domingo, 25 de junho de 2017

Hoje







Hoje vou escrever diferente
Não vou falar de amor
Nem de ti e de mim
Não falarei do mar a marulhar
Nem da lua que me inspira
Ou do sol que me aquece o coração
Não falarei do tempo que passa
Ou daquele que já passou
Não escreverei saudade
Nem chorarei de solidão
O sal ficará nas salinas
Não deslizará pela minha face
Não vou pelos caminhos de ontem
Nem desejarei os de amanhã
Hoje, quero escrever hoje
Hoje, quero viver hoje
Hoje vou escrever diferente
Porque hoje, é apenas hoje!

Maria Antonieta Oliveira
25-06-2017

sexta-feira, 16 de junho de 2017

Há Muitos Anos









Era quase verão
Os dias já eram longos
E as noites já eram quentes
Entre o Tejo e o Guadiana
Os montes e vales entrecruzavam-se
As planícies de tons ocre, coloriam-se
E a vila engalanada de amor
Acolhia a mais bela menina.

Há muitos, muitos anos atrás

A vila engalada de amor
Continua a viver com alegria
As flores coloridas adornam os campos
No Tejo e no Guadiana as águas fluem
Os dias e as noites intercalam-se
Entre o sol quente e o frio do inverno
A vida continua igual
Neste quase verão

E eu, hoje, tal como há muitos anos
Continuo sendo a aniversariante deste dia.

Maria Antonieta Oliveira
17-06-2017


quarta-feira, 14 de junho de 2017

Rasguei Os Sonhos





Rasguei os sonhos em papéis pardacentos
Que a vida me ofertou
Sem sonhos
Sobrevivo à vida que me espreita
De coração vazio
Deito-me na nuvem colorida
E aguardo ansiosa
Que o meu sonho vire vida.

Maria Antonieta Oliveira
14-06-2017

domingo, 11 de junho de 2017

Desculpa Por Te Amar





Desculpa amor, por te amar
Por pensar em ti a cada instante
Por sonhar o impossível, em que tu estás
Sei-te, sinto-te e vejo-te feliz
Também eu o sou, de certo modo
Há momentos, muitos momentos
E tão poucos.

Desculpa amor, por te amar!

Maria Antonieta Oliveira
11-06-2017

Amanhã








Amanhã será tarde para viver
Porque a vida já passou
Amanhã será tarde para amar
Porque o amor me tramou
Amanhã será tarde para nós
Porque nós vivemos no passado.

Aonde ficou?!
Aonde fiquei?!
Aonde ficámos?!

Amanhã, quem sabe!

Maria Antonieta Oliveira
11-06-2017


Espero






Espero que a lua me traga os sonhos de volta
Espero que o sol me traga a luz que perdi
Espero que a vida me traga o que já vivi
Espero que a noite me traga o sono merecido
Espero que os sonhos me tragam a felicidade pretendida
Espero que a felicidade me traga os sonhos por viver.

Maria Antonieta Oliveira
11-06-2017




quinta-feira, 8 de junho de 2017

Silêncios





Há silêncios entre palavras proferidas
Apenas pelo teu olhar, meu amor
Nada dizes, nada digo
Bastam nossos olhos se cruzarem
Para sabermos
O que fica por dizer.

Maria Antonieta Oliveira
08-06-2017

terça-feira, 6 de junho de 2017

A Vida é Geometria






A vida é oblíqua.
Ou será quadrada,
e em cada canto do ângulo recto, te encontro?!
Não!
A vida é redonda como a terra.
Um circulo perfeito nas imperfeições do caminho
Onde rolamos, caímos e nos levantamos
sorrimos e choramos
mas sempre continuamos.
A vida é geometria
Que com toda a mestria,
faz magia.

Maria Antonieta Oliveira
06-06-02017

segunda-feira, 5 de junho de 2017

Paz No Mundo







O vento forte fazia-se sentir
No muro onde pernoitava o sono
A lua parecia caída, num céu sem luar
A fome permanecia estarrecida, sem vida
E o sonho vagueava nas vagas do mar

O vento soprava pela boca do ódio
A lua mentia as mentiras do mundo
E a fome e a miséria gritavam e se instalavam
Nas guerras de muitas guerras perdidas
E a criança e o velho sofriam.

O vento abrandou
A lua deu lugar ao sol
A fome, a miséria e a guerra terminaram
Aclarou a luz eterna do farol
E a paz ao mundo voltou.

Maria Antonieta Oliveira
05-06-2017

Ser









Solta e livre
Como o vento que passa
Queria ser nuvem
Passante, esvoaçante
Sem rumo certo
Queria ser pássaro
De folha em flor
Pousando e debicando
Liberta e livre
Ser pena, sem pena
Deslizando no espaço
Açucena florida
Ou rosa cheirosa
Ser tudo
Ser nada
Mas ser!

Maria Antonieta Oliveira
05-06-2017

sábado, 3 de junho de 2017

Folha Amarrotada







Apanhei do chão aquela folha em branco
Amarrotada pelo tempo, pisada e suja
Sem palavras, vazia e oca
Com passado por escrever
E tanto, tanto mais por dizer
Peguei na caneta já gasta
De palavras soletradas ao acaso
E pensei fazer um diário
Comecei pelo dia de ontem
Na praia, dançando na areia
Ao som da voz do amor
Cantado por ti em surdina
Pousei a caneta na ponta da secretária
Queria prosseguir a estória
Mas ela, já usada e conhecedora de mim
Escondeu-se por entre outras estórias
Ainda por contar e por viver.

Fiquei no ontem já escrito
Hoje e amanhã farão outra estória
Que escreverei quando morrer.

Maria Antonieta Oliveira
03-06-2017




sexta-feira, 2 de junho de 2017

No Orvalho da Noite








Na erva molhada pelo orvalho da noite
Deitei meu corpo cansado
De muitos sonos passados
E noites sem dormir
Sem luas, nem sóis, nem dias.

Na erva molhada pelo orvalho da noite
Descanso a mente poluída
De muitos sentires proibidos
E sonhos possuídos
Sem calor, nem amor, nem dor.

Na erva molhada pelo orvalho da noite
Olho o adormecer da lua
Vejo o ressuscitar do sol
E sorrio à vida
Com alegria, com paz, com harmonia.

Na erva molhada pelo orvalho da noite
Sou feliz!

Maria Antonieta Oliveira
02-06-2017

Sonho Em Poesia






Encostei-me à árvore do sonho e adormeci
No campo florido, caminhei contigo
Acariciei todas as crianças que encontrei
Descalça e nua, vesti-me de lua
Na vereda do tempo, solto o pensamento
Encontrei espinhos por entre os caminhos
Calquei, saltei, nas águas do sol entrei
Na cerca do monte bebi dessa fonte
A água da vida, da felicidade prometida
Feliz, continuei, em ti me aninhei
A árvore soprada, pelo vento derrubada
Fez-me acordar e do sonho regressar.

De ti, nada vi
A solidão era a companhia
Resta a emoção
Do sonho em poesia.

Maria Antonieta Oliveira
02-06-2017

quinta-feira, 1 de junho de 2017

Queria Apagar o Tempo





Queria encontrar uma borracha que apagasse o tempo
Voltar a ser a menina-mulher que um dia te conheceu
E amou
Que essa borracha encontrasse
As palavras que me deixavas nas carteiras da escola
E mas trouxesse de volta
Ao coração magoado que ainda te ama
Ser menina-mulher ou mulher-menina
Mas ter-te como antes, para mim
Queria ser a borracha para apagar o tempo
Ser menina-mulher, amante e tua.

Maria Antonieta Oliveira
01-06-2017

Ser Criança






Faz anos que a chuva estragou os nossos planos, quando pretendíamos passar o dia no jardim zoológico e uma forte tempestade abalou a nossa vontade.
Faz anos em que foste criança, e hoje, já mãe, me deste as melhores crianças do mundo, os meus netos muito amados e queridos.
Faz anos também eu fui criança, que dei à minha mãe, a melhor neta, tu, mãe dos meus netos.
Faz anos que todos nós já fomos crianças, e daqui a outros anos, alguém também dirá, que faz anos que eu, tu, nós, já fomos crianças.

Maria Antonieta Oliveira
01-06-2017