sábado, 5 de dezembro de 2015

Pedaço de Nada





A vida é um pedaço de nada
Nadas que fazem a vida,
E que são isso mesmo, nada
Agarra os segundos da vida
E vive-os como se fossem únicos
Os últimos de uma vida vivida

A vida tem que ser vivida
A cada minuto que passa
Porque a vida prega partidas à vida
E, o amanhã será tarde
Para viver aquele outro minuto
Da vida um dia sonhada

Ah vida traiçoeira
Que atraiçoas corações
Apagas emoções
Deixando lágrimas rolar
No olhar por quem partiu
E nunca mais voltará

Nem flores, nem lágrimas
Nem abraços ou beijos
Não quero manifestações
Nem grandezas de sermões
Por quem aqui me restar
Quero paz ao meu redor

Maria Antonieta Oliveira
05-12-2015
(Faleceu o grande homem, o grande poeta Vitor Cintra)





sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

Decidi Amar-te





Hoje decidi amar-te
Amar-te no silêncio do meu âmago
Na profundidade do meu sentir

Decidi amar-te
Com a saudade de um beijo
No segredo íntimo do desejo

Amar-te
Na vivência de um sonho
Na intensidade da paixão

Hoje decidi amar-te
Na carícia de dois corpos suados
Extravasados de pudores e sentimentos

Decidi amar-te
Com a juventude de outrora
Na alegria de te possuir

Amar-te
Como sempre te amei
No recôndito do meu ser

Hoje decidi amar-te
Tal como ontem
E, como te amarei sempre.

Hoje decidi amar-te!
Meu amor!

Maria Antonieta Oliveira
03-12-2015


Lá no Além





Até um dia meu amor
Sei que lá nos encontraremos
Sem pressões nem amarras
E então aí seremos felizes
Aqui, sem ti, já não quero estar

Lá, no além, estaremos unidos
Num só e único ser amado
Amantes de amores proibidos
Não, amantes de amores frustrados
De amores desencontrados
De caminhos seguidos noutros sentidos

Lá, no além, os nossos caminhos
Serão os caminhos do amor
Os caminhos da felicidade
Os caminhos onde nos descobriremos
Juntos, unidos num sem fim de sorrisos
Daqui, já parti há muito

Lá, no além, quero ter-te só meu
E eu serei tua finalmente
Viveremos então
Um enorme amor para sempre
Quero partir contigo
Para o além desconhecido!

Maria Antonieta Oliveira
04-12-2015




terça-feira, 1 de dezembro de 2015

Tabus





Despi-me de preconceitos, de tabus
De ideias pré-concebidas, de tudo
Despida de roupas mesquinhas
Que servem aos olhares malévolos

Mendigos de fome abastada, anunciada
Sôfregos de sentir pesados carinhos
Olhos sujos da poeira dos ventos
Corpos despidos na ânsia do desejo
Despidos pela magia do instante
Desprezados no chão já sujo
Como sujos os corpos desnudos dos amantes

Tabus?!
Preconceitos?!
Nudez!
Vida!

Despida de tudo
Numa nudez completa
Anseio o amanhã incerto
Na realidade do hoje passado
No ontem já perdido esquecido no tempo.

Tabus?!
Preconceitos?!
Nudez!
Vida!

Maria Antonieta Oliveira
01-12-2015



domingo, 29 de novembro de 2015

Apaixonada





Quero sentir-me apaixonada
Sentir borbulhas no estômago
Sonhar acordada
Desejar-te em segredo
Sentir paixão em meu coração
Quero amar-te como se nunca te tivesse amado

Quero sentir-me apaixonada
Como ontem
Sentir palpitações em emoções
Estremecer só de te pensar
Sentir o meu peito apertado
Por te ter sozinho a meu lado.

Ah, como me quero apaixonar!
Sentir meu corpo a suplicar
Os laivos da tua boca
A candura do teu corpo louco
A volúpia da nossa paixão
Em cama de rosas perfumadas

Ah como me quero apaixonar!
E de novo contigo sonhar
Neste nosso amor profundo
Em que ainda sinto pulsar
E meu estômago borbulhar
Esta nossa paixão sem fim.

Ah, como me quero apaixonar!
Ah, como é bom estar apaixonada!

Maria Antonieta Oliveira
29-11-2015


sábado, 28 de novembro de 2015

Reboliço da Alma





Veste-me as vestes do amor
Entra em mim como uma chama
Enfurecida na noite escura
Que trai e mente a ingratidão
A injustiça e a guerra
A terra onde caminhamos unidos
Na maldade nefasta das gentes
A raiva incontida, gemida
Grita bem dentro, de dentro de nós

Invade-me com palavras vãs
Ocas de sentimentos precisos
Deita-te na cama comigo
E jura-me falsidades infelizes
Contrapõe opiniões e divagações
Sai correndo p’ra rua em reboliço
Alarma o povo desprevenido
E ama quem te merecer amar
Voando nas asas de condor

Ave horrenda mesquinha
Urubu, abutre do mundo perdido
De um povo insano distorcido
De medos cóleras e degredos
Ódios ásperos ressentimentos
Caminhos de pedras soltas
De árduas montanhas paridas
Pelos ventos das manhãs agrestes
Nos invernos sinuosos da vida

Parte, aparta-te de mim, corre
Foge na longitude dos tempos
Capta imagens e sentires
De outros mundos e gentes duendes
Faz ouvir a tua voz bem fundo
Mostra-me teu rosto imundo
Revela-te a mim como és
Descalça resvalo meus pés
No doce caminho da paz.

Maria Antonieta Oliveira
28-11-2015



sexta-feira, 27 de novembro de 2015

Pensamo-nos




Na mutação do tempo penso em ti
E tu, pensas em mim
Nesses ses que nos unem e nos separam
Vivemos separados e unidos
Em sentimentos igualados e profundos
Em sonhos por realizar

Os dias sucedem-se iguais
Acalentando esperanças de amanhã
Lembrando esperanças de ontem
Vivendo esperanças de hoje
E eu, penso em ti
E tu, pensas em mim

Pensamo-nos em sintonia
Sonhamos de noite e de dia
E o espaço insiste, insiste
A distância se alonga entre nós
Nas horas que passam sem nos termos
Nos momentos em que não vivemos.

Ah se os ses nos deixassem viver!

E eu, penso em ti
E tu, pensas em mim.

Maria Antonieta Oliveira
27-11-2015


quinta-feira, 26 de novembro de 2015

Confusão




Cobre o meu corpo de flores
Rega-o de beijos com mil cores
Ateia-o com o fogo da paixão
Faz de mim um jardim de felicidade
Um forno de carinho e amizade

Deposita em mim as falsas moralidades
Deixa-me viver nas águas do limbo
Oculta pelas algas salgadas na madrugada
Do amanhecer de um amanhã florido
Esquecido no dia triste

Nas cinzas brancas do meu corpo
Fétido, petrificado sem humanidade
Rios de amalgamas cheirosas
Perfume de rosas coloridas
Do jardim florido da paz e do amor

Entrega-me ao sol e ao mosto
Para purificar o meu corpo perdido
Deixa-me sentir que estou viva
Na beleza das flores com que me cobriste
Nesta imensa confusão que me assola.

Dá-me tempo para viver!

Maria Antonieta Oliveira
26-11-2015


quarta-feira, 25 de novembro de 2015

Amor de Verdade





Vem, repousa em mim o teu olhar
O teu corpo no meu aconchegar
E sorri!

Vem, agasalha-te no meu coração
Dá-me o calor da tua mão
E sorri!

Vem, beijar o meu corpo desnudo
Sentir meu agrado profundo
E sorri!

Vem, esconde-te dentro de mim
Dar-me um abraço sem fim
E sorri!

Vem, despe-te de preconceito
Deitarmo-nos no mesmo leito
E sorri!

Vem, ama-me como te amo
Teu doce amor, reclamo
E sorri!

Sorrimos de felicidade
Neste terno amor de verdade!

Maria Antonieta Oliveira
25-11-2015




A Sós Comigo




Procuro a solidão dentro de mim
Esta horrível solidão que não tem fim
Penso em ti na procura de companhia
Vejo-te no olhar onde me perco
Beijo-te nessa boca de desejo
Nem contigo em mim me sinto acompanhada

Regresso ao passado na nossa ambiguidade
Esse olhar que me deseja
Essa boca doce que me beija
Esse corpo que me acarinha e abraça
Nesses braços me enrosco e aninho
E meu ser continua sozinho

Ah solidão nefasta, parte, vai-te de mim
Deixa-me sentir que não estou só
Deixa-me viver feliz sem ti, contigo
Sempre contigo em mim, nós unidos
Ah solidão, enganas-te
Vou sentir-me sempre acompanhada

Ah solidão, como te enganas
Nunca mais estarei só, contigo
Pois tu estarás sempre a sós comigo.

Maria Antonieta Oliveira
25-11-2015



terça-feira, 24 de novembro de 2015

O Teu Abraço





Preciso de um abraço
Aquele teu abraço apertado
Em que nos entregamos sem destino
Em que nos doamos com carinho

Preciso de um abraço
Que me afague e acalente
Que me anime e faça feliz
Aquele abraço que eu sempre quis

Preciso de um abraço
Em que sinta os teus braços
E o teu coração junto ao meu
Prendendo-me num beijo teu

Preciso de um abraço
Que alegre o meu sentir
Que me ilumine o olhar
E faça o milagre de sorrir

Preciso de um abraço
Apenas e só o teu abraço
Aquele doce abraço
O teu, sempre teu abraço

Maria Antonieta Oliveira
23-11-2015



sábado, 21 de novembro de 2015

Outono





O outono desce nas folhas caídas
Nas ruas vestidas de várias cores
Ocres, castanhos de passos pisadas
Verdes sem cor, canteiro sem flor
Calçada molhada, neblina que cai
O sol envergonhado desvanece

Folhas secas, murchas, esquecidas
No chão enlameado p’la chuva
Passantes, gentes oprimidas, feridas
Enregeladas de amores inconstantes
Entrelaçam os passos na vida
De tantos outonos sofridos, magoados

Salpicos de neve, flocos de gelo
Orvalhos de saudade sentida
Recalcam sentires passados
O vento norte despedaça corações
Atirando as folhas caídas como setas
Qual cupido estilhaçando emoções

Esgueiro-me no sopé da montanha
Buscando o raio de sol aquecido
Debruço o olhar à nuvem maior
Redobram os sinos no lugar
As folhas revoltas ao tempo
Do vento que teima em passar.

Maria Antonieta Oliveira
21-11-2015



sexta-feira, 20 de novembro de 2015

Porque Sim





Não me perguntes porquê
Dir-te-ei apenas - porque sim!

Porque gosto dos teus olhos?
Porque sim!
Porque gosto dos teus beijos?
Porque sim!
Porque gosto de sonhar?
Porque sim!
Porque gosto de te amar?
Porque sim!

Porque gosto de viver?
Porque sim!
Porque gosto de sorrir?
Porque sim!
Porque gosto do mar?
Porque sim!
Porque gosto do sol e do luar?
Porque sim!

Sim, não me perguntes porquê
Dir-te-ei apenas – porque sim!

Maria Antonieta Oliveira
20-11-2015




quinta-feira, 19 de novembro de 2015

Doçura de Um Voo





Meu corpo cede ao desejo de voar
E voo no pensamento e na luz do teu olhar
Rumo a um destino incerto
Ao caminho perdido, num tempo já perto

Nas pedras soltas da estrada parada
Sobrevivo na minha angustia magoada
Olvido o sentir que me marterisa
E caminho na noite esquecida

Voo no tempo e no espaço
Ao encontro daquele nosso abraço
Ambíguo desejo, ambígua liberdade
É tudo o que anseio, a minha felicidade

Ingenuamente descalça de palavras
Partilho contigo as que ainda sei dizer
Palavras, apenas e só palavras
Água da fonte vertida a sofrer

Voo, voo no ápice de um relâmpago
Voo, nas asas das andorinhas felizes

Maria Antonieta Oliveira
19-11-2015







quinta-feira, 12 de novembro de 2015

Loucuras





Meu corpo em delírio louco
Loucura de um desejo antecipado
Entrega-se ao ninho de amor amado
Numa doce harmonia entrelaçado

Meu corpo, desejo mantido
Em ti, em mim, em nós
Volúpia de ser indefeso, parido
Em parto de amor proibido

Meu corpo cansado doado
De insónia em insónia parado
Entrega-se ao sono do sono
Num desesperado abandono

Meu corpo louco de desejo
Abre-se num longo eterno beijo
Esse amor de doce loucura
É nosso mundo de ternura

Meu corpo ávido do teu
Embrenha-se num olhar o céu
Unimo-nos num só corpo
E amamo-nos num amor louco.

Maria Antonieta Oliveira
12-11-2015



Sonhos




As nuvens envolvem teu corpo de paz
Nua na lua desnudas-te ao sol
Que te bronzeia e aquece
Sem pudores entregas-te ao mundo
Que te olha e acalenta teus sonhos
Sonhas além do que podes
Num horizonte infindo
Onde anseias o amor profundo

A cama de lençóis de linho bordados
Te acolhe nesses sonhos dourados
Viras-te e a lua estremece
Deslumbrada com o teu corpo
O sol já brilha com a luz que emanas
As estrelas dissiparam-se envergonhadas
E as nuvens fugiram desesperadas

O sonho libertino continua
Entre lençóis de linho bordados!

Maria Antonieta Oliveira
12-11-2015



quarta-feira, 11 de novembro de 2015

Mentira





Já não sofro por te amar
Já não te amo
A doçura dos teus beijos
Amargam-me a boca
As tuas mãos macias
Arranham a minha pele
O teu cabelo onde perdi os meus dedos
Voou num tempo passado
E eu, esqueci caminhar a teu lado

Como minto
Eu que não sei mentir
Ainda te amo, sim
Sempre te amei de verdade
É esta a minha realidade
Os teus lábios doces me beijam
As tuas carícias me endoidecem
O teu cabelo acaricia meu corpo
Na loucura dum desejo realizado.

Tu, meu presente desejado.

Maria Antonieta Oliveira
11-11-2015



terça-feira, 27 de outubro de 2015

Acaso





Nada acontece por acaso
Há acasos na vida
Que tornam a vida diferente
É como se a vida da gente
Voltasse a ser vida de novo
Mas,
Nada acontece por acaso
E o acaso da gente
Foi acontecer esse acaso
E a vida ao acaso
Nos dar tempo de vida
Para viver nosso acaso

E,
Já que nada acontece por acaso
Vamos viver este acaso
Que a vida de novo nos deu.

Maria Antonieta Oliveira
27-10-2015


sexta-feira, 23 de outubro de 2015

Rastejo





Rastejo, qual serpente no deserto
Farejo o dia em que me perdi
E não o vejo

Agora sou eu
Preciso de mimo, carinho e apoio
Dói-me o sentir, o viver
Quero morrer

Nesse deserto em que rastejo
Me perco e revejo e caminho sozinha
Nem sol nem lua me iluminam
A minha luz ficou contigo
Eu, fiquei embaciada, esbranquiçada
Pálida de lágrimas perdidas
Cálidas as noites serenas
Em que nem os pássaros pipilam

Meu corpo rasteja na areia fina
Do deserto em que me encontro
Nem água nem fome me atormentam
A aridez é completa
Atingi minha meta
Já nada me prende ao solo onde nasci
Quero partir daqui
Vísceras esquecidas em prol de nada

Rastejo em prece a Deus
Para que me livre de pensamentos nefastos
Onde a vida não mora
E a morte existe
Que encaminhe meus passos
Me leve em seus braços
E me tire dos enleios da vida
Onde rastejo perdida.

Maria Antonieta Oliveira
23-10-2015


quarta-feira, 14 de outubro de 2015

À Espera da Hora






Do alto da montanha
Descem fios de prata
Tais os teus cabelos grisalhos
Lá longe, as luzes brilhantes
Entrelaçam-se com as estrelas
Na lareira crepitam as pinhas
Do pinheiro inventado para a festa
A avó, sentada na cadeira baixa
Aquece a saia preta, comprida
A madrinha no banco ao piano
Toca suaves melodias
Alusivas à data festiva
O pai e a mãe sentados no sofá
Dão as mãos esperando a hora

O sino da igreja badalava
Uma, duas, três…. Onze, doze
Todos se alegraram
Era noite de Natal!

Maria Antonieta Oliveira
14-10-2015



domingo, 11 de outubro de 2015

Pedras





Pedras
Calhaus dispersos no espaço
Tempo incerto trilhado

Pedras
Muros intransponíveis
Castigos vividos

Pedras
Horas passadas no segundo
Ao minuto do amor

Pedras
Partilhadas sofridas
Pisadas na calçada

Pedras
Aguardam momentos
De sol e luz

Maria Antonieta Oliveira
11-10-2015

quinta-feira, 1 de outubro de 2015

Amo o Amor




Amo demais o amor
Para poder viver sem ti
Como foi que me esqueci?!

Amo palavras já ditas
Amo um certo rubor
Amo sentir o calor
Amo amar-te de novo
Amo viver o passado
Amo ter-te a meu lado

Num suposto sonho de amor
Tu existes e vives e sentes
Os beijos que me ensinaste
São teus, são meus, são nossos
Não os dei a mais ninguém
Quero senti-los de novo

Os apertados e magoados dedos
Jamais esqueceram os teus
E já sentiram, sentiram de novo
Esse teu doce acarinhar
Essa tua forma diferente de amar
Esse teu gosto meigo de olhar

Os lábios, os jeitos, as mãos
Os olhos pestanudos de outrora
Aquele olhar que me atrai
Aqueles beijos que desejo
Aquelas mãos que eu quero
Tudo poderia ser meu presente

E como num sonho desperto
Acordo e adormeço e esperto
E olho ao redor de mim
E sei, sei que te amo como amei
Sei que me amas também
E que o ontem é hoje e amanhã será!

Maria Antonieta Oliveira
01-10-2015
00 h 18 m






terça-feira, 29 de setembro de 2015

Tropeçaste e Caiste





No poial da minha porta
Passaste ainda há pouco
Tropeçaste na rua torta
Caíste que nem um louco

Gostei de te ver passar
Até te dei um piropo
Tropeçaste ao me olhar
Caíste que nem um louco

Gostas de mim, eu bem sei
Gritaste, até ficar rouco
Tropeçaste quando te amei
Caíste que nem um louco

Ainda te amo de verdade
Meu sempre, eterno garoto
Tropeçaste de felicidade
Caíste que nem um louco

Ajudei-te a levantar
Pareceu-me estares mouco
Tropeçaste ao acordar
Caíste que nem um louco

E num abraço profundo
Jurámos eterno amor
Tropeçámos noutro mundo
Caímos com tal fervor.

Maria Antonieta Oliveira
26-09-2015




Calmaria Alentejana





Na calmaria alentejana
Acariciei tua face rosada
Beijei os teus lábios doces
Com o beijo que me ensinaste
Olhei o teu meigo olhar
E senti saudades.

Na calmaria alentejana
Abracei o teu corpo desnudo
Como nunca o fizera antes
Senti tuas mãos deslizarem no meu
Fui feliz sem o ser
E senti saudades.

Na calmaria alentejana
Passeei na velha calçada
Calcorreei cubos já gastos
De mão na mão, tal como ontem
De sorriso no olhar
E senti saudades.

Na calmaria alentejana
Penso em ti!

Maria Antonieta Oliveira
26-09-2015

quinta-feira, 24 de setembro de 2015

Memórias





Memórias!

São memórias que sinto no som da tua voz
São memórias que guardo no fundo do meu coração
São memórias que me trazem as palavras que ouço
São memórias que se reproduzem nos meus olhos fechados
São memórias de um passado, vivido com sentimento

Memórias!

Os ecos de ontem, surgem no presente
E eu sinto com a mesma intensidade de antes
Aguardo em palpitações o teu som
O som do teu sorriso travesso, aberto, sincero
Como as memórias nos fazem felizes

Memórias!

Sinto-me adolescente irrequieta
Na ânsia de um olhar, de um beijo, de um olá
Da simples mas profunda palavra amor
Entre outras balbuciadas, disfarçadas
Omitidas na sensatez de quem é adulto

Memórias!

Do que vivi!
Do que senti!
De ontem!

Maria Antonieta Oliveira
24-09-2015




quinta-feira, 17 de setembro de 2015

Teias Libertadoras





Nos verdes me perco
Na esperança renascida me deleito
Nos azuis celestiais oro a Deus
Na fé me detenho e creio
Assim renovo meus dias
Sem sofrimento nem dor

Do parque verdejante faço meu leito
Na relva húmida me deito e sonho
A lua me acolhe na noite fria
A nuvem que passa me aquece e abraça
Adormeço no calor do teu peito
Amando o brilho estrelar

Aos poucos a noite fenece e o dia amanhece
Num azul céu de céu azul
Na limpidez do teu olhar vejo felicidade
O sol perscuta entre a folhagem
E nos encontra nessa miragem
Envoltos na luz da paz e do amor, em liberdade

Voos intermináveis em caminhos desertos
Na busca incessante do caminho do mundo
Onde encontrarei o outro lado de mim
Perdido algures na floresta agreste.
Nas teias me enleio mas prossigo
Só tu me libertarás e darás outro fim

Envoltos na luz da paz e do amor
Em liberdade, com o sol a brilhar
Num céu azul libertador
Nos encontramos entre a folhagem
Deste sonho tão desejado
Sem teias ou ameias que nos separem.

Maria Antonieta Oliveira
17-09-2015









segunda-feira, 14 de setembro de 2015

Cansei de Viver





Já posso partir desta vida
Já nada me prende aqui
Já fiz o que tinha a fazer
Já me doei a quem me quis
Já ajudei quem de mim precisou
Já nada me resta

Cansei de viver
Cansei de gritar
Cansei de sorrir sem vontade
Cansei de fingir ser feliz
Cansei de lutar
Cansei de vencer

Meu Deus, por favor
Ouve também esta minha prece
E leva-me para junto de vós.

Fui forte quando foi preciso
Fui guerreira e ganhei a guerra
Fui mãe várias vezes
Fui mulher, amante
Fui irmã, companheira, amiga
Fui caminhante nesta vida errante

Quero partir daqui
Quero voar bem alto
Quero viver sem sobressalto
Quero sonhos de mar
Quero acordar sorrindo
Quero adormecer ao luar

Meu Deus, por favor
Ouve também esta minha prece
E leva-me para junto de vós.

Maria Antonieta Oliveira
14-09-2015

segunda-feira, 7 de setembro de 2015

Olá





Em momentos de tristes sentires
Eis que surge um olá, foi para ouvir a tua voz
E nesse momento o coração sorri
Palpita mais apressado, acelerado
Que bom ouvir a tua voz do outro lado

Basta uma palavra, uma só palavra
Para tornar um momento diferente
Com suavidade e ternura
Fazer sorrir com candura
O olhar marejado e triste, da gente

Olá, foi só para ouvir a tua voz
Repete de novo comigo:
Olá, foi só para ouvir a tua voz
Olá, estou feliz por ouvir a tua voz
Diz meu coração pulando de alegria

Momentos que mudam momentos
Palavras que fazem milagres
Sentires sentidos profundamente
Como se não houvesse hoje
E o ontem, fosse presente.

Maria Antonieta Oliveira
07-09-2015


terça-feira, 1 de setembro de 2015

Sentires






As brasas crepitam
Na manhã cinzenta do meu olhar
As dores alongam-se
No corpo sofrido do meu estar

Saudosas palavras ouvidas
Nos sonhos do meu sentir
Saudosos beijos paridos
Na boca sequiosa de sorrir

Negruras, azedumes, flores
Noites, lágrimas, jardins
Na senda funda dos amores
Soltam-se pétalas de jasmins.

Maria Antonieta Oliveira
29-08-2015

domingo, 23 de agosto de 2015

Meu Batel





Parti, num pequeno batel
Rumo ao destino
Entre águas serenas e ondas amenas
Naveguei
Nas águas cálidas do mundo
Me entreguei
Me perdi e encontrei
Levada pelo vento
Perdida ao relento
Sonhei
No lodo do fundo
Me afundei

Meu batel delirou
Desta viagem derradeira
Era para si a primeira
Dançou ao som do marejar
Cantou ao sol e ao luar
Foi sereia nos solstícios
Sem deixar de ser batel
Voltou às margens perdidas
Destroçado mas orgulhoso
De ter cumprido seu papel.

Do fundo me elevei
Aos céus pedi perdão
Pedi paz, Fé e pão
Sentada na proa ao vento
Deixei voar as tristezas e agonias
Nos cabelos soltos espigados
Lágrimas rolaram
Dos meus olhos magoados
Meu coração se libertou
Das agruras já vividas
Encarei o horizonte
Ergui os braços à lua
E senti-me de novo eu.

Obrigada, meu batel
Por me teres acolhido
Levando no mar proibido
Em busca do meu ser
Reencontrei o tempo perdido
A esperança na vida futura
Obrigada, meu batel
Por esta doce loucura.

Maria Antonieta Oliveira
23-08-2015





sábado, 22 de agosto de 2015

Preciso Escrever





Apetece-me escrever!
Preciso escrever!
Gritar bem alto o que me dói e sinto
Gritar!
Escrever gritando!

E quem vai ler?
Escrever para quem?
E o quê se as palavras já estão gastas
De tanto sofrimento e lágrimas?
Lágrimas derramadas de um olhar sombrio
Onde a tristeza impera e a solidão assola
Lágrimas desoladas de uma vida já gasta

A cabeça dói de tantas palavras já ditas
Dói de pensamentos e sentires
De negações positivas sem nexo
Reflexo de uma passagem incerta
Nesta rota infringida pelo destino peregrino
Parece querer rebentar de tanto pensar
Explosões de sonhos e experiências
Noites mal dormidas de insónias passadas
Saúdes e bem-estar acabadas
Destroços de vidas sem fim, confinadas

A cabeça dói!
As palavras gritam!
Preciso escrever!
Alguém irá ler!

Maria Antonieta Oliveira
22-08-2015



sábado, 15 de agosto de 2015

Não Brinques Comigo





Não brinques mais comigo
Chega de mentiras mesmo sendo piedosas
Estou velha e cansada para ser de novo enganada

Porque me mentes de novo?
Porque inventas o que não existe?
Para te livrares de algo a que me tinhas habituado?
És livre de sair ou entrar basta dizer
A porta que se abriu fecha-se de novo
E nela não voltarás a entrar

Dizes não ter motivos para duvidar
Será que não tenho mesmo?
E as horas trocadas, pensas que não vejo?!
Eu disse: - habituaste-me mal, e era verdade
De três “olá” passaste a um e a nenhum
Será que sou burra? Ou inventora?

Não,
Não brinques mais comigo
Diz a verdade e eu entenderei
Seja a verdade qual for
Mas não me mintas mais por favor

Não brinques mais comigo
Chega de mentiras mesmo sendo piedosas
Estou velha e cansada para ser de novo enganada.

Maria Antonieta Oliveira
15-08-2015

O Coração Ou A Mente





Soltam-se palavras dos lábios proferidas
Quem as dita?!
O coração ou a mente?!

Palavras benditas
Palavras que a gente sente
No coração ou na mente?!

Soltas, vagueiam num dilúvio constante
Ao sabor do vento que passa e as abraça
Num mar infindo, rumam ao infinito
Ao desconhecido, ao eterno, ao efémero
Soltas, saltitam de nenúfar em nenúfar
No lago circundante da vida
Passam e repassam sentires
Viajam nas folhas de outono que o tempo esvoaça
Soltas, inventam estórias por contar
Dizeres por soletrar
Pontes entre braços de abraços carentes
E bocas sequiosas de beijos por dar
Saudosas das vivências de outra era
Realidade ou quimera.

Soltam-se palavras dos lábios proferidas
Quem as dita?!
O coração ou a mente?!

Maria Antonieta Oliveira
14-08-2015

segunda-feira, 10 de agosto de 2015

Não Sabemos





Sabes uma coisa?
Não, não sabes!
Nem tu, nem eu sabemos!

Sabemos que foi o destino
Que nos fez separar e nos fez reencontrar
Porquê?
Para quê?
Não sabemos!

Para regressarmos ao passado
E vivermos lado a lado?!
Não sabemos!
Para nos amarmos com antes
Mas com mais tranquilidade?!
Não sabemos!
Para sonharmos um futuro impossível?!
Não sabemos!
Para vivermos um presente mais feliz?!
Não sabemos!

Porquê?
Para quê?
Não sabemos!

Maria Antonieta Oliveira
27-07-2015


Sonhos São Vidas





Encostaste o teu corpo ao meu
Senti no meu colo o calor do teu beijo
Os teus lábios acariciaram os meus seios
Sonhavas!

Senti-te miúdo pequeno
Com um brinquedo a teu gosto
Na carícia de um viver
Sonhavas!

Quantos sonhos sonhamos juntos
Quantos colos repartimos
Quantos beijos partilhamos
Quanta vida nós vivemos
Quantos dias sofremos
Quantos dias sorrimos
Quantos anos se passaram
Quantos sonhos por viver
Quantos sonhos realizámos

Sinto no meu corpo o calor doce do teu
Um afago eterno doado
Um amor, uma vida, um sonho

Sonhos são vidas!

Maria Antonieta Oliveira
10-08-2015
00 h 33 m


quinta-feira, 6 de agosto de 2015

Conversa Com o Espelho






Estive frente a frente com a tal sujeita
Olhos nos olhos
Sorriu quando eu sorri
De repente,
Ambas ficaram sérias, pensativas
Recuaram muitos anos e,
Sentiram os mesmos sentires
Amaram os mesmos amores
E, num retorno ao presente, tudo era igual.
De novo os olhares se encontraram
E, num sorriso atrevido coraram.

Fechei os olhos, recuei
Quando os abri
Já ninguém estava do lado de lá
Mas eu,
Vivo o momento.

Maria Antonieta Oliveira
05-08-2015

domingo, 26 de julho de 2015

A Mão de Deus





No vaguear dos sonhos
Na limpidez das águas
No adormecer dos sonos
No tactear do amanhã
Nos sentidos adormecidos
Na areia batida pelas marés
Na rocha torturada pelo mar
Na árvore florida
Na flor renascida
No céu
No ar
Na lua
No sol
Em tudo o que existe
Há a mão de Deus
A mão do Criador!

Maria Antonieta Oliveira
23-07-2015

Imaginário de Uma Criança




No imaginário
Vejo o teu sorriso feliz de menina alegre a brincalhona

Nos botões do cofre da madrinha
Corria água a rodos
O seu boneco de cartão
Era o filho amado
Nas panelinhas que o Natal trouxera
Fazia sopinhas com os talos e cascas sobrados
Baratas, ratos, coelhos, perdizes, galos, patos e perus
Eram companheiros dos seus dias
Na casa habitada do século XVIII
Corredores sombrios e tristes percorria
As gaiolas adornadas pelos passarinhos animavam
Os vasos de flores coloridas nada diziam
Da janela sonhava um dia ser diferente.


Menina solitária entre adultos crescidos
Feliz?
Talvez!

Imagens imaginadas num sorriso de criança.

Defronte,
Tocavam os sinos da Sé!

Maria Antonieta Oliveira
23-07-2015
15 h 35 m



Sala de Espera






Vozes intercaladas de sofrimento
Sorrisos tristes em olhares fugazes
Soltam-se palavras, desabafos
Angustia, ânsia, dúvida
Fé, esperança, confiança

Passos apressados sem pressa
Caminham ao som da vida que os espera
Passos lentos destroçados
Na vida da vida já sem vida
Estremecem lamentos
Balbuciam tormentos
Imagens nefastas, destroçadas.

Mas a Fé,
Sempre a Fé
Desperta a força e a coragem
Para lutar, vencer e viver!

Maria Antonieta Oliveira
23-07-2015


Alentado





Corre-me nas veias o

A de amor
L de liberdade
E de elegância
N de negação
T de tranquilidade
A de amargura
D de dedicação
O de oração

Sou tua filha, meu pai.

Maria Antonieta Oliveira
23-07-2015
12 h 03 m

O Destino

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Ontem vi-te
Na curva do caminho
Olhei-te e pensei:
Tu és o meu destino

Nas curvas e contracurvas nos perdemos
O caminho percorrido não foi nosso
Pedras, muros e montes derrubámos
Saciámos a sede em outras fontes
Colhemos frutos floridos
Amores, sentimentos coloridos.
A vida seguimos.

O destino,
Sim, o destino
Traçou-nos outro caminho
De novo te vi
De novo te olhei
E pensei:
O destino é nosso!
Nós somos o destino!

Maria Antonieta Oliveira
23-07-2015
11 h 47 m

Animal de Hábitos





O homem/mulher é um animal de hábitos!

Habituei-me!
Habituaste-me!

Ouvir a tua voz é um sedativo
Esqueço-me das dores e sofrimento
Esqueço-me de tudo o que lamento
Ouço o que me contas
Ouves o que te digo
Dialogamos em sintonia
É assim no dia a dia.

Não te desabitues de mim
Quero este hábito até o fim!

O homem/mulher é um animal de hábitos!

Maria Antonieta Oliveira
23-07-2015
11 h 35 m

quarta-feira, 22 de julho de 2015

Coração Partido






Tenho o coração partido em mil pedaços
Despedaçado, destruído, feliz
Em cada pedaço tenho um amor
Cada amor um carinho, um destino
Em cada aurículo te encontro
Entre veias e artérias
Sinto meu sangue pulsar por ti
E por ti, meu amor
Aqui e ali escorrego no meu sentir
Os glúteos avermelhados
Confundem-se com os beijos doados
Além no outro ventrículo
Estás tu suspirando por mim
Em pulsações díspares penso em ti
Há pedaços do passado que amo
Do presente que continuo amando
Sangue do meu sangue
Sangue unido pelo mesmo caminho
Borbulha, goteja, lateja
Entra e sai circulando
Purificando
E,
Em cada pedaço há um amor parido
Unidos no sentir do meu coração
Amo um a um
Cada um
De seu modo e jeito
Amo-vos a todos
Com o grande amor do meu peito.

Maria Antonieta Oliveira
22-07-2015



sexta-feira, 17 de julho de 2015

Palavras Mortas






Morrem-me as palavras
Na garganta seca
Palavras ocas, sem sentido
Vazias de sentimentos
De baixo valor

Bastam-se a si próprias
Sem medos ou receios
Abusadas, com devaneios
Ousadas nos sentires
Maldosas e atrevidas

Seca-me a garganta
Com palavras por dizer
Palavras sem nexo
Complexadas por si mesmas
Sem sentido, receosas

Palavras mortas, amorfas
Secas ou sequiosas
Rudes, frias, odiosas
Calculistas, desdenhosas
Palavras sem jeito de dizer

Morrem-me as palavras
Na garganta seca
Onde não existem mais palavras.

Maria Antonieta Oliveira
17-07-2015
5 h 15 m






Despojo-me





Dispo-me!

Despojo-me de tudo o que tenho
Do amor ao luar sonhado
Da lua na praia amante
Da sereia saída das águas frias do rio
Dos caminhos de flores mimosas
Dos passeios de mãos dadas
Dos beijos salgados doces que não dei
Das ruelas e vielas do fado
Das viagens navegadas em seco
Das imagens perpetuadas no tempo
Das vivências não vividas
Dos amores esquecidos de mim
De quem amei e não me amou

Despojo-me de tudo
O que tenho e nunca tive
O que queria e perdi
O que ganhei e não guardei
O que sonhei e não consegui.

Despojo-me de tudo
Mas não me despojo de ti!


Maria Antonieta Oliveira
17-07-2015
4 h 44 m

Espaço





Espaço!
Preciso de espaço!
Do meu espaço!

Preciso do meu espaço
Espaçado
Alargado
Sem trancas
Nem tabus
Sem portas
Nem janelas
Sem muros
Nem vedações

Preciso do meu espaço
Para andar
E para falar
Para ouvir
E para sentir
Para sonhar
E para caminhar
Para amar
E para perdoar

Preciso de espaço
Preciso do meu espaço
Para viver em liberdade
E ser feliz!

Maria Antonieta Oliveira
17-07-2015
4 h 25 m

Vamos Vencer





O coração sangra
De sofrimento e dor
Lágrimas salgadas
Correm pelas faces rígidas
As mãos encrespadas suplicam
O corpo quase gélido falece
A mente enlouquece
Os gritos contidos pedem
Suplicam e choram
O pensamento voa para o inimaginável
Tormento sobre tormento
O túnel é escuro e longo
As pedras são muitas
As veredas estreitas
Os pés já cansados continuam caminhando.


Olho para o lado
E o sofrimento ainda é maior
Um corpo sofrido pela incúria
Um corpo rendido à doença

Não posso!
Não quero!
Meu Deus ajuda-me mais uma vez
Ajuda aquele que me acompanha
O amor de uma vida vivida a dois
É uma súplica, meu Deus.
Ajuda-o por favor!
Dai-me forças, meu Deus
Para continuar nesta luta
De cabeça erguida e vencer

Juntos, venceremos, meu amor.
Deus nunca nos abandonou, e jamais o fará!

Maria Antonieta Oliveira
17-07-2015
2 h 15 m







quinta-feira, 16 de julho de 2015

Mãos Vazias





De mãos cheias de nada
Vieste até mim
Olhei-te
E,
Gostei de ti mesmo assim

Trazias o coração cheio de amor
E mo deste por inteiro
Trazias a boca cheia de beijos
Para me ofertares
Trazias os olhos sorrindo
De carinhos para me olhares
Trazias no corpo doçura
Para no meu desfrutares
Trazias na mente felicidade
Para comigo partilhares.


De mãos cheias de nada
Trouxeste a riqueza de ser feliz!

Maria Antonieta Oliveira
16-07-2015



Afogo-me






Afogo-me nas lágrimas que um dia derramei
Acutilam-me o corpo sofrido
Nos sentires de um tempo já esquecido

Afogo-me nas águas do rio passante
Nele entro e me entrego
Na angústia de uma viva viver

Afogo-me na mágoa de um dia
Na tristeza que me assola
Por não ser o que sonho e quero

Afogo-me nas palavras que não digo
Nos sentires que não partilho
Por não ter liberdade para ser

Afogo-me na existência do mundo
Desse mundo onde navego
Nas águas enevoadas em que existo

Afogo-me em ti e em mim
Em nós de nós da vida
Afogo-me nas lágrimas derramadas
Na ânsia de ser feliz.

Maria Antonieta Oliveira
16-07-2015


quarta-feira, 15 de julho de 2015

Não Me Peças Mais Tempo





Não me peças mais tempo
O tempo esgotou-se
No tempo que passou

O tempo urge no tempo de nós

Não me faças de novo sofrer
Isso foi antes, enquanto adolescente
Agora mulher sabedora
Vivida com a vida que passou
Jamais me enlouqueces
Me trais ou me endoideces

Quero viver meus últimos tempos
Em paz, com amor e sem saudade
Não quero viver ansiosa por teu viver
Ansiosa por teu dizer falando
Ansiosa pelo amanhã que não surgirá
Saudosa do ontem que já foi
E, do hoje que não é

Amanhã,
Amanhã não sei se o tempo me dá tempo
Amanhã não sei se um dia chegará
Amanhã poderá ser tarde demais
Amanhã o tempo poderá ter chegado ao fim
Vive neste tempo o tempo que ainda tens
Quero viver também o tempo que me falta

Não,
Não me peças mais tempo
Porque,
O tempo urge no tempo de nós.

Maria Antonieta Oliveira
15-07-2015