quarta-feira, 22 de janeiro de 2025

Doces Amargos

Doces, guloseimas, lágrimas

 

Cada gota de chuva caindo

É como uma bala em meu coração

Goteiras dos telhados deslizando

Dos beirais das janelas

Salpicos que molham

Papelões ensopados

Jornais sem vida na vida

E a vida, onde está? Onde fica?

Mortos com vida e vivos já mortos

Miserável puta de vida

Fome, frio, chuva, vento

Casaco apertado

Calças remendadas

Sapatos rotos

Meias rasgadas

Porque nasci para isto?!

Porque não morri ao nascer?!

Ou, sim, talvez tenha mesmo morrido

Mas nasci para sofrer

Sofrer esta vida na rua sem nada

Esta miserável puta de vida.

 

Maria Antonieta B. A. Oliveira

22-01-2025

 

 


quinta-feira, 16 de janeiro de 2025

Poema Quebrado


 

Era noite e eu, sonhava

Ouvia o marulhar das ondas

Batiam forte no rochedo

Imaginei-me na praia

Descalça, despida, desnudada

Não estavas lá

Sozinha sonhava com o sol atrevido

E a lua escondida, marota

Sentia-me livre

Completamente livre

Como as letras de um poema

Bailando aos olhos do poeta

Baralhadas ao ritmo do bater do coração

Envolvidas na imaginação

Do bater do sino na torre do relógio.

 

Maria Antonieta B. A. Oliveira

16-01-2025

 

Somos Poesia


 

 

Já fui vítima de ti

Já fui agredida por ti

Também já fui traída por ti

Maltrataste-me

Roubaste-me

Odiaste-me

Quantas palavras em vão

Oraste sem fé

Amaste sem amor

Viveste em mim

E comigo

Foste o que eu quis que fosses

Foste o que eu fui

Sofreste o meu sofrimento

Sorriste o meu sorriso

Amaste a quem amei

Juntas temos vivido

O dia a dia das nossas vidas

Unidas em letras distraídas

Em junção e comunhão

Do que nos dita o coração.

 

Somos duas, ou uma, como queiras

A mim tanto me faz

Somos rimas sem rimas

Poesia sem poesia

Poeta que escreve com emoção.

 

Maria Antonieta B. A. Oliveira

15-01-2025