quarta-feira, 24 de julho de 2024

Gatinho Atrevido


 

Vi um gato solitário

Espreitando por uma janela entreaberta       

Olhos castanhos escuros, vivos, atrevidos

Lembrei-me dos teus castanhos não leais

O malandro do gato mal me apanhou distraída

Entrou pela janela e correu para a cozinha

Até parecia já conhecer a casa

O  pior, o pior para mim, foi o meu almoço

O peixinho fresquinho pronto a grelhar

Foi ao estomago do gato maroto, parar

Ele assustado, enrouscou.se a um canto

Parecia um menino a tremer, cheio de medo

Devagarinho, aproximei-me, encolheu-se

Decerto pensou que lhe ia bater

Falei-lhe de mansinho, ele ronronou

E atá parecia querer beijar-me de gratidão

Eu fiz  lhe uma festinha de mansinho

O pelo era tão liso, macio e tão quentinho

Encostei a minha face à dele

Pareceu que me queria beijar para agradecer

Tão belo manjar.

Hesitei entre o mandar embora

Ou deixar a janela aberta e dar-lha a escolha

 

Adormeci a sonhar com aqueles olhos castanhos

Meiguinhos e carinhosos

Acordei e de imediato fui à cozinha

A janela continuava aberta

Mas do gatinho nada vi

Deixou vazio meu coração

A solidão voltou àquele rés do chão


Maria Antonieta B. A. Oliveira

24-07-2024

 

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