domingo, 23 de agosto de 2015

Meu Batel





Parti, num pequeno batel
Rumo ao destino
Entre águas serenas e ondas amenas
Naveguei
Nas águas cálidas do mundo
Me entreguei
Me perdi e encontrei
Levada pelo vento
Perdida ao relento
Sonhei
No lodo do fundo
Me afundei

Meu batel delirou
Desta viagem derradeira
Era para si a primeira
Dançou ao som do marejar
Cantou ao sol e ao luar
Foi sereia nos solstícios
Sem deixar de ser batel
Voltou às margens perdidas
Destroçado mas orgulhoso
De ter cumprido seu papel.

Do fundo me elevei
Aos céus pedi perdão
Pedi paz, Fé e pão
Sentada na proa ao vento
Deixei voar as tristezas e agonias
Nos cabelos soltos espigados
Lágrimas rolaram
Dos meus olhos magoados
Meu coração se libertou
Das agruras já vividas
Encarei o horizonte
Ergui os braços à lua
E senti-me de novo eu.

Obrigada, meu batel
Por me teres acolhido
Levando no mar proibido
Em busca do meu ser
Reencontrei o tempo perdido
A esperança na vida futura
Obrigada, meu batel
Por esta doce loucura.

Maria Antonieta Oliveira
23-08-2015





sábado, 22 de agosto de 2015

Preciso Escrever





Apetece-me escrever!
Preciso escrever!
Gritar bem alto o que me dói e sinto
Gritar!
Escrever gritando!

E quem vai ler?
Escrever para quem?
E o quê se as palavras já estão gastas
De tanto sofrimento e lágrimas?
Lágrimas derramadas de um olhar sombrio
Onde a tristeza impera e a solidão assola
Lágrimas desoladas de uma vida já gasta

A cabeça dói de tantas palavras já ditas
Dói de pensamentos e sentires
De negações positivas sem nexo
Reflexo de uma passagem incerta
Nesta rota infringida pelo destino peregrino
Parece querer rebentar de tanto pensar
Explosões de sonhos e experiências
Noites mal dormidas de insónias passadas
Saúdes e bem-estar acabadas
Destroços de vidas sem fim, confinadas

A cabeça dói!
As palavras gritam!
Preciso escrever!
Alguém irá ler!

Maria Antonieta Oliveira
22-08-2015



sábado, 15 de agosto de 2015

Não Brinques Comigo





Não brinques mais comigo
Chega de mentiras mesmo sendo piedosas
Estou velha e cansada para ser de novo enganada

Porque me mentes de novo?
Porque inventas o que não existe?
Para te livrares de algo a que me tinhas habituado?
És livre de sair ou entrar basta dizer
A porta que se abriu fecha-se de novo
E nela não voltarás a entrar

Dizes não ter motivos para duvidar
Será que não tenho mesmo?
E as horas trocadas, pensas que não vejo?!
Eu disse: - habituaste-me mal, e era verdade
De três “olá” passaste a um e a nenhum
Será que sou burra? Ou inventora?

Não,
Não brinques mais comigo
Diz a verdade e eu entenderei
Seja a verdade qual for
Mas não me mintas mais por favor

Não brinques mais comigo
Chega de mentiras mesmo sendo piedosas
Estou velha e cansada para ser de novo enganada.

Maria Antonieta Oliveira
15-08-2015

O Coração Ou A Mente





Soltam-se palavras dos lábios proferidas
Quem as dita?!
O coração ou a mente?!

Palavras benditas
Palavras que a gente sente
No coração ou na mente?!

Soltas, vagueiam num dilúvio constante
Ao sabor do vento que passa e as abraça
Num mar infindo, rumam ao infinito
Ao desconhecido, ao eterno, ao efémero
Soltas, saltitam de nenúfar em nenúfar
No lago circundante da vida
Passam e repassam sentires
Viajam nas folhas de outono que o tempo esvoaça
Soltas, inventam estórias por contar
Dizeres por soletrar
Pontes entre braços de abraços carentes
E bocas sequiosas de beijos por dar
Saudosas das vivências de outra era
Realidade ou quimera.

Soltam-se palavras dos lábios proferidas
Quem as dita?!
O coração ou a mente?!

Maria Antonieta Oliveira
14-08-2015

segunda-feira, 10 de agosto de 2015

Não Sabemos





Sabes uma coisa?
Não, não sabes!
Nem tu, nem eu sabemos!

Sabemos que foi o destino
Que nos fez separar e nos fez reencontrar
Porquê?
Para quê?
Não sabemos!

Para regressarmos ao passado
E vivermos lado a lado?!
Não sabemos!
Para nos amarmos com antes
Mas com mais tranquilidade?!
Não sabemos!
Para sonharmos um futuro impossível?!
Não sabemos!
Para vivermos um presente mais feliz?!
Não sabemos!

Porquê?
Para quê?
Não sabemos!

Maria Antonieta Oliveira
27-07-2015


Sonhos São Vidas





Encostaste o teu corpo ao meu
Senti no meu colo o calor do teu beijo
Os teus lábios acariciaram os meus seios
Sonhavas!

Senti-te miúdo pequeno
Com um brinquedo a teu gosto
Na carícia de um viver
Sonhavas!

Quantos sonhos sonhamos juntos
Quantos colos repartimos
Quantos beijos partilhamos
Quanta vida nós vivemos
Quantos dias sofremos
Quantos dias sorrimos
Quantos anos se passaram
Quantos sonhos por viver
Quantos sonhos realizámos

Sinto no meu corpo o calor doce do teu
Um afago eterno doado
Um amor, uma vida, um sonho

Sonhos são vidas!

Maria Antonieta Oliveira
10-08-2015
00 h 33 m


quinta-feira, 6 de agosto de 2015

Conversa Com o Espelho






Estive frente a frente com a tal sujeita
Olhos nos olhos
Sorriu quando eu sorri
De repente,
Ambas ficaram sérias, pensativas
Recuaram muitos anos e,
Sentiram os mesmos sentires
Amaram os mesmos amores
E, num retorno ao presente, tudo era igual.
De novo os olhares se encontraram
E, num sorriso atrevido coraram.

Fechei os olhos, recuei
Quando os abri
Já ninguém estava do lado de lá
Mas eu,
Vivo o momento.

Maria Antonieta Oliveira
05-08-2015