quinta-feira, 6 de julho de 2017

Ida À Praia





Num cacilheiro carcomido pelo sal da vida
Passeei o esqueleto da minha infância
Para lá e para cá entre as margens do Tejo
Nos verões quentes ou frios, tanto fazia
A camioneta já gasta pelo tempo
Acolhia o meu corpo franzino levando-o
Até o largo onde o chafariz brotava água pura
Com passos ligeiros percorria aquela rua
Que me levava ao imenso areal da Costa
Aí ficava ancorada na sombra de um barco
Que descansava da sua faina nocturna
E o dia passava entre sandes e molhar os pés
Tinha medo do mar, era bravio e ondulante
De novo a Rua dos Pescadores percorria
A camioneta até a Trafaria ou até Cacilhas
E, num cacilheiro carcomido pelo sal da vida
Regressava a casa quase bronzeada.

Maria Antonieta Oliveira
06-07-2017

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