segunda-feira, 22 de junho de 2020

Falei Com a Lua


Despi-me de preconceitos
E fui ter com a lua
Abri-lhe o coração
Contei-lhe segredos só meus
Onde tu estás presente
Disse-lhe tudo… tudo…
O que fizemos e dissemos
O que não fizemos, mas desejámos
A lua, cheia, tranquila, ouviu-me
E daquele céu estrelado
Enviou-me um beijo dourado
Senti-o como se fosse teu
Desnuda e sem preconceitos
Aceitei-o e fui feliz.

Maria Antonieta Oliveira
22-06-2020


Quantas Vezes?!


Precisei de ajuda
Sim, tantas vezes precisei
Um sem número de momentos
Em que precisei de falar
Precisei de alguém que me ouvisse
Sem julgamentos ou culpas
Falar de mim
Dos meus pensamentos
Dos meus sentimentos
Das minhas ânsias e agonias
Dos meus desejos secretos
Do que não tinha e não me davas.

Ah, meu Deus, quantas vezes?!

Pensei no fim, mas continuei
Hoje, ouço quem fala e sei ouvir
Sem, contudo, ter encontrado
Do outro lado o ombro
O ser ouvinte para me apoiar
Mas eu, estou aqui para ti
Para te ouvir sem te culpar
Desabafa amigo no meu ombro
Acolho o teu sofrimento
Seco as tuas lágrimas
Adoço os teus dias com o sabor
Do mel solto das abelhas voando.

Ah meu Deus, OBRIGADA!

Maria Antonieta Oliveira
22-06-2020





segunda-feira, 15 de junho de 2020

Fome e Miséria



Quantas mentiras e sorrisos falsos
Quantas verdades enganadas
Quantas vidas destroçadas
E as areias movediças levam e trazem
E as ondas altaneiras seguem o rumo
E os barcos parados na praia
Traineiras vazias sem peixe
E as redes por coser espalhadas.

Fome, miséria, desgraça
Crianças paridas na viagem perdida.

Fome, miséria, desgraça
Mentiras, verdades enganadas.

Maria Antonieta Oliveira
16-06-2020

Partirei...Ficando


Vou lavar os sonhos
Banhar o pensamento em espuma perfumada
Limpar de mim tudo o que já não me pertence
Sair para a rua e gritar bem alto:
Que estou livre, livre e solta
Que sou feliz mesmo não sendo
Vou sorrir, rir às gargalhadas
Vou sair de mim, ser a outra
Aquela que nunca fui
Aquela que queria ter sido
Mas, graças a mim e à minha inércia
À minha acomodação
Não soube partir e voar

Agora,
Perfumada em espuma
Lavarei os sonhos ainda vivos
E partirei à procura da felicidade.

Maria Antonieta Oliveira
15-06-2020

domingo, 14 de junho de 2020

Palavras Dispersas

(Desafio do Livro Aberto - RVA - Ana Coelho)

Inventei imagens felizes
Inventei sonhos em que ouço
O eco das tuas palavras
Cantas feliz ao meu ouvido
Dizes que me amas, que me queres
E eu? Será que eu te quero?!
Por mais que não quisesse
Jamais seria capaz de substituir-te
Jamais encontraria alguém como tu
Difícil seria viver sem ti
Porque
Também eu te amo e quero.

Maria Antonieta Oliveira
14-06-2020

sexta-feira, 12 de junho de 2020

Gratidão



Derramei pelas ruas
Lágrimas salgadas de dor
Pestanas humedecidas
Lábios sabendo a sal
Mãos erguidas ao Céu
Uma prece, uma reza
Um olhar o céu escurecido
O fim de um dia triste

Soltei-me, libertei-me
Num momento de gratidão
Senti a tua Paz presente
Senti a Tua protecção.

Maria Antonieta Oliveira
12-06-2020

Meia Viola


Meia viola descarnada
Cordas soltas pelo chão
Meio fado por cantar
Meia vida por escrever
As notas perdidas
Entre o Sol e o Dó
Ficaram na escuridão
De um coração a sofrer
Na chinela a bater.

Nem guitarras, nem fadistas
Nem a vida ou a morte
Nem o sol ao nascer
Ou a lua a crescer
Nada importa, nada existe
Quando o fado é cantado
Numa noite ao entardecer
Sem voz, sem palmas
Sem viola ou guitarra

Meia viola descarnada
Meia vida destroçada.

Maria Antonieta Oliveira
12-06-2020

quarta-feira, 10 de junho de 2020

Portugal e Camões

(Imagem do Google)




Falar de Portugal ou de Camões
Falar de águas e mares navegados
De terras e mundos conquistados
Caravelas, ilhas e ilhéus
Índios, negros, chineses
E outros tipos de povos
Todos eles eram novos
Ao olhar dos navegadores
Falar de Portugal ou de Camões
Também é falar de poesia
É falar de amores e desamores
De guerras e guerrilhas
De rimas e redondilhas
Sonetos e tercetos
É falar de um poeta maior
É falar de um povo herói

É Portugal!
É Camões!

Maria Antonieta Oliveira
10-06-2020

quinta-feira, 4 de junho de 2020

Perfume de Rosa


Hoje, o céu ficou mais florido
Entrou nele uma outra flor
Uma flor sem amor, amada
Uma Rosa linda e perfumada
Os anjos receberam-na com festa
Acordes de harpa e violino
Inundaram o espaço celestial
Com suas asas abraçaram-te
Para que te sentisses em casa
Aí será o teu lar eterno
Onde reinarás e perfumarás
Com o teu odor primaveril
O espaço que sempre será teu.
Aí, finalmente terás Paz.

Maria Antonieta Oliveira
04-06-2020

Sorri



Há muito sabia que o tempo era pouco
Há muito sentia que a viagem era breve
Mas sempre e porque o queria
Pensava que tudo me mentia
E que tu voltarias a estar aqui
Que voltaríamos a conversar amenamente
Contando nossos segredos e angústias
Dedilhando o passado e o presente
Mas não, nunca mais estaremos juntas
Nunca mais verei os caracóis loiros
Nem o teu rosto sardento.
Os sorrisos guardaste-os para Deus
Que Ele te sorria também
Para que eternamente sejas feliz
E recebas a Paz que aqui não tiveste.

Sê feliz aí, protege-nos e sorri.

Maria Antonieta Oliveira
04-06-2020

quarta-feira, 3 de junho de 2020

Já Não... Já Sim...


Descobri a verdade
Nesta quarentena forçada
Uma guerra sem inimigo
Um inimigo sem rosto, que mata
Voltei a sentir-me presa
E ponderei na vida
Acordei para a minha idade
E descobri a verdade
Já não sou jovem por fora
Embora o seja em espírito
Já não me ficam bem… ou talvez fiquem
Já não devo fazer… ou talvez deva
Já não posso dizer… ou talvez possa
Já não posso ir… ou talvez possa
Já não…
Já não…
E porque não?
Claro que posso e devo, pois estou viva
Desde que saiba como agir
E no ridículo não cair.

Maria Antonieta Oliveira
03-06-2020

Quero... Sou Poeta


Quero encontrar palavras caras
Daquelas que ninguém entende
Mas ficam bem, dão outro charme
Mesmo que não façam sentido
Nem sequer soem ao ouvido
São palavras diferentes
E até o poeta é mais poeta
Estrofes rimadas
Rimas cruzadas
E o sentir? O sentimento?
É foleiro rimar com lamento
Mas eu quero ser poeta
E sou poeta
De palavras simples e sentidas
Que todos percebem ao ler
E eu as sinta ao escrever.

Palavras caras?
Diferentes?
Não!
Eu não quero esse charme
Eu quero e sou
Poeta das gentes.

Maria Antonieta Oliveira
03-06-2020

Escrevo-te



Escrevo-te ao cantar da alvorada
Enquanto tudo dorme a meu redor
As árvores continuam de ramos fechados
Abrigando os pardais e os seus ninhos
Nem o cantar do galo já ouvi
Não há rumor de algo vivo
Para além de mim e de ti
Nesta carta que te escrevo.

As borboletas já esvoaçam procurando alimentos
Já ouço o latir do cão do vizinho
E o pipilar dos passarinhos ao esvoaçar
Sinto a suavidade do vento
Batendo na janela onde te espero
Quero ouvir a tua voz e ver o teu sorriso
Ao leres esta carta que escrevi
Quando o mundo ainda adormecido
E nada fazia sentido
Eu a escrevia, ao cantar da alvorada.

Maria Antonieta Oliveira
03-06-2020

terça-feira, 2 de junho de 2020

Eu, Criança



Fui criança sem o ser
Sim, fui criança, até brinquei
Comigo e com os meus botões
Brinquei com insectos rastejantes
E outros animais solitários, como eu
Também tive um boneco de papelão
E outro mais bonito, com corpo de algodão
Tive tachos e panelas, pequenos como eu
Fiz neles muitos manjares
Com as sobras dos jantares e das sopas da Querida.
Fui médica e enfermeira com as picas que levava
Fui crescendo com aquilo que inventava
Brinquei às casas, vales e montes
No sótão habitação, da prima do coração
Pouco tempo contigo estive para variar
E voltei à solidão
A criança teve tudo, menos alguém para brincar.

Maria Antonieta Oliveira
01-06-2020