amor

E o primeiro beijo, desejo

Abraço ensejo

Muita gente nele se amou

Mas, o castelo é meu

 

Sinto que o tempo me foge

Sinto que estou a perder o meu tempo

E neste pouco tempo que tenho

Gostava de voltar ao nosso tempo

E nesse tempo ter de novo o meu castelo.

 

Maria Antonieta Oliveira

08-08-2021