sábado, 27 de outubro de 2012

Solta Amarras





Solta amarras
E garras
Nas margens dos rios
Transbordantes de vazios

Solta o teu grito de raiva
Deixa para trás tua mágoa
E tenta encontrar teu rumo.

Grita bem alto
À lua ao vento
Ao uivar dos cães
Liberta teu pensamento
De tantas desilusões.

Grita!
Grita bem alto!

Solta amarras!


Maria Antonieta Oliveira


quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Não Te Encontro



Estou só!
Continuo só!
Por mais que procure,
não consigo te encontrar.

Ninguém me ouve
E eu, a todos sei ouvir.

Não passo de um ser passante
num caminho errante
Não passo de um verbo por conjugar
De um poema por rimar.

Ninguém me ouve
Ninguém sabe de mim
Ou de mim quer saber
Falo, e tudo fica por dizer.

Preciso sentir-me gente
Confiante de mim mesma
Sou um ser carente, eu sei.

Quero encontrar esse alguém
A quem confie a minha vida
Encontrar a minha guarida
E possa desabafar
Falar só de mim, só de mim
Falar… falar… falar…

Libertar meus sentimentos
Todos os meus pensamentos
Sem medo de ser traída
Ou até incompreendida
Sem medo de ser acusada
Por tudo aquilo que errei
Errei tanto, tanto, eu sei.

Mas, não te encontro!
Não!


Maria Antonieta Oliveira

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Tudo e Nada




És o meu amanhecer
O meu acordar
A flor colorida
Que dá brilho à minha vida.

És a estrada
Que encaminha os meus passos
És o mar
Que em sonhos me leva

És monte
És vale

És areia do deserto
E, água fresca por perto
És o vento
Que me sopra ao ouvido:
“vem, meu amor querido”

És a linha do horizonte
A água que brota da fonte
És a nuvem que chora
Quando o meu coração padece.
És a estrela que ilumina
As minhas noites sombrias

És o som
A voz
O olhar

És do passarinho o pipilar
És a chama da minha agonia
És o calor do meu corpo frio
És o sol da minha alvorada

És tudo
e,
És nada.

Maria Antonieta Oliveira

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Simplificar


(Imagem google)




Sabes amor,
estive pensando:
- que seria mais prático
até mais fiel
e, jamais esqueceríamos,
se logo ao acordar
ao dizermos “bom dia”
disséssemos também
”até amanhã”
que outro dia será.

O que achas, amor?


Maria Antonieta Oliveira

Mãos Hábeis



ESTOFADOR



Com mãos de veludo
Ásperas e grosseiras
Tateias o tecido que vais trabalhar
Calos de mão que urge
Em dedos deformados
Moldar o gosto de ti
De mim, de outro alguém
Fazer magia
Com a própria fantasia
E sair bonito
Riscar os quadrados das flores
Na paleta pintada
Onde te sentas
E deitas
E adormeces
Acordas e nada vês
Para além do arco iris diferente
Onde descansas sorridente
Não vês
Que mãos de veludo
Ásperas e grosseiras
Fizeram à sua maneira
Do céu, do mar e da terra
Uma perfeita união
Com os calos e o veludo dessa mão.


Maria Antonieta Oliveira

Aquela Nesga





Por aquela nesga
Vidrei meu olhar
Mirei… mirei…
Sem te encontrar.

Não sei onde andas
O que fazes agora
Só sei que o meu peito
Se amofina e chora.

São lágrimas rubras
Caindo pingando…
Nem de mim te lembras
E eu, te amando.

E por aquela nesga
Cansei de procurar.


Maria Antonieta Oliveira




A Difícil Arte De Te Amar





Desassossegada, reclino-me no sofá

Quero escrever-te
e não sei que dizer
Pensei telefonar
mas, que te iria dizer?!

E se fosse ao teu encontro?!
Que bom seria!

Não sei que faça
para estar contigo
para te ter comigo
e sermos um só.

Vou fazer-te um poema.
( será que vale a pena )?
Nele te digo
O quanto te amo
O quanto te quero
e por ti reclamo.

Mas,
irias lê-lo?

Não, amor
Já não sei inventar
Ensina-me por favor
Como te ei-de amar.


Maria Antonieta Oliveira

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Liberta-te





Não partas, amor
fica comigo
nesta vida que partilhamos
neste fracasso desmedido
incompreendido.
Deixa que as tuas lágrimas
sejam também as minhas.
Choraremos juntos
num só lamento
Deixa fluir o tempo
E liberta-te.

Liberta-te, amor!


Maria Antonieta Oliveira

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Tempo Esgotado





O meu tempo esgotou!
O meu ser cansou!
Minha esperança acabou!

Lutei para realizar os meus sonhos
Lutei para ser quem sou
Lutei para ser melhor mulher
Ou apenas, saber ser mulher.
Os sonhos, continuam a ser sonhos.
E eu, continuo a ser quem sou.

O que fiz afinal nesta vida?!

Porque lutei, se errei?
Porque sonhei, se acordei?
Porque continuo a viver,
se quero morrer?

O meu tempo esgotou!
O meu ser cansou!
Minha esperança acabou!


Maria Antonieta Oliveira

domingo, 7 de outubro de 2012

Sangram Roseiras







Sangram pétalas vermelhas
Das roseiras do meu jardim
São dores sofridas da alma
São lágrimas derramadas por mim.
Sentidas, profundas
Soltando os gritos contidos
Soltando amarras ao vento
No desatino dum pobre sentimento.

Rolam pela calçada
Formando um rio colorido
São lágrimas tristes, cansadas
Perdidas no caminho percorrido.

Soltam-se pétalas vermelhas
Gemendo, gritando lamentos
Sangram os espinhos cravados
Na vida, da vida, os tormentos.

Sangram
As roseiras do meu jardim.


Maria Antonieta Oliveira


quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Não Matas, Não!





Porque me matas amor,
Com esse olhar de leão esfaimado?!
Com esse corpo peludo e macio
Qual leãozinho acabado de nascer?!

Porque me matas amor,
Quando percorres meu corpo
Com a doçura dos teus lábios ferventes?!
Quando sinto teu afago terno
Eterno, exausto e feliz?!

Porque me matas amor,
Quando me dizes amar
E uma outra estás a abraçar?!
Quando tudo parece certo
E tens a tal outra por perto?!

Porque me matas amor,
Se não pedi para entrar
Na vida que estás a levar?!

Queres dar-me felicidade
Mas é outra a realidade.

Porque me matas amor,
Se não sabes dizer não
A essa outra relação?!

Não amor,
Não matas, não!

Sou diferente, realmente.
Sei controlar sentimentos.
Reviver outros momentos.
E parar os sofrimentos.

Não amor,
Não matas, não!

Maria Antonieta Oliveira


terça-feira, 2 de outubro de 2012

Palavras Ousadas






Escorrem-me pelos dedos
as palavras que não ouso escrever.
Quero retê-las
Mantê-las apenas
No pensamento e no sentir.

Não quero abusar
Da decência da minha mente
Dos segredos do meu baú
Das trancas que aferrolham o meu viver

Não quero soltar amarras
e libertar as palavras
Não quero escrever
p’lo suor dos meus dedos
todos os meus segredos
Os degredos da minha vida
A palavra proibida.

Num relance,
Cortei tudo o que estava ao meu alcance
E não ousei
Escrever mais palavras.


Maria Antonieta Oliveira

Saí Por Aí






Saí!
Saí para não partir e te deixar só.
Fui por aí
Por esse caminho desconhecido
Onde um dia te encontrei perdido.

Percorri léguas a palmo
Na calma do meu compasso
Deixei-me levar na bruma
Na sombra do meu cansaço.

Saí por aí!

Na lonjura da tua ausência
Me encontrei naquele monte além
Onde posso tocar o sol
E beijar a lua
Onde as estrelas me dão nova luz ao coração
E eu,
Na minha demência
Canto um hino ao rouxinol
E uma balada só tua
Na loucura da paixão.

Mas eu,
Saí por aí
Para não partir e te deixar só!


Maria Antonieta Oliveira

Hoje, Não Vou Chorar





Hoje, não vou chorar!

Vou deixar que os meus olhos brilhem
Que neles transpareça a alegria
A felicidade de viver mais este dia.

Quero deixá-los livres
A contemplar a natureza
A ver a gente que passa
As crianças a saltitar
As poças de água no chão
onde os pombos se banham
e os gaiatos se salpicam
A ver os jogos de cartas
entre os idosos no jardim
A ver o céu a florir
em cada nuvem que passa
E a andorinha que esvoaça
E o sol escondido
Lá no canto do sol posto
Trazendo a noite e o escuro
Voltando a mim o desgosto.

Mas não!
Hoje, não vou chorar!


Maria Antonieta Oliveira

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Vou Partir





Vou partir!

Caminharei ao longo do mar
Pé ante pé…
Onda após onda…
À noite,
darei a mão à lua
para que me alumie o caminho
e não perca o meu rumo.

Pela manhã,
deixarei que os raios solares
aqueçam meu coração já frio
de tanto sofrer
Tentarei olhar o sol de frente
E quero num repente
nele me encontrar.
Quero sentir o calor do seu afago
para aquecer meu corpo carente
frio e gelado
como o glaciar que se aproxima.

Quero voltar a ser forte
A ser gente com mente decente
para vencer o degelo.

Quero ter o meu eu de volta
Deixar de sentir tanta revolta
Quero sentir amor e calor
dentro de mim
Quero que esse sol penetre
no meu corpo
Que a lua ilumine meu caminho
E as estrelas brilhem nos meus olhos.

Quero caminhar ao longo do mar
E voltar!


Maria Antonieta Oliveira