segunda-feira, 26 de agosto de 2019

Ama-me








Ama-me!

Porque te hei de amar?!
Diz-me, diz-me porquê!

- Porque sou o teu sol em dia de nevoeiro
A tua lua em noite de tempestade
Sou a tua âncora em mar naufragado
A tua estrela que te ilumina o caminho
Sou a tua vida na minha vida traída
Sou tudo e nada, do que posso ser
Por isto te peço:
Ama-me!

Amo-te, sim, meu amor!
Sempre foste a vida que não tive
O amor que sofri e perdi
Sempre foste aquele que…
Sim, amo-te, meu amor!

Maria Antonieta Oliveira
26-08-2019


Queria Cantar-te




Saí por aí sem rumo
Queria enaltecer-te
Cantar o teu fado
Dar a conhecer ao mundo
O mundo que foi meu
Aquele que eu não soube cantar
Não escrevi a letra
Não compus a música
A pauta, ficou em branco

Nem viola, nem guitarra
Nem preto do xaile, usei
Nada pelo teu fado mudei
E o tempo, o tempo do nosso fado
Sem compasso, nosso fado
Num ápice passou
Sem que eu o soubesse viver
Não soube cantar teu fado
Porque não mo deixaste escrever.

Maria Antonieta Oliveira
26-08-2019



segunda-feira, 19 de agosto de 2019

Olhos Meus





Estes olhos estão cansados
Muitos anos já passados
E cristais de puro sal esvaziados
Olhos lindos de outrora
Verdes, castanhos, ao teu olhar
Viram muros
Viram estradas
Viram caminhos partilhados
E muitos outros já usados
Olhos grandes de outrora
Bem mais pequenos agora
Tristes, magoados
Sem os teus para beijar.
Estão felizes quando vos olham
Sorriem de gratidão
Olhos estes tão sofridos
Já pequenos de vencidos
São verdes da cor do mar
Ou castanhos para sonhar.

Maria Antonieta Oliveira
19-08-2019

quinta-feira, 15 de agosto de 2019

Parabéns Carochinha

18 de Agosto de 1973



Foi ontem,
Sim, foi ontem que não me deixaste dormir
O raça das costeletas de porco, comidas ao jantar
Não me deixaram descansar
Dores de barriga, toca a levantar
Depois de abrandarem, de novo para a cama
Mas, ai mãe, aí estão elas de novo
Casa de banho, seria a solução
Mas não, nada demovia estas dores
Nunca mais como costeletas ao jantar.

Amanheceu dolorido, sofrido
E as dores não desistiam, será que
Pois…. Se calhar…. É mesmo isso…
A doutora competente, assustou-me e de repente
Aí vamos nós para o local indicado
São Loureço e São Nicolau ajudaram-nos
E tudo se desvaneceu
A carocha escondida à luz apareceu.
Eu sabia, eu sabia que eras linda, uma linda menina
A filha desejada, em Agosto saudada.

Desculpem costeletas, estava mesmo enganada
Verdade, acreditem, estava mesmo equivocada.
Afinal, era a minha filha amada.

Maria Antonieta Oliveira
15-08-2019





terça-feira, 13 de agosto de 2019

O Sonho Comanda a Vida





“O sonho comanda a vida” - Disse o poeta.
(Manuel Freire - António Gedeão – Pedra Filosofal)

A minha vida é um sonho
Um sonho inconstante
Irrequieto e sofrido
Quando chego, já partiste
Quando sonho, já acordei
Quando acordo, não vivo
Porque viver já passou.

Vivo, neste sonhar constante
Neste acordar pertinente
Neste rebuliço da alma
Que acorda e adormece
Vivendo num sonho
E, sonha vivendo.
Nesta vida inconstante.

Mas,
“O sonho comanda a vida”

Maria Antonieta Oliveira
13-08-2019

sexta-feira, 2 de agosto de 2019

Sol de Abril





Ontem, quando abri a janela do teu quarto
Olhei o céu desvanecida
O sol brilhava, o azul era mais azul
Ao redor, tudo estava florido
Sentia-se no ar a primavera a chegar
O cheiro florido imanava nos sentidos
Deambulei o sorriso pelo jardim
Num simples malmequer vi o teu olhar
Sorrias de felicidade
Finalmente vias a janela do teu quarto
Aberta à luz daquele dia majestoso
Pelas mãos, as mãos que tu sempre amaste
As tuas mãos guilhotinadas
Pelo caminho escolhido ontem
Naquele dia em que o sol se escondeu
E a chuva atormentou o caminho
Então,
Caminhámos, caminhando sempre
Por retiros e atalhos desprovidos
Sem sol ou luz que nos guiasse
E assim perdidos
Esperámos pelo odor primaveril
Para abrir a nossa janela
Naquele outro dia solarengo de Abril.

Maria Antonieta Oliveira
01-08-2019

quinta-feira, 1 de agosto de 2019

O Livro





Abri o livro
Aquele que outro dia me ofertaste
Folheei… folheei… abri… fechei…
Sem encontrar o que procurava
Pousei-o de novo
Na prateleira bolorenta e fria
Onde há muitos anos permanecia

Já na cama deitada, sem dormir
Recordei cada palavra nele escrita
Amor, desamor
Sorrisos, lágrimas
Corredor, castelo
Janela, prisão
Sonhos, ilusões
E tantas outras saudosas
Em cada uma, tu estavas
Em cada uma, recordei e senti
O que foi e ficou para trás
Em cada uma eu vivi
Contigo e sem ti num abraço.

O livro, esse, rasguei-o ontem
Para de novo o colar e abrir
E ler e viver todos esses momentos
E chorar e sorrir
E num todo, ser feliz.

Maria Antonieta Oliveira
01-08-2019