quinta-feira, 31 de maio de 2018

Teclas Soltas





Teclas e mais teclas
letras baralhadas
procuro-as
uma a uma
e baralho-me
não as encontro.

Apenas uma
quero apenas uma
aquela que me dirá
o caminho a seguir.
Nada!
Apenas uma e,
Nada!

Maria Antonieta Oliveira
31-05-2018



Saudade





Não há palavras que definam a palavra
Saudade
Por mais que os escritores escrevam
Saudade
E os cantores, cantem
Saudade
E os poetas declamem
Saudade
E os artistas e pintores recriem
Saudade
E o povo chore
Saudade
A saudade
Essa palavra sentida
No profundo do nosso ser
Continua sem palavra que a defina
Porque,
Saudade
É apenas e só
Saudade!

Maria Antonieta Oliveira
31-05-2018

sábado, 26 de maio de 2018

Escrevo-te





Escrevo-te,
como se o amanhã fosse hoje
e o hoje, fosse passado.

Escrevo-te,
no encontro de sentimentos
em que tu e eu, fossemos um só.

Escrevo-te,
na saudade de dias felizes
em que os beijos eram pecado.

Escrevo-te,
com palavras inventadas e gastas
pelo poeta amante e sofredor.

Escrevo-te,
talvez um dia, quem sabe,
tu leias o que escrevi.

Maria Antonieta Oliveira
26-05-2018

terça-feira, 22 de maio de 2018

Os Olhos





Os olhos
Ai, os olhos

Já não têm o brilho de outrora
nem o verde é tão verde
já não choram
já não riem
já não veem como antes.
De grandes, já são pequenos
Mas, sentem
Sentem o sal deslizante
e o sol, e o vento que lhes dói
Sentem a saudade de outros sentires
e choram
e riem
sem brilho
sem verde
com vontade de viver
e de ver.

Os olhos
Ai, os olhos
Esses olhos que amaram.

Maria Antonieta Oliveira
21-05-2018

quarta-feira, 16 de maio de 2018

Os Quatro Elementos




Sou água
No rio da tua vida
Onde caminho descalça

Sou fogo
No calor do teu corpo
Onde sacio meu ser

Sou ar
No vento que sopra
E me (e) leva de ti

Sou terra
Na leveza do meu pisar
Na busca do caminho.

Maria Antonieta Oliveira
16-05-2018


Quero Dormir Contigo




Quero dormir contigo, esta noite
Adormecer em teus braços
e, em teus braços acordar.

Esta noite, quero ser tua
Embalar-me no carrocel da vida
na feira onde os labirintos se cruzam
e, na pista de dança
serei a tua bailarina
dançarei ao som dos teus beijos
rodopiarei os sentidos
e cairei nos teus abraços.

Esta noite, quero ser tua.
Dormir no calor da tua cama
banhar-me no suor do teu corpo
deslizando na suavidade da luz
entrando pela fresta da janela entreaberta
na nudez de um carinho permitido
proibido de sentimentos controversos
e aninhar-me na doçura do teu olhar.

Esta noite, quero ser tua.

Maria Antonieta Oliveira
15-05-2018




quarta-feira, 9 de maio de 2018

Aquela Janela




Um dia, no sino daquela igreja
ficarei perdida
Um dia, no sino daquela igreja
ficará minha vida.

E a criança olhava e entristecia
E a estória ao anoitecer acontecia.

Mas, daquela janela
a criança também sorria.
Quando ao entardecer as aves voltavam
às árvores que serviam de morada
e adormeciam.
Um chilrear ensurdecedor
e ao mesmo tempo maravilhoso,
acontecia.
A natureza no seu esplendor.

E sorria também
quando chegavam os carros
todos iguais
e deles saiam as noivas
puras e radiantes,
ansiosas e felizes
para naquele dia,
o dia do santo casamenteiro
as abençoasse.
Todos os anos, no dia de Sto. António.

Mais tarde,
também naquela janela
a adolescente,
sonhou!

Maria Antonieta Oliveira
09-05-2018

Nota - Os sinos eram da Sé Patriarcal de Lisboa