sábado, 18 de janeiro de 2020

Carta Registada


Enviei muitas letras por carta registada
Desordenadas, sem sentido
A pontuação ficou no tinteiro
Palavras, nenhuma
Sem remetente nem destinatário
Ficou perdida na pasta do carteiro
Caída na estrada, molhada
De poça em poça, o vento a levou
As letras soltaram-se uma a uma
Mesmo molhadas expandiram-se
Formaram palavras e frases
Lindas, sedutoras e soltas
Saíram flores, rios, mares, sol e lua
Amores, desamores, alegrias e tristezas
Montes, serras e vales
Ontem, hoje e amanhã
Vidas vividas, por viver e vidas desavindas
Humanos e desumanos

E, depois de todas usadas
Já bem desembaralhadas
Com toda a lógica e ordenadas
Alguém as apanhou e leu
A carta registada, por mim enviada
Renovada com palavras e pontuação
Já fazia sentido o que nela tinha escrito
Sem tinta, sem letras nem pontuação
Tu, conseguiste ler o que ditou o coração
Neste simples poema, digo apenas
A saudade é eterna do ontem que foi nosso
O hoje, será sempre o amanhã
Em que o amor triunfará.

Maria Antonieta Oliveira
18-01-2020






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