quarta-feira, 16 de fevereiro de 2022

Páginas Rasgadas


 

 

Quero destruir as páginas deste livro

Rasgá-las ou queimá-las num fogo ardente

Mas, não consigo

Não tenho força nos dedos enrugados

Nem fósforos ou lume que o vento não apague

Folha a folha uma a uma

E tantas vivências

Nem todas boas

Nem todas más

Anos vividos de pés frios

De corpo gelado, carente

De obstáculos encarados de frente

Só, sempre e sempre só

E as páginas somam dias

Somam meses e muitos anos

Somam alegrias e desenganos

Mesmo destruídas

Continuam vividas

Mas vou rasgá-las e deixá-las soltas

Quero ver o vento a levá-las

E eu fico inerte mas livre

Pronta a começar a escrever

Outras páginas de vida

Que um dia alguém rasgará.

 

Maria Antonieta Oliveira

16-02-2022

 

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