segunda-feira, 14 de setembro de 2020

Amante do Mar


Gostava de morar perto do mar
Ouvi-lo ao acordar
E adormecer com o seu cantar
Caminhar descalça ao seu encontro
Banhar-me nele a qualquer hora
Ser sua amante
Deixá-lo em mim pernoitar
Em sua cama repousar meu corpo cansado
E em suas ondas deixar-me embalar
Devagarinho, deixar-me levar
E quando acordasse
Sentir o crepitar do sol
Queimando meu corpo salgado.

Lá longe… o mar e eu
Apenas nós dois e o sol.

Maria Antonieta Oliveira
14-09-2020

sábado, 12 de setembro de 2020

Vencida



Vejo-te na magia de um por-de-sol
Num dia triste e sombrio
É nos teus olhos que sinto a vida
Na tua boca que aprendi a beijar
És tu quem transforma os meus dias
Num areal imenso, onde estendo uma toalha colorida
Deito-me na esperança de te ver voltar
Adormeço ao som do marulhar
As ondas perdem-se nas marés
E eu perdida continuo esperando
Um grão de areia traz-me o som da tua voz
Mas já era tarde de mais
O sol de tanto se pôr e acordar
Tinha-me na praia deixado perdida
Cansada e vencida.

Maria Antonieta Oliveira
12-09-2020

Vida Perdida


Foste uma menina perdida
No meio de um oceano de amor
Foste uma alga perdida
Na areia, trazida p’lo mar
Foste uma concha perdida
Onde aconchegaste o teu ser
Foste um buzio perdido
Onde ouvias o som do teu sonho
Foste uma sereia perdida
Abordada p’lo navio desertor
Foste um rio perdido
Desaguando num mar já esquecido.

Foste tudo
Foste nada
Hoje,
És mulher rio
És mulher mar
És mulher oceano onde pairam
Os sonhos por viver.

Maria Antonieta Oliveira
12-09-2020
(Inspirado no poema “Os namorados do Mar” do poeta/escritor Vitor Costeira)

quinta-feira, 10 de setembro de 2020

A Dor Voltou


Esqueci-me de ti, tantos os anos que passaram
As dores foram muitas, mas passaram
As lágrimas, também secaram
E eu esqueci o que sofri.
O tempo de incertezas voltou
Frio, calor, sol ou nuvens
E tudo, mesmo tudo, voltou

Hoje, amanheci com o nublado do céu
Quase uma manhã fria de outono
Aos poucos fui sentindo as dores de outrora
Aqui, ali, acolá… acolá, ali, aqui…
Ossos retorcidos pelo tempo
Mais uma droga e vai atenuar
E eu, voltarei a poder caminhar.

Raios partam esta ciática!

Maria Antonieta Oliveira

Caminhos


Saí à rua
A escola era longe
E o comboio estava cheio
De pé, aos encontrões, lá cheguei
Ontem, anteontem e muitos anteontens.

Saíste à rua
O emprego era longe
E o comboio estava cheio
De pé, aos encontrões, lá chegaste
Ontem, anteontem e muitos anteontens.

Olhares de adolescentes
Aproveitados nas curvas do caminho
Beijos e sonhos trocados em vão
O comboio travou numa outra gare
Ontem, anteontem e muitos anteontens.

Caminhos cruzados
Com outros rumos traçados.

Maria Antonieta Oliveira
10-09-2020


quarta-feira, 9 de setembro de 2020

Café Solitário


(Foto de um desafio do HP)



Bebi-te na espuma suave do mar
Olhando o horizonte longínquo
Na esperança que voltasses.
O sol escondido num emaranhado
De nuvens passando em viagem
Ocultando o calor de um dia triste
A chávena solitária como eu
Ficou retida na mesa vazia
Apenas a paz do local
Tornou a minha bebida
Num café em sinfonia
Com a música celestial
Imanada de ti em mim.

Maria Antonieta Oliveira
09-09-2020

quarta-feira, 2 de setembro de 2020

Salvei-te


Salvei o teu corpo
Da nudez das palavras atiradas
Palavras gastas, usadas
Palavras depravadas e desprovidas
De sentires
Vesti-te de pura seda
E pintei teus olhos da cor do mar
Penteei teus cabelos aos laivos
Pareciam ondas a bailar
Olhei-te e vi-te brilhar ao sol
No dia de inverno chuvoso e frio
Mas tu, irradiavas beleza
Vestida de ilusão.

Salvei-te!
Sim, salvei o teu corpo
Apenas com as palavras que usei.

Maria Antonieta Oliveira
01-09-2020