quarta-feira, 28 de novembro de 2018

Voei Contigo




Olha ali o passarinho, como voa baixinho
Parece trazer no bico uma prenda
Talvez, um recado do meu namorado
Ou uma flor do meu amor
Pousou no jardim sem olhar para mim
Cantarolou, saltitou e voou
Tão alto, tão alto, que deixei de o ver
Fiquei convencida
Que a sua partida não era real
Que um dia, ele voltaria
E então me traria, no bico a tal prenda
Aquele recado do meu namorado.
Então,
O passarinho voando baixinho
Me levaria em suas asas
E os dois iriamos voando, num sonho irreal
Depois,
Pousaria no chão
E eu com a mão o afagaria
Lhe agradeceria tão bela viagem
Quanta ilusão!
Aquele passarinho jamais apareceu
Porque o meu namorado, de mim se esqueceu.

Maria Antonieta Oliveira
28-11-2018

Reencontro





Olhei-te de lado
E tu assustado
Fugiste de mim
Oh Deus, por favor
Dizei-lhe assim:
Não vás apressado
Quem está a teu lado
É o teu grande amor.
Olhaste-me sorrindo
E quase caindo
Correste embaraçado
Olhei-te de novo
E ambos sentimos
Nosso corpo abraçado.
E num reencontro
Felizes sorrimos.

Maria Antonieta Oliveira
28-11-2018




Caminho ou Destino





Saíste correndo, nem para trás olhaste
Apenas levaste, do pouco que tinhas
Um coração sangrando num peito apertado
Um olhar sombrio, num rosto pequeno
E num passo apressado, sem ninguém a teu lado
Caminhaste segura.

Ergueste o olhar
E de sorriso no rosto
Apagaste o desgosto
O sol de novo brilhou
E o teu rosto franzino
Caminhando de mansinho
O destino encontrou.

Maria Antonieta Oliveira
28-11-2018

A Poesia É




A poesia é a alma que grita
E o coração que chora
Um choro calado
Sem lágrima caindo
Um coração magoado
Num rosto sorrindo

E a poesia grita e clama
E voa correndo
Pelos mares do mundo
Pelos céus sem fim.
E a poesia solta-se
E as palavras nascem
E o poema é parido

Porque a alma gritou
O que o coração chorou.

Maria Antonieta Oliveira
28-11-2018

domingo, 18 de novembro de 2018

Sem Luz





Acendi o candeeiro da sala
Abri a janela do dia
Olhei o céu já estrelado
Sem perceber a escuridão imposta no meu coração

Aquela luz perdida
Desviada, escondida
Ausentou-se, partiu
Partiu no mesmo dia em tu partiste

Mas eu fiquei
Fiquei colada ao sofá
Grudada à vida
Àquela que eu queria contigo ter vivido

A luz esvai-se
Na escuridão permaneci
Mas não me perdi
Porque perdida já eu estava por ti.

Sem luz
Sem amor
Sem ti
O que faço eu aqui nesta sala onde o candeeiro se apagou?

Acendi o candeeiro da sala
Abri a janela do dia
E pela nesga da lua
Entraste de novo no caminho do meu viver.

Maria Antonieta Oliveira
18-11-2018




domingo, 4 de novembro de 2018

Quero-te




Quero ouvir a tua voz ao acordar
Quero poder no tempo recuar
Quero fluir, sentir, viver
Viver intensamente cada momento

Quero as lágrimas dos teus lábios
Caídas de um triste olhar
Beber em sofreguidão

Quero ver um semblante feliz
Na tua face nascida de um poema
Quero ser a poeta, a escritora
Aquela que te olha em poesia
E te vê estrofe por escrever

Quero-te escrever em palavras
Quero-te escrever em poesia.
Quero-te escrever um poema.

Maria Antonieta Oliveira
04-11-2018

sexta-feira, 2 de novembro de 2018

Não é Natal





Olhei o chão em sombreado
Nele havia um vazio assinalado
Um rosto tristonho, escorrido
De lágrimas soltas caindo
As mãos sujas e trémulas
Afagavam a perna dormente.

Em surdina, cantarolava
“É Natal… É Natal… Ouvem-se os sinos…”
E os sinos faziam-se ouvir
Uma… duas…
Doze badaladas são tocadas

No chão em sombreado
Caia inanimado
Aquele que nunca soube o que era
Natal.

Maria Antonieta Oliveira
02-11-2018