sexta-feira, 22 de abril de 2022

Procura-me


 

 

 

Se me queres encontrar

Procura-me onde me deixaste

Aí estarei à tua espera

Leva-me uma rosa vermelha

Ou branca da paz

Sentada no banco do tempo

Esperarei até o dia acabar

E nesse meu desalento

Ficarei eternamente

Por ti a esperar.

 

Mas,

Se me quiseres encontrar

Leva-me a tua boca sequiosa

Para a minha ansiosa te beijar.

Segura-me em teus braços

E dança comigo a nossa canção

Aquela que dizes ser para mim

E em teus braços me entrego

Até que o tempo

Me afaste para sempre de ti

Pondo na minha espera

Um fim.

 

Maria Antonieta Oliveira

22-04-2022

quinta-feira, 21 de abril de 2022

Primavera Florida


 

 

 

Aos turbilhões pela calçada

Rolam as pedras soltas do caminho

Escadas que sobem

Escadas que descem

Ruas estreitas

Avenidas bem largas

Multidões em desalinho

Confusões e pouco tino

Nesta cidade conturbada

Voam pombos em debandada

E esvoaçam folhas p’lo chão

As bocas caladas

Os suspiros incontidos

A fome, o degredo, o medo…

 

E numa calma madrugada

A primavera chegou

Trazendo cravos vermelhos

E a liberdade a um povo

Hoje, já não há medo

Mas a fome e o degredo

São uma triste realidade.

 

Liberdade!

Felicidade!

Primavera florida!

 

Maria Antonieta Oliveira

21-04-2022

 

Paz


 

 

 

Vou recuperar a paz

Libertar-me dos fantasmas

Dos receios e anseios

Das janelas com vidraças

E das eternas ameaças

Não vou voltar a rastejar

Nem sequer para te beijar

Os meus sentimentos são puros

Sei muito bem o que quero

O que faço e do que gosto

Sei quem sou e o que sou

Sei que vou ser feliz

Nem que seja só por um dia

Deixei de ser aprendiz

Sou adulta, bem crescida

E já com pouco tempo de vida

Tenho,

Quero e

Vou

Alcançar a minha paz.

 

Maria Antonieta Oliveira

21-04-2022

 

Sonho Contigo

 

 

 

Tremendas as noites mal dormidas

Pesadelos infindos contigo

Frios, arrepios, dores e amores

Desamores, ausências e derrotas

Pedestais e glórias imagináveis

Anseios de beijos desejados

Aos pés da cama desfeita

Surge a tua imagem perfeita

Olho-te nesses olhos lindos

E revejo um passado bonito

Mas, sonho

Sonho numa noite mal dormida

Sonho num dia mal vivido

Sonho sempre e só contigo.

 

Maria Antonieta Oliveira

21-04-2022

 

O Vento


 

 

 

Sinto-me inseguro com o vento a soar

O seu ruído mete-me medo

As folhas restolham no passeio

As portas mal fechadas deixam o vento passar

E nas janelas sopram as cortinas

E o uivar do vento nas telhas partidas

É como um pesadelo de vidas perdidas

 

Mas, já cresci, já sou mulher

E o vento é tempo que já passou

Assim como o medo inseguro

Hoje é vivido noutro momento

Mais maduro, mais consciente

De que o vento sopra, mas passa

E o medo é sugestão de desgraça

 

Hoje, já não tenho medo do vento.

 

Maria Antonieta Oliveira

21-04-2022

terça-feira, 12 de abril de 2022

Mãe


 

 

Treze!

Não! Vinte!

Treze o dia em que nasceste

Vinte, os anos que já passaram sem ti

Hoje, farias noventa e sete anos

Sei que os farás de outro modo

Entre os teus queridos já partidos

Os teus setenta e sete já não foram na tua casa

Estavas no teu último local onde viveste

Entre paredes claras e uma janela à tua esquerda

A orquídea que te levei, quase a não viste

Depressa a esqueceste

A tua cabeça já não estava como antes

Tudo era confuso e sem sentido

Mas sorriste e eu sorri contigo.

 

Hoje, não estás presente

Mas estás e estarás sempre no meu coração!

 

Maria Antonieta Oliveira

13-04-2022

 

sábado, 9 de abril de 2022

Que Veleidade


 

 

 

Que veleidade a minha

Quando pensei que eras meu

Mas tu já tinhas dado o teu coração

Outra que não eu, era a sua dona

Que veleidade, meu Deus

Querer-te para mim

Nem sequer te mereço

Se calhar nem te conheço

Ou talvez apenas saiba de ti

O que me quiseste ofertar

Nas nossas conversas inacabadas

Em longas noites por dormir

Eu e tu tão longe um do outro

Em silêncios desgastantes

Queria… quero tanto que sejas meu

Mas, que veleidade a minha

Se afinal tu não me queres.

 

Eu sei que é veleidade

Mas também sei que me amas

Como eu te amo e sempre amei

Que veleidade a minha!

 

Maria Antonieta Oliveira

09-04-2022

 

Segredos


 

 

 

 

Quantos diálogos ficaram por existir

Quantas conversas a sós não se realizaram

Quantos segredos estão em meus dedos

Nas palavras que deixo em papeis inventados

Nas teclas dedilhadas em momentos de solidão

Tudo é meu, só eu sei e sinto

Só eu vivo e minto

Caminho comigo e sozinha

Sonho sonhos impossíveis, mas sonho

E vivo vivendo e continuo sonhando

E finalmente sou feliz

Mas,

Ficou tanto por dizer

Ficou tanto por escrever

Tantos segredos escondidos nos meus dedos.

 

Maria Antonieta Oliveira

09-04-2022

Viver


 

 

Sou mulher escrava do amor

Escrava da vida e da minha verdade

Escrava de ti, de mim, da realidade

Carne rasgada por dentro

Onde bate um coração em sofrimento

Sou gaivota em cativeiro

Sem mar para pescar

Sem peixe para me alimentar

Com sede de viver

De beber a chama do amor

Na fogueira ardente escaldante

E nela morrer purificando

Minha alma, meu ser.

 

Maria Antonieta Oliveira

09-04-2022

 

 

Sou Grata


 

 

Sou fumo

Areia do deserto em dia de tempestade

Sou charco

Água lamacenta da chuva que cai

Sou vento

Desventrando a floresta

Sou caminho

Estrada sem rumo certo

Sou lua falua

Num céu pardacento

Sou estrela

Brilhando na vida de outro

Sou luz

Que te ilumina

Sou força

Derrotando estorvos

Sou amor

Que te oferto a cada dia

Sou grata

Por ser quem sou.

 

Maria Antonieta Oliveira

09-04-2022