domingo, 5 de janeiro de 2020

Bago de Uva


Saboreei o último bago
Das uvas que plantaste
No jardim da minha vida
Amargo e frio
Outrora doce como mel
Das grainhas fiz um colar
Para enfeitar o meu colo
Ardente de desejo
De olhos semicerrados
Passeei a língua
Na pele sedosa
Iludindo-me
Do sabor amargo e frio
Imaginei o teu esperma quente
Escorrendo pelo meu corpo
Não queria magoar-te
Queria apenas sentir-te
Mas não estavas comigo
O bago de uva era somente
Um bago de uva
O último das nossas videiras
Aquele que fora nosso campo
Onde os sonhos proliferaram
E agora, não passava de pasto seco
Sem sonhos, nem videiras.

Onde os bagos de uva findaram.

Maria Antonieta Oliveira
05-01-2020


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