Fui bebé
Fui menina criança
Moldada, submissa
Criada no espaço que o
espaço tinha
Levei tareias por tudo e
por nada
Em casa, na rua, sozinha
ou acompanhada
Isso era o de menos, era
assim
Fui amada, muito amada
Fui beijada, muito
beijada
Era a menina de “pata d’ouro"
A menina de prata e a
menina de ouro
Como sua mãe lhe chamava
Era a sua menina que
tinha de ser protegida
Exageradamente
protegida,,,
Fui
adolescente e nada mudou
Fui vigiada e perseguida
Nunca tive o meu lugar
O meu espaço, a minha
privacidade
Tive colegas que ainda
recordo
Que me avisavam da
presença escondida
Enfim, era assim,,,
Casei, sou mãe e sou avó
de dois lindos príncipes, um homem e uma adolescente, maravilhosos os dois,
mas… ausentes…
Vim ao mundo, tal como todos nós, com um destino, o meu foi este ser submissa, passar vergonhas, ser tolerante em demasia, ser incompreendida, ser sempre a má da fita, mesmo quando na maioria das vezes não o era.
Revoltada interiormente em vez de me revoltar
para fora, gritar para que todos ouvissem: EU EXISTO E TENHO VONTADE PRÓPRIA!
O meu KARMA foi OBEDECER
sem reclamar!
O sorriso disfarça as
lágrimas de uma mulher sofrida!
Maria Antonieta B. A.
Oliveira
21-07-2024
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