Voam
as folhas das árvores
Caem
uma a uma na calçada fria
A
chuva cai humedecendo-as
E
voam… e caem…
Uma
a uma…
As
badaladas soam ao longe
O
sino da igreja bate e rebate
Um
a um os minutos vão passando
Escassos
segundos nos separam
Do
fim e do início de nova caminhada
Uma…
duas… três… doze
Soam
repenicando os foguetes
Em
sintonia consentida
E
as folhas caem levadas no vento
E
mais um ano se escapa entre os dedos do tempo.
Maria
Antonieta Oliveira
28-12-2021
Onde
estão os pasteis de grão?
Onde
os puseste, mãe?
E
os que fizeste com batata doce
Onde
estão?!
Não
estão!
Existem
sabores que ficam na lembrança
Existem
mãos que partiram sem licença
Existem
saudades que vivem para sempre
Enquanto
o coração bater
Jamais
te vou esquecer, mãe.
Maria
Antonieta Oliveira
24-12-2021
Há
um brilho de esperança no teu olhar
Reflecte-se
nas águas mornas do rio
Sabes
que para lá do que não vês
Existe
um mundo de harmonia e felicidade
Ou
talvez, apenas sonhes que existe
Mas
tu queres, queres acreditar nessa possibilidade
Queres
sentir que o amor venceu
E
que na noite de breu se fez luz
E
o brilho dos teus olhos
Iluminou
o mundo
Tornando-o
alegre e feliz
Com
um amor intenso e profundo.
Esperança!
Que
jamais morra em ti, criança!
Maria
Antonieta Oliveira
24-12-021
Noite
branca da neve caída
Nos
teus longos e belos cabelos
Sedosos
como fios de prata
Neve
branca
Neve
fria
Lareira
acesa na casa caiada
Calor
humano ao redor
Amores
felizes
Brinquedos,
petizes
E
a neve cai
A
neve branca e fria
Cai
nos teus longos cabelos
Fios
de prata.
Maria
Antonieta Oliveira
23-12-2021
A
noite estava negra
Como
negro estava o coração daquele que sofria
Perdido
do mundo na noite fria
Sem
tecto, abrigo, ou cama dormida
Sem
roupa, calçado, nem sequer comida
Descalço
na rua ao relento
Na
calçada molhada, perdido no tempo
Corpo
rasgado pelos azares da vida
Perdendo
sempre a longa corrida.
O
frio aperta
A
noite é negra
O
coração enregela
Acaba
o tormento.
Maria
Antonieta Oliveira
23-12-2021
Queria
voltar a ser criança
Ir
para a rua brincar
Aprender
a saltar à corda
A
jogar ao ringue
À
apanhada e às escondidas
Ter
muitas, muitas amigas
Ser
alegre e feliz
Brincar
como qualquer petiz
Queria
ouvir minha mãe chamando
Filha,
vem, já chega de brincar
Depois,
dar-me um beijo, sem ralhar
Então,
eu seria criança
A
criança que não fui
A
criança que eu queria ter sido.
Maria
Antonieta Oliveira
18-12-2021
Não
se mata um amor
Quando
ele é verdadeiro
Nem
com uma arma carregada
E
o tiro for certeiro
Fica
guardado, escondido
Num
recanto do coração
E
retorna, reaparece
Quando
surge a ocasião
Jamais
penses matar
Um
sentimento real
Por
mais tempo que passe
Por
mais dores sofridas
Por
mais alegrias sentidas
O
amor, quando é verdadeiro
Resiste
a tudo
Tudo
ultrapassa
E
nem um tiro certeiro
O
demove ou, o mata.
Maria
Antonieta Oliveira
13-12-2021
O
que é a felicidade?
Não
sei se sei o que é a felicidade.
Sei
que já tive momentos em que me senti feliz
Mas,
será isso a felicidade?!
Ou,
serão apenas momentos felizes!?
Sei
que a felicidade são momentos
Sei
que tive momentos felizes
Então,
eu sei o que é a felicidade
Mas,
foram tão poucos esses momentos
Sim,
foram poucos, mas fui feliz.
Portanto,
eu sei o que é a felicidade
A
felicidade é ter-te na minha vida.
Maria
Antonieta Oliveira
A
vida é feita de momentos
Uns
felizes, outros nem tanto
Uns
de sorrisos, outros de pranto
Nenhum
surge por acaso
Aproveitemos
a cada um
Como
se fosse único
Mesmo
as lágrimas são para viver
Pois
com elas aprendemos
Caímos
e levantamos
Sorrimos
e choramos
Mas,
cada momento é o momento
Cada
dia é o dia
Vive-o!
Aproveita-o!
Pois
nada volta a ser
Nada
volta a acontecer.
Aproveita
o momento e vive-o!
Maria
Antonieta Oliveira
10-12-2021
Acorda-me
Deste
pesadelo em que estou
Desta
letargia em que vivo
Acorda-me
Abana-me
este velho corpo
Como
quem embala um bebé
Acorda-me
Livra-me
deste quadro noite escura
Das
trevas, morte, tudo o que é negro
De
tudo o que me faz sentir triste
E
acorda-me
Acorda-me
contigo
Leva-me,
leva-me não sei para onde
Mas
leva-me contigo faz de mim
De
mim e de ti os dois unidos num só
Acorda-me
Acorda-me,
amor!
Maria
Antonieta Oliveira
09-12-2021
Sombras
desvanecem-se ao raiar do dia
Águas
límpidas soltas nas braçadas do mar
Verdes,
mares, azuis profundos
Turvos
de areias calcadas pestilentas
Soltam-se
amarras dos navios perdidos
Pessoas,
gritos, sofrimento, tormento
Sóis
e luas renascem das cinzas
Almas
penadas, zangadas, jangadas de fé
E
o vento amaina, a maré acalma
E
os verdes azuis das águas paradas
Retornam
a reluzir ao raiar do dia
Após
a noite sombria e fria.
Maria
Antonieta Oliveira
06-12-2021
A
vida dá-me e tira-me
Já
não sei quem sou
Sei
apenas que sei a quem amo
Quem
sou ou quem fui, não sei
Mas
sei que és tu o dono do meu amor
Aquele
que me roubou o coração
Há
muitos anos, muitas luas passadas
Muitas
areias pisadas
Muitas
lágrimas derramadas
Mas,
sim, és tu, serás sempre tu
O
grande amor da minha vida
Acredita
em mim, amor
És
tu, apenas e só tu!
Maria
Antonieta Oliveira
03-12-2021
Abraço-te
Num
abraço sem braços
Beijo-te
Num
beijo sem lábios
Braços
desunidos
Beijos
sofridos
Abraço-te
e beijo-te
Numa
ausência imposta
Por
ti, por mim, por nós
Ou,
simplesmente
Pela
vida nefasta e angustiante
Que
fez de nós seres sofredores
Vivendo
de amores e desamores
Mas
vivendo com
Abraços
sem braços
E
beijos sem lábios.
Maria
Antonieta Oliveira
03-12-2021
O
Natal está a chegar
Dá-me
uma prenda, amor
Volta
a chamar-me de linda portuguesa
Volta
a ligar-me sem que te chame
Volta
a dar-me o calor dos teus beijos
Faz-me
sentir de novo que estou viva
E
que continuo sendo a tua diva
Volta
amor
E
dá-me uma prenda.
Maria
Antonieta Oliveira
02-12-2021
Pela
escada da alegria
Passeei
um dia
Num
sonho de criança
Baloucei
esse dia
O
jardim era magia
Ao
som da tua voz, fugia
O
medo, o escuro, a fobia
A
janela, os pássaros, a rua
Tudo
fluía, tudo seguia.
A
criança balouçava a vida
Na
escada subida e descida
E
o sonho
Era
apenas e só um sonho
Perdido
na escada da alegria.
Maria
Antonieta Oliveira
01-12-2021
Ensinaste-me
a amar
Porque
senti o teu amor
Amavas-me
e amavas quem te rodeava
Amavas
o pai, o tio, a tia
A
família, mesmo a que te traiu
Amavas
a tua neta com um amor lindo
Amavas
E,
ensinaste-me a amar.
Amo-te,
amo o pai
Amo-vos
com uma saudade enorme
Amo
os que me rodeiam
Tal
como tu, mesmo os que não me merecem
Amo
a tua neta, minha filha
Amo
os meus netos lindos e maravilhosos
Amo
a vida, mesmo a que não vivi
Amo
o passado, mesmo o que sofri
Mas
amo!
Amo,
porque tu, me ensinaste a amar!
Maria
Antonieta Oliveira
28-11-2021
Vivo
de pedaços de nada
Do
que sobra de ti sem mim
Vivo
na sombra dos dias
Nos
sonhos que ficaram
Vivo
das horas que restam
Dos
minutos passados sem ti
Vivo
nos momentos calcados
Nossos,
em ameias iluminadas
Em
corredores escuros
Mas
cheios de amor
São
lembranças
São
vivências
E
eu,
Vivo
delas
E
eu,
Vivo
com elas.
Maria
Antonieta Oliveira
26-11-2021
O
sorriso voltou ao teu rosto
Triste
e sombrio
A
esperança que te acalentou
Na
vida já vivida
Regressou
ao teu dia
E,
o sol sorriu de novo
O
coração acalmou
Esta
noite será mais curta
O
sono dormirá contigo
E
tu, sonharás feliz.
Maria
Antonieta Oliveira
26-11-2021
Quando
a noite é maior do que o dia
E
as horas são mais longas
Os
minutos custam a passar
E
os segundos são uma eternidade
Quando
o sono fica no silêncio da tua voz
E
os sonhos deixam de fazer sentido
Tudo
desaba, o mundo para de girar
Nem
o sol aquecerá o frio deste coração
Gelado
pela ausência do teu calor.
A
noite, a outra noite e a outra também
Tornam-se
medonhas e longas
Na
longitude de mim e de ti
Na
solidão que de novo me assola.
Maria
Antonieta Oliveira
25-11-2021
Sou
terra, sou chão
Semente
em germinação
Sou
mulher fecunda
Amante
defraudada
Criança
não vivida
Adulta
renegada
Perdida,
caída
Lixo
tóxico na vida
Da
vida parida
Que
vivi.
Em
tormento, sofrimento.
Sou
terra!
Sou
chão!
Maria
Antonieta Oliveira
25-11-2021
Já
não tenho idade para isto
Já
sofri demais por amor
Quem
tem a culpa?
Desta
vez, quem errou?
Quem
te maltratou?
Mereço
ser feliz, nem que seja apenas um dia
Feliz!
Sim, feliz!
Com
o teu amor!
Contigo!
Não
quero sofrer!
Já
não tenho idade!
Maria
Antonieta Alentado (Oliveira)
19-11-2021
Um
dia, regressaste de longe
Nem
sei bem de onde ou por onde andaste
Mas
sei, que voltaste e fui feliz.
Um
dia, desapareceste
Não
sei bem para onde nem porquê
Mas
sei, que estou infeliz.
Porquê
as reviravoltas da vida?
Porquê
as idas e vindas nos baques do coração?
Porque
não posso sorrir todos os dias?
Porque
entras e sais do meu mundo sem autorização?
Porque voltaste?
Porque partiste?
Porquê?
Porquê? Porquê?
Tantos
porquês, nos porquês da minha vida!
Maria
Antonieta Oliveira
17-11-2021
Sei
o quanto gostas de mim, amor
Sei
que não me queres fazer sofrer, amor
Mas,
sabes amor, assim sofro ainda mais
Sei
que é a tua vida que está em jogo
Sei
que nem tu sabes como o jogo termina
Mas,
sabes amor, eu queria poder saber
Mas,
não sei amor, não sei
Como
eu gostava de te poder ajudar
E
este jogo cruel, tu conseguisses ganhar
Mas,
não sei amor, não sei
Só
sei amor, que estou contigo
E
sei, que sempre estivemos unidos
Mesmo
quando a vida nos separou.
Porque,
sabes amor, ambos sabemos
O
quanto sempre nos queremos.
Maria
Antonieta Oliveira
12-11-2021
Pinto
a vida em tons de amor
Quero-a
colorida e com cheiro a flor
Na
tela em branco que me foi dada
Rabisquei,
tracejei, pintei e nada
Nada
de concreto saiu de mim
Minha
alma em dor
Não
conseguiu pintar a tela do amor
De
branca neve, alvura em flor
Assim
ficou a paleta, sem cor.
A
vida sem cor!
A
alma sem amor!
Maria
Antonieta Oliveira
30-10-2021
Demoraste
tempo de mais
Ontem
teria sido melhor
Seria
o dia certo para viver
O
dia certo para te ver sorrir
Para
te beijar e abraçar
Ontem,
teríamos ido ver o mar
Ver
o sol a se esconder
Por
entre as brumas da lua nascente
E
as folhas resistentes de um outono tardio.
Na
areia molhada pelas marés
Deitaríamos
os sonhos d’outrora
Esperando
as voltas dos dias
Nos
dias que passam por nós.
Demoraste
tanto, amor!
Maria
Antonieta Oliveira
26-10-2021
Soltei
a gaiola das amarras estreitas
O
pássaro de asas cortadas, voou
Tornou-se
livre na crueldade retida
De
asas partidas bateu paredes veladas
Vedadas
ao tempo nascido
Magoou-se,
magoou e, partiu
Partindo
o coração, a vida, as gentes
E,
perdeu-se!
Perdeu-se
na vida!
Perdeu-se
da vida!
Maria
Antonieta Oliveira
26-10-2021
Vamos
brincar ao carnaval, prima?
Eu
sei, que é quase Natal
Mas,
para nós, pode ser carnaval
E
de novo unidas, vamos brincar.
Dá-me
a mão e vamos passear
Contar
os nossos segredos
Que
só nós duas sabemos
O
miúdo do castelo
E
o teu outro, bem mais belo.
Vem
prima, vamos brincar
Sempre
unidas, seja ou não carnaval.
Maria
Antonieta Oliveira
22-10-2021
Há
muito que a luz dos teus olhos
Não
aquece o meu coração
Nem
o brilho do teu sorriso
Ilumina
o meu rosto sombrio
Sinto
falta desse abraço ao acordar
Sinto
falta do teu beijo ao te sonhar
Também
o sol não me beija como outrora
Nem
sequer o vejo, agora
A
noite escureceu o meu sorriso
A
tua ausência, é céu nublado
Preciso
de ti, amor, aqui, ao meu lado
Quero
sentir o teu calor
Num
olhar cheio de amor.
Maria
Antonieta Oliveira
19-10-2021
