terça-feira, 31 de dezembro de 2019

Papel e Caneta


Uma caneta, um papel
Um raio de luz
Uma folha do caderno
Em confidente se torna
Nela deixo tudo e nada
Segredos disfarçados
Outros, mal contados
Versos, estrofes, palavras
Poemas, poesias, prosas
Desabafos, sonhos e raivas

A brancura fica manchada
Arabescos indefinidos
Indecifráveis conclusões
Só eu e tu os sabemos
Só eu e tu os descobrimos
E
O papel, a caneta, o caderno
Guardam para sempre
As palavras soltas de mim
Só minhas, só nossas.

Maria Antonieta Oliveira
31-12-2019

segunda-feira, 30 de dezembro de 2019

2019


Que dizer de ti, 2019?
Graças à amizade realizei sonhos
Escrevi e escreveram
Li, corrigi e fiz acontecer
Ri, chorei, sofri
Magoaram-me
Talvez tenha magoado
Convidei
Convidaram-me
Entrei e saí
Amei e fui amada
Acordei e adormeci
Pensando em ti
Sonhos esfarrapados
Caminhos extraviados
Errei
Erraram
Sofri por ti e por ti também
Revoltei-me
Pedi perdão
Perdoei e perdoaram-me
Salvei sem salvar
Ajudei sem ajudar
Ajudaram-me
Perdi-te, partiste
E
Passaste.

Maria Antonieta Oliveira
30-12-2019


sábado, 28 de dezembro de 2019

Fujo




Fujo
Fujo devagar sem pressa
Não quero afugentar as gaivotas
Nem sequer quero pisar as ervas crescentes
Ou as algas pelo mar trazidas
Quero chegar antes do sol pôr
Quero ter a luz da paz no caminho
O escuro, é triste
É solidão
Ao chegar, quero abraçar a vida
Aquela que ficou para trás, já foi
Quero esta de agora com amor
Com luz e paz

Mas,
Eu fujo
Fujo do ontem sofrido
Para renascer no amanhã
Onde imperará a harmonia
E reinará a felicidade.

Maria Antonieta Oliveira
28-12-2019


quinta-feira, 26 de dezembro de 2019

Ondas


Verde, branco, castanho
Castanho, branco, verde
Verde, branco, castanho
Castanho, branco, verde
Vai e volta inconstante
Mais uma…
Lá vem ela
Verde, branca, encaracolada
Enche, esvazia
E o meu olhar se delicia
Calma e tranquila
Ou, astuta e matreira
Borbulhas na espuma
Que te pica o sal

Castanho, branco
Branco, castanho
O verde, perde-se além
Fica lá longe, não vem
E eu na areia perdida
Anseio a tua chegada
Há muito esquecida.

Maria Antonieta Oliveira
26-12-2019

Ruas Salgadas


Passeio nas ruas salgadas
Pelo sal da vida
Subo e desço arribas
Pedras trazidas nas marés cheias
Soltas, caídas, erguidas
Espelhadas nas calmas areias
A brancura alva da espuma trazida
Fica retida qual renda de lençol de noiva
Num enxoval esquecido.

Perco-me na imagem
Ficará para sempre retida na mente
Onde te guardo
E me guardo
E
Sou feliz.

Maria Antonieta Oliveira
26-12-2019


Branca Espuma



Branca a espuma do cetim que nos envolve
Ondulas o teu corpo no meu
Sinto-te na sofreguidão de um abraço
Neste mar que me leva e abraça
E me devolve ao sonho de te ter
Lá, onde o mar acaba e o céu começa
Onde os castelos são ilhas
E as ilhas são paraísos
Onde as algas fazem os ninhos
E as gaivotas passeiam as crias
Lá, nesse horizonte longínquo
Talvez me encontre
E seja feliz.

Maria Antonieta Oliveira
26-12-2019

sábado, 21 de dezembro de 2019

Deambulei



Deambula, deambula
A folha do pensamento
Deambula fraca ou forte
Como deambula o vento

O vento que sopra e leva
As folhas caídas pelo chão
Leva-me também contigo
Ao encontro da paixão

Leva-me para que não fique só
Apaga em mim a tristeza
Pode ser que no caminho
Encontre alegria e nobreza.

Ao meu redor nada vejo
A solidão é minha companheira
Leva-me vento para longe
Na minha viagem derradeira.

Deambulando, deambulei
Caminhando, caminhei
Em sonhos, sonhados, cresci
No vento levada, vivi.

Maria Antonieta Oliveira
21-12-2019




sexta-feira, 20 de dezembro de 2019

O Nosso Primeiro Natal




Já não sei quando foi o nosso primeiro Natal
Talvez, no século passado
Tão passado que já me esqueci
Trocámos prendas?
Já não sei
Talvez tenhamos trocado juras de amor
Sonhos com futuro
Ou futuro sem sonhos
Tantos natais já passaram
Tantos sonhos que ficaram
Nos anos que passaram

Natais tristes foram muitos
Felizes, se calhar muitos também
Foram tantos, tantos natais
Muitos dias, muitos anos
Desgostos e desenganos
Tristezas e alegrias
Família e solidão
Natais sem comunhão
Consumismo, inquietação
E os natais foram passando

Décadas e décadas de natais
Sonhos e sonhos sem natais.

Maria Antonieta Oliveira
20-12-2019

quinta-feira, 19 de dezembro de 2019

Tentei Fechar o Céu



Tentei fechar o céu
Pedir à nuvem negra e feia
Que me livrasse da dor
Não te quero perder, meu amor
Sei que sofres, sei que sentes
Sei que amas e não desistes
Sei que… já não sei

Tentei fechar o céu
Impedir que a chuva molhe
O coração de quem fica
Sofrido e angustiado
O coração de quem te ama

Tentei fechar o céu
Para que ninguém te leve
Pois, quando partires
É no céu que ficarás
Será lá o teu lugar.

Tentei fechar o céu
Mas, o céu não é meu
O céu, não me obedeceu.

Maria Antonieta Oliveira
19-12-2019

segunda-feira, 16 de dezembro de 2019

Copo de Cristal


Parti o copo de cristal
Dos estilhaços fiz quimeras
Já no chão, de cócoras
Tentei apanhá-los, um a um
Meus dedos trilhei
Ensanguentei
E não consegui
Os pequenos estilhaços
De um fino cristal
Jamais os prendi
No meu tentar
Apenas consegui
O coração magoar

Aquele que foi
Um belo ornamento
Do louceiro antigo
Não passa agora
De vidro partido.

Tal como eu, agora
Já não sou, como outrora.

Maria Antonieta Oliveira
16-12-2019

sexta-feira, 13 de dezembro de 2019

Outono da Vida

(Foto de um desafio do HP)

Calcando as folhas de um tempo vivido
Carrega no peito, saudades e sonhos
As lágrimas secas da fonte brilhante
Caem rolando pelas rugas da face crispada
Um verde ausente nas folhas caídas
De um outono percorrido
De risos e choros, degraus escalados

Um olhar perdido
Um homem esquecido
Um banco calado
Um sonho sentado

A vida fugindo, levada
Na água da fonte, regada
O vento soprando, salpicando
O coração batendo, suspirando
E a vida passando.

Maria Antonieta Oliveira
13-12-2019