quarta-feira, 23 de julho de 2014

O Tejo




O Tejo caminha a teus pés
No silêncio da bruma que passa
Espuma-se além entre rochedos
Medos

As gaivotas esvoaçam o céu azul
Os negros corvos inertes
Olham ao longe a outra margem
Miragem

Degraus que sobem e descem em águas
Lágrimas salgadas, cacilheiros, pessoas
Gentes, mundos, passantes
Amantes

Aqui e além
Debicam, saltitam, mergulham
Salpicos salgados molhados
Arrasados

No silêncio da bruma que passa
O Tejo caminha a teus pés.


Maria Antonieta Oliveira
23-07-2014






A Outra





Hoje não sou eu,
Sou a outra que habita em mim

Não sinto a tristeza do passado
Nem a alegria do presente
Não tenho saudades tuas
Nem me lembro que existes

Esqueci os meus tormentos
Nem lembro os meus lamentos
Esqueci os dias de felicidade
Nem sequer sei minha idade

Sou a outra
A que não tem coração
A que vive sem ilusão
A que ama sem amar
A outra!

A outra que habita em mim!


Maria Antonieta Oliveira
23-07-2014




quarta-feira, 16 de julho de 2014

Recordação De Uma Trade




Recordo com saudade aquela tarde

Tu e eu, o mar e a magia

De mãos dadas, saboreávamos o dia
O mar, ondulava na areia crispada
O sol queimava, o amor pairava
Nosso olhar encontrava-se
Nas palavras por dizer
Nossa boca sussurrava
Os beijos sufocados no desejo
As mãos trémulas de prazer
Permaneciam unidas
No entrelaço do sangue a ferver
Nossos corpos esgotados no tempo
Rejubilam de volúpia e felicidade

A tarde passa no desvanecer do sol
Os beijos não dados e as palavras por dizer
Ficam na memória por esquecer

Tu e eu, afastamos-nos
Num abraço apertado
O amor foi partilhado

Hoje,
Recordo com saudade aquela tarde.


Maria Antonieta Oliveira
15-07-2014


No Silêncio Das Pedras





No silêncio das pedras caladas
Ouço os teus passos
O som da tua bengala
Caminhas para mim
Teus braços abertos
Teu sorriso de menino
Teu carinho incompreendido

Corro ao teu encontro
Abraço teu corpo sem vida
Beijo tua face trigueira
E sorrio.
Sorrio feliz poe te ter comigo
Olho os teus olhos verdes
Olhamo-nos de frente
E compreendemo-nos

Perco-me no silêncio das pedras caladas

Quero ouvir de novo os teus passos
O som da tua bengala
Beijar tua face trigueira
Olhar teus olhos verdes
E nada encontro.

Fico!
Fico sozinha
No silêncio das pedras caladas.


Maria Antonieta Oliveira
14-07-2014


No Silêncio Que Me Persegue




Este silêncio que me persegue e atormenta

Entre risadas felizes
gargalhadas e saltos
mergulhados de prazer
Brincadeiras de petizes
Sonoros trinados
Príncipes encantados
Num calmo entardecer.

E eu,
Continuo sozinha
Neste silêncio que me persegue e atormenta.

Maria Antonieta Oliveira
14-07-2014


No Silêncio do Sol




Acordo no silêncio do sol

Esse silêncio que me acompanha
Que faz parte dos meus dias
Que me atormenta o ser.

Esse silêncio traiçoeiro
Que entristece meu coração
Que exalta à solidão
Que me atormenta o ser.

Acordo e adormeço
Na noite do dia perdido
Vivo a vida sem viver
No espaço do tempo que tenho.

E,
Acordo no silêncio do sol.


Maria Antonieta Oliveira
14-07-2014

No Silêncio da Sombra





No silêncio da sombra adormecida
Teu corpo perece inerte

Teus olhos tristes perscrutam o medo
Teu ser procura o ser que o complete
Tua alma vegeta perdida
da vida, na vida que passa
Teu coração partido inala o sangue
que entre veias circula.

Teu corpo inerte perece
No silêncio da sombra adormecida.

Maria Antonieta Oliveira
14-07-2014

domingo, 13 de julho de 2014

Manhã dos Ventos





Espuma-se a lânguida manhã dos ventos
Refugia-se aqui além no espaço
Escondida entre as brumas das marés

Elevam-se sons estridentes frenéticos
Rugem as árvores despidas
As folhas caídas retidas pelo chão

Esvai-se o sol no céu lunar
A noite adentra-se no amanhecer
A vida perene no entardecer

E ontem? E hoje? E amanhã?
O tempo urge no tempo de viver!


Maria Antonieta Oliveira
13-07-2014

Cristais




Chispam cristais do céu do teu olhar

Sonhas!

Sonhas com o ser que criaste
E não amaste
Sonhas com o homem amor
Criador da tua paixão
Animador de teu coração

Sonhas!

Sonhas com a vida exigida
Pelo ser que és
Sonhas com a saudade parida
Na vida perdida

Sonhas!

Sonhas com o amanhã imaginado
No caminho já traçado
Sonhas com o amor eterno
De um quente frio de inverno.


Sonhas!

E nesse sonhar
Chispam cristais do céu do teu olhar!


Maria Antonieta Oliveira
13-07-2014